Maria…

Maria…

Talvez te ame em segredo
Talvez o escreva mais que o que devia
Talvez seja noite, talvez seja dia
A certeza está no teu nome, Maria…

Talvez me esconda nos versos, nos sonhos
Talvez nas metáforas quentes, libidinosas
Talvez no sentir profanado pelos beijos
Nos nomes que invento, gritado ao vento…

Apenas amo, mesmo em segredo
Esse abençoado nome que te deram
Maria… Mulher e paixão…

Alberto Cuddel

Pecado…

Pecado…

Visão plena e absoluta de teu corpo,
Pecaminosos desejos carnais no sopro
Criado vaso perfeito no ser materno
Uso absoluto, supremo prazer eterno!

Rendido à pecaminosa visão
Não me vejo agora arrependido,
Condenado pelo fogo da paixão!

Alberto Cuddel®
22/09/2016

In: Palavras que circulam – XVI

No tempo

No tempo

Amei-te desde sempre em mim
Mesmo que o sempre tenha sido
Um tempo perdido na memória
Apenas o que lembro de ontem
E ontem foi todo o meu tempo!

…Talvez seja eu possuído de virtude
Uma mera crente e doce inquietude
Onde me deposito na vontade Amar
Novo e firme em cada azul do teu olhar!

Vivo na plácida certeza de encontrar
Na alma pura e terna de todo teu ser
Verdadeira e paciente forma de amar
Mesmo quando eu não sei esperar!

… Talvez me perca no tempo
Naquele tempo em que vejo
Dias e noites desfilarem
Sem que o amor se revele
Na fisicalidade dos corpos
Que apenas se desejam!

Alberto Cuddel
#ComoFazerAmor

Ridiculamente

Ridiculamente

Quantas vezes ridiculamente escrevo
Reafirmando o que ridiculamente sinto
Hoje, ridiculamente escolho-te a ti
Amar é ridiculamente uma escolha
Que definitivamente faço a cada dia!

Os que ridiculamente amam, 
(Não se escondem)
Mostram-se em actos ao mundo
Não lamentam as flores que morrem
Numa qualquer jarra por um acto de amor!

Os que ridiculamente amam
(Sentem em si a dor da saudade)
No beijo de despedida diária
Morrem por dentro, até ao encontro
Amando ridiculamente a dor do tempo!
Os que ridiculamente amam,
(Os que são postos à prova)
Diariamente rejeitam prazeres infinitos
E dores atrozes dos pecados carnais
Mas dói, serem ridicularizados
Por ridiculamente amarem
Na certeza de todo amor 
É ridiculamente compensado
Nos dois que ridiculamente
Se comprometeram no dialogo
Das almas e dos corpos!



Alberto Cuddel
#ComoFazerAmor

O (a)mar!

O (a)mar!

Enrolam-se

No embalo das ondas

Que se desenrolam 

No areal da vida

O salgado sabor

Dos teus rubros

E finos lábios

Braços que te envolvem

Como espuma que abraça

As rochas hirtas aos céus

Por onde vais (a)mar?

Que te estende na areia 

No tempo em que almas

Estendem a brancura

Do nosso amor marinho

Brisa que teu perfume

Impregna no meu corpo

Águas que meu fogo

Aplacam na tua doçura

Oriental do ser

Em mim (a)mar!

Alberto Cuddel

Que amor?

Que amor?

Com Luís o fogo que arde

Palha que se consome, alimento

Longínquo, gelo amor que não se toca

Apenas sente inatingível…

Sofrer de gozo entre palavras,

Menos que isto, sons, arquejos, ais,

Um só espasmo, pela visão

Imaginária dos sonhos…

Amor é morrer um no outro

Pleno sonhos húmido de corpos

Numa paz plena, 

Dormindo como deuses,

Acordando no inferno diário

Dos homens de maus fígados…

Quem ousará dizer que ele é só alma?

Quem não sente a alma desabrochar

Num corpo em delírio

Até se tornar puro gemido?

Que amor é esse?

Que me dás e eu não sinto?

Alberto Cuddel

Complexo

Complexo

Complexamente perfeito,
Nasce do nada, de um olhar
De um querer imperfeito
Mesmo que o bom senso
Na sua imperfeita humanidade
O negue a pés juntos
Nasce…

Mesmo que nascido das cinzas da dor
Manipulado no sorriso no momento
Nasce, decididamente certo e cego…

Perdesse nos minutos do tempo
Perdendo o tempo e as horas
No pensamento direccionado,
Morrendo a paixão a cada dia…

Ele nasce…
Do nada, bebendo
Matando a fome nos lábios
Nos corpos, alimentando-se
Abrindo os olhos, aceitando
Complexamente egoísta
Na dádiva de si mesmo…

Num olhar,
Numa palavra,
Num toque, num sorriso
No dialogo, na voz,
Na saudade, na dor,
Na felicidade, ele…
Complexamente nasce…

O Amor!

Alberto Cuddel

Segredo

Segredo

Encontrei-me onde sempre me perdi,
Toda minha alma coabita no teu beijo
No toque salvífico dos teus lábios
Ébrio no ser pecado ávido no desejo

Caberia todo o meu corpo
Alma que formamos no segredo
Ignorância condenada, pelos deuses
Abrem-se, olhos, lábios por Eva ao Adão
Condena Vénus o homem à paixão
Desejo que perpétuo da fusão!

– Amor, meu doce amor…
[como desejo possuir todos os teus orgasmos]
Bebo sofregamente nos teus lábios
A poesia que me incitas
No movimento das ancas!

Alberto Cuddel

Sopro

Sopro

Quantas vezes soprei em ti, felicidade
[e esperei pacientemente]
Arrogância feminina, como fiel amestrado
Entre lágrimas sofri calado
[ainda há homens que sentem]
Solidão castradora do faroleiro
Levando a luz ao mundo
Indicando o rumo, caminho
E ele? Apenas, quedo, esperando…

Enjeitei-me nos sonhos que gritam
E nos outros que se inquietam
Na sedução matreira de quem
De longe pressente a carência
De uma dura castração física do ser…

[malvados bichos esses de serem mães]
Rubros lábios sedutores
Apelos ao pecado da carne
Deita-te, sacia-te – só te ama quem te sacia a “fome”
Andarilho do tempo, tentações ardilosas
Ao longe chamam ninfas…

Sopro que retorna
Que me desperta
Que me desvenda
A total verdade
Do ser em mim
Felicidade…

Como fazer amor?
Sempre apenas espero
O sopro que me acorde…

Alberto Cuddel

Noite ordinária…

Noite ordinária…

Ainda assim haverias de querer na tua cama
Que te amasse com toda a minha alma?
Enquanto procuravas palavras doces
Líquidas, ásperas, deleitosas, libidinosas
Obscenamente prazerosas, era assim
Tudo do querer que procuravas
Mas não menti gozo prazer lascívia
De cabelos bem agarrados e corpo arqueado
Não ocultas a alma que procura prazer
De querer minha alma na tua cama?
Orbitam serrados teus olhos azuis
No gemido profundo que lanças
Rejubilas nas formas do teu corpo
Hirtas dos orgasmos profundos que proclamas
Na tua amada memória de coitos e de acertos.
Procura de novo, encontra-me, obriga-me
Ama-me na plenitude do teu Sexo…

Alberto Cuddel

Amor apenas ontem

Amor apenas ontem

Já nem a memória me seca os olhos
Tão pouco o sabor a morangos
Dos teus húmidos lábios…
Já nada é suportável na tua voz
Tão pouco o silêncio que me fere

Tanta coroas compostas justamente
De violetas, de rosas e açafrão
Com que, a meu lado, dormias
Se te deixasse partir, irias…

Dói-me alma, sim; e a tristeza
E o silencio torpe da tua voz
E um corpo inerte e frio ao meu lado
Nada sente nem no corpo
Tão pouco na alma que jaz
Vaga, inerte e sem motivo,
Mesmo que o amor que,
No coração me poisou,
Dilacerado e trôpego
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida,
Essa mesma que agora me abandonou…

Alberto Cuddel

Às vezes esqueço-me de amar

Às vezes esqueço-me de amar

Por quem se abrem os meus lábios?
Seja noite ou um qualquer dia
Penso que ninguém, apenas em mim
Acto egoísta de querer,
Como se todas as flores do jardim
Nascessem apenas para mim
Como se o sol se erguesse da noite
Apenas por mim…

[às vezes esqueço-me de amar]
Nem régia visão do triste fado
Lembra-me e me recorda
Da sofreguidão dos dias
E as horas em que desespero
Na egoísta forma com que te desejo
Por quem se abrem os meus lábios?

(…)
Caio por terra genuflectindo
No sofrer atroz da condenação
Que emana do teu doce olhar
Às vezes esqueço-me de te amar!

Alberto Cuddel

Sonhas?

Sonhas?

…será que sonhas, ter posse absoluta de meu corpo?
Nas loucas noites de abstinência de mim,
Será que me sonhas na loucura do teu leito
Nos movimentos frenéticos das palavras
Aquelas que se enrolam e desenrolam na língua
Que mapeia longamente o sabor da tua pele?
Será que me sonhas, os movimentos das mãos
Percorrendo demoradamente toda a tua alma
A tua doce essência, a tua ávida pele?
Será que me sonhas os lábios?
E a declamação perfeita do teu prazer,
Será que me sonhas
Preso entre as tuas longas pernas
Num abraço perfeito
Nos movimentos circular dos astros?
Será que me sonhas orgasmicamente
Num gemido
Que ecoa nas paredes despidas do quarto?
Será que me sonhas?
Ou simplesmente dormes como um anjo
Nas noites de solidão?

Alberto Cuddel

De tudo o que por amor

De tudo o que por amor

De tudo o que por amor existe
Assim me foi dado,
Não conquistado, possuído
Apenas dado…

De tudo o que por amor se fala
Já tudo me foi dito,
Não invento, não testemunho
Apenas escutado…

De tudo o que por amor em mim coubesse
Assim fui amado,
E desse amor, só poderei de mim
Para ti partilhar…

De tudo o que por amor persiste
Neste pobre coração humano
Só assim pode ser cantado,
Quando pelas mão é dado…

Alberto Cuddel

Poema do dia 01 de julho de 2018

Poema do dia 01/07/2018

… nada disse do tudo o que sabia. E Deus?
Neste silêncio quadrado que escrevo
Sem que os cantos se iluminem
De nada me rogam, ave-marias,
De nada me sobram velas frias…

Morrem em jarras altas, rosas brancas, gerberas, flores pomposas e elegantes, (o que Deus se entristeceu) tanta morte em seu nome, invocado em vão… e o pão?
Onde está o pão do povo, a este povo sem pão?

Sentai-vos, reparti entre vós a miséria, ela chega para todos, a fome, a sede
Tudo o que temos e que era…

Amarei, amarei?
Como amar alguém,
Se morre “ninguém”
Sem nome, sem rosto
Sem pátria ou chão…

Olhai, olhai e vedê
Arrependei-vos
Não por vós
Não por nós
Mas pelo
Futuro de uma
Solidária humanidade…

… nada disse do tudo o que sabia. E Deus?
Neste silêncio quadrado que escrevo
Sem que os cantos se iluminem
De nada me rogam, ave-marias,
De nada me sobram velas frias…
Erguei as mãos, arregaçai as mangas
Fazei o que por bondade não é feito
Por este caminho tão estreito…

Alberto Cuddel
01/07/2018
06:32

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