Na profundidade da alma
desci à profundidade obscura da minha alma
procurava em mim o silêncio do mundo
aquele pedacinho de nada que me permite pensar
- as ideias não se calavam discutindo ferozmente
entre o coração e a mente, quem teria razão? - e eu? que importância tinha em mim?
para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo,
- nada faço. nem a mim mesmo ouso dizer:
quem seria se fizesse?
tudo isto deixa-me exausto,
nesta loucura de pensar a consequência da palavra escrita
não falemos mais.
as coisas que se amam, os sentimentos que se sentem guardam-se com a chave d’aquilo que amamos
o «pudor» é a arte de se fazer cofre no coração.
a eloquência profana-os quando os pensamos
porque sentir é não pensar,
e sentir é agir sem o medo das consequências
não há excitações ou meditações
na profundidade da alma tudo se revela
- cristalino sem as sombras
projecções da luz da consciência, da razão…
na obscuridade silenciosa da alma
somos essencialmente sentir
sem os julgamentos humanos das “LEIS divinas”
e lá construímos impérios e castelos
lá somos apenas nós, maleficamente egoístas…
Alberto Cuddel
25/10/2020
17:50
Poética da demência assíncrona…
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