Sem preceitos, apenas querer

Sem preceitos, apenas querer

Rasguem-se as vestes que nos oprimem
Com que nos vestem os olhares
Sejamos nós, apenas nós… sem condenação
Sejamos corpos em ebulição, sejamos amor
Sejamos desejo, tesão sem pudor…

Sejamos nós, eu, tu,
Num qualquer lugar
Numa qualquer hora
Onde der para ficar
Que seja já, que seja agora…

Quero-te possuir em mim
Despudoradamente
Sem pressa, na garra da vontade
Sejamos corpos, beijo, boca
Sejamos posse, doce e absoluta…
Sejamos gemido, grito, prazer
Sejamos orgasmo, sejamos viver…

Tiago Paixão
31/10/2017
3:17

 

Despi-me do arco-íris

Despi-me do arco-íris

Fechei os olhos e olhei-me

Caneta sem tinta gasta,

Desgastada pelos dias, pelas noites

Deixei caída no chão a pele de cordeiro

Cacei como quem caça…

Eu e todos os outros de mim

Eu e todos os outros comigo…

Pacto…

Quando chegarem as noites

Depois que foram manhãs

Tardes sei lá…

Perceberás… que nada

Absolutamente nada

Valeu a pena…

A mortandade que se anuncia

Nada é… nada será…

Perante o negro silêncio…

Alberto Cuddel

11/09/2017

17:30

Escolhi Amar-te LVIII

Escolhi Amar-te LVIII

Chego a duvidar se teria sido eu a escolher amar-te ou se pelo contrário amar-te é em mim uma imposição divina implementada em mim por Deus. Na exacta medida em que ele nos envia provações, envia também provas irrefutáveis do amor que nos une e tudo em nós suporta.
Amar é também em nós a doce capacidade de choramos juntos a distância imposta, no profundo desejo de nos unirmos no sexo selvático e consumista, selo da completa compatibilidade que se impõem em nossos corpos, maduros e ávidos de prazeres carnais, não passa disso mesmo numa louca imposição pelo desencontro horário, imposto por uma qualquer bruxa chamada vida, saída de um horrível conto de fadas.
Vivemos horas felizes, dias, tempos, cada vez que te escrevo penso em ti a liberdade, a que deliberadamente impusemos a nós mesmos quando voluntariamente a restringimos pelo matrimónio. Na nossa revolução dos cravos mas ao contrario, não que fossem disparados tiros, mas em que eu num machismo autoritário apenas pensava em te possuir ali, mesmo ali, na igreja.
Há dias, como os dias de hoje, que depois de dias como os dias de ontem, onde juntos brincamos de turistas no nosso lugar, em simplesmente deixamos de lado o matrimonio, e saímos apenas como verdadeiros amigos que apenas pensavam em namorar, há dias depois desses dias que amar dói, dói pela distância deixada aberta na porta do peito, onde o simples desejo de te beijar faz em si, rolar e desenrolar pelo meu rosto nocturno, uma salgada lágrima de dor em desespero, lançado que fora o feitiço da lua, pela bruxa da vida, vivendo eu na noite, sobrevivendo tu no dia!
Mesmo assim dói menos desejar-te a ti fonte de todos os meus íntimos eróticos e inconfessáveis desejos, do que não me saber em ti amado!

Alberto Cuddel

Poema do dia 31/10/2017

Poema do dia 31/10/2017

Tudo…
Tudo podemos, nos sonhos
Permitimo-nos sonhar tudo
A vida, a morte, o amor, o pecado
Tudo nos é permitido nos sonhos
Tudo… Tudo…

Sonhar, arte nobre de imaginar sem estar
Estando, somos frutos da imaginação livre
Sem muros, sem barreiras, apenas sonho
Sem luz, sem fonteiras, apenas sonho…

Viajar longe de nós mesmos,
Das nossas crenças, dos nosso medos,
Das nossas certezas, dos nossos ideais…

Sonhamos montanhas nas planícies
Ventos quentes em dias de chuva
Relógios que param, no movimento
Terra quadrada, luas novas que iluminam…
Sonhamos tudo, sem que nada, absolutamente nada
Nos detenha ou ampare…

O sonho comanda a vida
E a vida o sonho, nos desejos mais ocultos
Antes que morra a esperança de alcança-los…

Alberto Cuddel
31/10/2017
2:50

Da sala à cama…

Da sala à cama…

Por entre solidões cheias de sonhos

Desejos arrastados pelo soalho

Estercos das horas que não se apagam

Um leito meio vazio de nadas…

O amor não se compadece

Nunca se compadeceu das ausências

Provocação de vitrinas rubras

Um punhado de moedas de prata

Gemes contra a parede da sala

Pecados arrastados na rua

Uma mala cheia, prazer cheio de nada…

Sonho, acordado por beirais que pingam

No acordar do mundo, já havia chegado

No ar? Cheiro podre de álcool e sexo…

Um monte de trapos caídos da varanda…

Da noite, resta uma vida de inferno…

Alberto Cuddel

06/09/17

03:25

Poema do dia 30/10/2017

Poema do dia 30/10/2017

Toda a nossa vida é vã em vida
Na morte serei lido, reconhecido
Esquartilhado, dissecado, cada sentido
Para cada verso sentado, um outro significado…

Jamais desistirei dos sonhos
Das palavras gravadas em tábuas
Dos amores fingidos, dos ocultados
Dos sentidos e nunca revelados
Da poesia, da escrita curta,
Da nua, ou da fingida…
Mas tu, tu continuarás a ler…
Tu serás eterno, tu que lês…

Serei tudo, serei ditongo
Verbo, acção, adjectivo
Serei luz na escuridão
Serei negro em pleno dia
Sombra perseguida
Serei tudo, serei nada
Serei a tua própria alma…

Serei poeta? Talvez não o seja
Talvez apenas seja
O sonho que uma pobre alma almeja
Por entre toda a triste inveja
De ser invejado pelo que não sou
Sendo-o por nascimento…

Alberto Cuddel
30/10/2017
08:30

Escolhi Amar-te LVII

Escolhi Amar-te LVII

Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez não o tenha, Talvez Deus me conceda o direito de te amar apenas até amanhã. Não quero Escolher Amar-te apenas nas belas palavras, isso não conta absolutamente para nada. Quero amar-te como sempre te Amei, corpo a corpo, no silêncio do nosso olhar, nos gestos em que cada um de nós surpreende o outro na superação do amor que Deus nos entregou.
Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez dure apenas o suficiente para te amar hoje, e hoje como prova do amor que sinto, gritei o quanto te amava à pobre florista adormecida, para apenas te puder surpreender.
Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez não o tenha, façamos em nós proclamação sussurrada em nossos gemidos, vertida em salgados fluidos, esfregado em corpos suados, no bailado das nossas mãos, na entrega ao prazer dado, oferecido, no beijo intemporal da alma, no movimento sincronizado dos corpos, no assertivo batimento cardíaco como um só, na descoberta de um prazer uno e simultâneo.
Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez não o tenha, escolho amar-te assim também em mim, na tua ausência, enquanto distante de mim, eu me faço presente também no teu olhar!

Alberto Cuddel

Toco…

Irei sempre tocar
segundo a tua sedutora
forma de dança

tem-me
Exercita-me…

Tiago Paixão

Poema do dia 29-10-2017

Poema do dia 29/10/2017

Sei que sonhamos
Sonhamos o ontem e o amanhã
Sonhamos todas as noites e todos os dias
Ainda assim percorremos vagarosamente o presente
A cada ausência
A cada distancia

Os dias sucedem-se
Sucedendo-se as horas e as noites
Sucedem-se também a solidão e todo o tempo
Todo o tempo em que não te toco com a minha mão!

Nascemos assim
Distantes e ausente um do outro
Distantes, porque o tempo nos fez
O tempo nos moldou
Nesta viagem que percorremos lado a lado!

Alberto Cuddel
29/10/2017
15:00

 

Por entre mentas e canela

Por entre mentas e canela

No roçar de lábios hálito fresco
Maresias enroladas em paus de canela
Ninhos redondos na palma da mão
Vínculos secretos por entre matas de amor
Humidade que te escorre da nascente…

Verbos gemidos contra paredes
Vaso hirtos em folhas de menta
Haste que te cresce nas mãos
Senhora minha de voz puríssima
Gemei baixinho ao meu ouvido
Lábios trémulos garganta cheia
Embriagues do sonho, erguido
Rosto que se prostra aos céus
Grito aprisionado nos lábios cerrados…

Por Deus caído no teu colo
Por hoje adormeceu…

Alberto Cuddel
06/09/2017
03:12

Escolhi Amar-te LVI

Escolhi Amar-te LVI

Decidimos, todos os dias amar-nos, mas um dia isso não nos bastou, queríamos anunciar ao mundo, dar provas irrefutáveis desse amor, para que ninguém duvidasse, amor o nosso já testemunhado e abençoado por Deus.
Um dia isso não nos bastou… queríamos provas… procuramos então ajuda cientifica especializada, testes de sangue, exames, tratamentos, vacinas, consultas, radiografias, ecografias, tudo muito bem documentado para que não existissem erros na avaliação.
Um dia isso não nos bastou… foi então que numa consulta da especialidade a notícia chegou, temos prontas as conclusões para apresentação de prova, rimos então no nosso olhar, choramos no nosso sorriso, tudo estava pronto, estava em nós a decisão de a produzir, a prova irrefutável da decisão de nos amarmos todos os dias de novo.
Um dia isso não nos bastou… e tudo se conjugou no universo, na Bênção divina, o local, o calendário, a lua, tudo perfeito, ato de amor, gemido da alma, no desejo do corpo, no brilho do olhar, no orgasmo supremo da dádiva e entrega ao amor, concebemos-te a ti, a prova, irrefutavelmente inegável do amor que une um homem a uma mulher.
Um dia isso não nos bastou… não nos bastava escolher amar-nos apenas um no outro, mas amarmo-nos também em ti e por ti… Escolho amar-te também a ti meu filho, fruto divino do amor que nos une!

Alberto Cuddel

Poema do dia 28/10/2017

Poema do dia 28/10/2017

Por entre as mãos que se enleiam
Corpos que se perdem
Que se encontram no abraço
Beijos de ontem, que ficaram por dar…

Solto-me, soltas-te,
No jovial enlace da paixão
Tremes, tremo, trememos
Como se nos amassemos
Pela primeira vez….

Nos abraços que são tudo
Encontramo-nos no nada
Que o tempo nos rouba e nos concede…

E hoje?
Hoje, recordamos o ontem
Não na saudade
Mas com um sorriso nos lábios…
Eu, tu, e o “nós”, que o abraço nos concedeu…

Alberto Cuddel
28/10/2017
11:30

Desisti de mim mesmo

Desisti de mim mesmo

Desisti de mim mesmo
De sonhar as noites
Ou desejar madrugadas

Carrego-te ao colo
Como quem abraça
Num coração apertado
Por ti, nada que não faça!

No querer absoluto
Em que a ti me dou
Adormeço feliz, sonhar
Na esperança do teu acordar!

Carrego ao colo a esperança
Braços que me abraçam
Virtude, saber esperar
O tempo, vontade de amar!

Tiago Paixão

Poema VI

Poema VI

Onde te amei ontem?
Num poema sem versos
Nas lágrimas caídas no peito
Sussurro gravado ao ouvido
Mãos estendidas ao vento?

Onde te amei ontem?
Palavras esquecidas
Repetidas e gastas
Perdidas nas valetas
Debaixo das pontes
Nas filas dos transportes?

Onde te amei ontem?
Onde te escrevi?
Onde?
Se de ontem esqueci…
Nas palavras caladas
Nas rimas emprenhadas
Nas frases rebuscadas…

Onde te amei ontem?
Terá sido lá?
Onde perdemos o tempo?
Onde nos encontramos
Apenas num abraço?
Terá sido lá?
Onde ontem te amei calado…

Alberto Cuddel
19/09/2017
03:00

Escolhi Amar-te LV

Escolhi Amar-te LV

Dou por mim a ser assediado sexualmente por ti todos os dias, até no propósito de subir as escadas sempre à minha frente rumo ao nosso ninho.
Escolher amar é também em si um propósito induzido de felicidade sobrepostas pelos actos da satisfação carnal do amor, e nisso sou obrigado a reconhecer em ti os propósitos sedutores que se modificam e revalidam diariamente com os tempos, maestra da inusitada arte de sedução, presencialmente ou distante, fazendo-se presente na arte de fazer sonhar as palavras.
Lembra-te daquele ditado chinês que resolvemos contrariar? Sim aquele em que um Ansião dizia: “ se um casal colocar uma moeda num pote cada vez que faz amor nos cinco primeiros anos de casado, poderá tirar uma moeda cada vez que faz amor após os cinco anos que nunca ficará vazio”? Lembras-te? Onde já iriam as moedas…
Talvez seja esse o segredo que Deus nos guardou, talvez a forma de nos unirmos e de manter a nossa união, seja precisamente a interpretação à letra de vos farei um só…
Escolher amar-te é poder fazer sexo contigo a toda a hora e momento, estejas ou não presente em mim, é poder fazer sexo na alma, ma união de sonhos, na união de pensamentos, na união de projectos e metas comum, atingindo o orgasmo cada vez que que os realizamos, cada vez que simplesmente decidimos ir às compras um qualquer dia e concretizar em conjunto essa ida.
Escolho amar-te não apenas porque me escolhes, mas porque nos escolhemos mutuamente a cada dia, afastando de nós as contrariedades, abdicando, consensualizando, dialogando, e acima de tudo praticando diariamente orgasmos de felicidade!

Alberto Cuddel

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