Nas palavras a revoada
No tudo que bafejo
Exalo a ficção do sentir
Quem sabe sonho, desejo?
Mera representação anacrónica da memória
Concepção impenetrável da alma
Vivendo por outros
Existindo em mim
Na força deprimente de não ser
Sendo todos ou ninguém…
Ódio carnal e estonteante
De mim próprio
Nos impróprios desejos da carne
Meu ser desastrado que nos odeia,
E ama em segredo na noite
De todas a mulheres do mundo
Maria!
Incompleta visão, destemido
Em todo o mistério oculto
Afinidade e concisão rogo
Genuflectido ao teu poder
Imploro a cada dia – amor
Um mero torpor nos dedos
Curvas disformes das letras
Arredondados seios, indigência das mãos
Inactivas e soltas, ainda que distantes!
Na revoada das palavras
Descuro todo o seu significado
Libertando a morte certa
Do fim, concedendo-lhe a eternidade!
Ainda que essa eternidade efémera
Se chame em mim apenas Maria!
Alberto Cuddel
18/05/2017
03:12
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