Poética da demência assíncrona…

Poética da demência assíncrona…

há na realidade do pensamento humano,
uma essência flutuante e incerta,
tanto na opinião primária,
como em todas as outras pensadas
longamente na visão platónica do mar
como naquela outra que lhe é oposta,

as hipóteses do pensamento são em si mesmas instáveis
nesse rasgo visionário de um por do sol
ou no rasgo matutino gemido de um parto malformado
em dias de neblina pelo sol que se ergue no horizonte
no olhar não há síntese, pois, nas coisas da certeza,
apenas existe a tese da antítese apenas.

seja a areia do mar, registo flutuante do tempo
do que vai e do que vem, sem ter chegado a ser vidro
na síntese penso que sinto, e no que sinto sei o que finjo
na certeza do que é em mim, é verdadeiramente concreto
no que da minha alma brota, que em meu íntimo sangra…

nem os demónios me aceitam no convívio sádico da expressão
nem as rimas gritadas na dorida alma que orgasmicamente sente
nem no pensar concreto da consciência poética existe síntese
nem nas vogais, nas consoantes, nas orações desenhadas
só os deuses, talvez, poderão sintetizar este sentir atrófico
que finjo ser mentira de tão verdadeiramente sentido
num formigueiro que dolorosamente me percorre os dedos…

este pensar a poética pelo que alegremente se sente
numa consciência pagã do que se pode fingir
sentido que o que se escreve é ingenuamente a verdade da mentira…

Poética da demência assíncrona… ou a consciência da verdade…

Alberto Cuddel
24/12/2020
08:55
Poética da demência assíncrona…

Doce olhar distante…

Doce olhar distante…

é a tua voz distante eco de uma saudade que nunca aconteceu
e foi semente do tempo que será
entre o sonho e o desejo, chove, crescem as ervas
amadurecem os cachos nas videiras e abrem os braços as árvores
namoram os pássaros os ninhos…

e fez-se poema nas serras o desejo de as abraçar aos céus
fez-se paixão a palavra e a confirmação do sim
corremos montes e vales,
atravessemos o mundo e os rios…

e os braços paralisados pelo desejo
que um mundo proibido, deixaram de remar
ou suspenderam no amor que livre jogou
maior que posse em fugaz tempo sonho que húmido definhou…

ergue-se a esperança em águas de Abril
no tejo correntes e douro em repouso
há novos prazeres que a carne semeia
apagam-se os fumeiros… varre-se a eira…

nesse olhar distante deposito a esperança como eco
de uma saudade que ainda não nasceu…

Alberto Cuddel
19/12/2020
16:40
Poética da demência assíncrona…

Generosamente Luísa…

Generosamente Luísa…

Poderia ser Maria, e dos teus seios alimentares a vida
Como alguém que pariu a eternidade do ventre, palavra
Acto desonesto de amor, geração aleatória do universo
Generosamente Luísa, angelical palavra de amor, mãe!

Generosamente Luísa…
Mulher, consciência plena dos tempos e vontades
E dos teus seios abdicou… por outra vida…

A palavra, força das tuas mãos e persistência
A palavras faz-se em mim, fome do conhecimento
Generosamente Luísa… por ti, fiz-me letras juntas
Por ti fiz-me poema…

Generosamente Luísa…

Alberto Cuddel
16/12/2020
20:50
Poética da demência assíncrona…

Lá fora depois do sol um dia do tempo…

Lá fora depois do sol um dia do tempo…

Lá fora vai um redemoinho de sol cavalgam as ondas sob a maresia …
Árvores, pedras, montes, bailam sob as nuvens que correm
Noite absoluta chuva de estrelas, luar sob a areia molhada…
Caídos no abraço sem pressa, amando a humidade salgada do mar…

Andam por cima das copas das árvores cheias de sol,
Andam visivelmente por baixo dos penedos que luzem ao sol,
Aparecem do outro lado do mundo, onde a saudade se põe
E toda esta paisagem de Primavera é a lua sobre a lagoa
E toda a feira com ruídos e luzes é o chão deste dia de sol…
Sob o luar a roda gigante, subimos os dias, caíram as noites

De repente alguém sacode esta hora dupla como numa peneira
E, misturado, o pó das duas realidades caiem as estrelas
Sobre as minhas mãos cheias de desenhos de portos
Com grandes naus que se vão e não pensam em voltar…
Abraço o amor como agarro a vida, escorre o tempo como areia

Pó de oiro branco e negro sobre os meus dedos…
As minhas mãos são os passos daquela mulher que abandona a feira,

Sozinha e contente como o dia de hoje…
Na esperança que a noite caia…
E no abraço se morra o dia…

Alberto Cuddel
13/12/2020
04:50
Poética da demência assíncrona…

Do primeiro antes do depois…

Do primeiro antes do depois…

falo de ti às flores e à madrugada
falo como se calado estivesse
de lábios cerrados pelas brasas
nesse luar que desabrocha no lago…

falo de ti ao mar e as rochas fustigadas
as areias que correm e ao sol que se esconde
de alma aberta grito silêncios do alto da escarpa
nesse barco solitário que longe atraca…

falo de ti para não morder a língua
jangada de pedra, vento de leste
nesse barlavento em sentido oposto
falo de ti, mãos no rosto, e o beijo…

falo de ti, de mim não…
eu que pertenço à raça de construtores de impérios
de castelos de areia e de sonhos, eu que sou poeta
que enclausuro dentro de mim o homem que me habita
falo de ti aos céus, aos deuses, de mim não…

se falar como sou, não serei entendido,
porque não tenho poetas que me escutem
nem aves ou peixes, nem mesmo tu…
porque eu sou como sou,
uma confusa imensidão de mim,
e de todos de mim
é de ti que falo
desde o primeiro dia
bem antes do depois
porque o depois de que de ti falo é agora…

Alberto Cuddel
12/12/2020
03:10
Poética da demência assíncrona…

Perdeu-se o mundo na madrugada…

Perdeu-se o mundo na madrugada…

e despiu-se… de alma vestida despiu o corpo
e correm alvoraçadas rua abaixo ainda confinadas
as folhas soltas do Outono douradas pelo tempo
cravam-se desenhos aleatórios na parede, cores garridas…
há uma camisola de malha esquecida e um jornal…

de joelhos ergue os punhos aos céus,
libertando as mãos dos cabelos seus,
lábios abertos e boca cheia, nem um grito
um gemido… engole…

perdeu-se o mundo na madrugada
não há já esperança no acordar
é tudo agora, depois, depois nada…

ouço calado notícias do fado
não há saudade, não há medo
nem desespero, nem amparo
nem conhecido, ou segredo
perdeu-se o mundo na ombreira da porta
mesmo ali, diante da escada…
nesta vida não vales nada… nada…

e os homens? esses esqueceram de acordar…
dormem, como vagabundos abandonados
usados, bem usados… mas sozinhos…
porque elas já não precisam deles…

e caminham sozinhos assobiando satisfeitos
sem conhecerem a solidão que os habita
que os vai corroendo por dentro
como um cancro incurável que os mata…

Alberto Cuddel
09/12/2020
03:10
Poética da demência assíncrona…

Rimas do vento que sopra…

Rimas do vento que sopra…

há esse vento que sopra e o gemido da erguida
há os passos lentos e a dor da despedida
esse ter que ir sem vontade alguma, um dever
essa vontade de férrea de nada mexer e o doer!…

e as dores da alma que calo em silêncio porque não se sentem nos ossos
e as outras que penso e faço por não sentir
e as da ignorância dos homens e as conspirações
constipações de um ego com palas nos olhos…
há dores, mas o vento tudo varre
e olhamos o sol, e o que foi deixa de ser
e não vale a pena sofrer…

ando devagar, por que já tive pressa
mas hoje andar a cada passo uma surpresa
e esta dor ferrada que me corrói o corpo…

há lixo escrito no chão, mas não me vergo
que o leve o vento que eu não o posso varrer
e voam as folhas das árvores, e folhas de jornal
noticias de ontem, mas hoje, tudo continua mal…

e cobres-te do frio com papeis emprestados
mas na alma ainda carregas teu fado
e o vento descobre-te as lágrimas
que choras e escondes sempre calado!…

nas rimas que o vento sopra
há vida, há poesia escondida
por entre o silêncio e a monotonia…

Alberto Cuddel
29/11/2020
01:50
Poética da demência assíncrona…

Sem outra palavra que não seja semente…

Sem outra palavra que não seja semente…

Sem outra palavra que não seja conhecimento
Sem outra semente que não seja mantimento
Há um mar registado na terra
Essa saudade que fica da rede e no anzol
Sob sete palmos de solo…

Portas fechadas à vida
E mulheres visitadas
E um poço ali diante da conversão
Deixada a semente, água e fonte eterna

Quando se é palavra e noite há uma lua feiticeira que nos vela
E pedra atirada que se faz angular
As letras fazem-se luz, germinam, crescem, irão florir
E as palavras amadurecer-se-ão semente…

E o amor?
Esse será alimento,
Chuva e sol
Na sementeira do poema…

Alberto Cuddel
28/11/2020
02:30
Poética da demência assíncrona…

Essa cascata de fogo que me arde na alma…

Essa cascata de fogo que me arde na alma…

inflamam-se as palavras aprisionadas na alma
nessa legião urbana que se eleva no olhar afiado da aguia
rebentam cascatas divinas em vozes de platina cantando Salomão
ó virgens de candeia acesa velai pelo vosso senhor…

há nos desertos áridos uma voz que clama
um turbilhão de desejos em dunas veraneias, uma toalha no chão
arde-me o pecado na garganta e o segredo contido
palavras que me rasgam o estomago,
nesse acido bater de asas de uma borboleta…

será amor esta dor que me corrói?
essa asia que me queima por dentro
sedentos pecados lívidos e carnais,
deste mesquinho impuro e pecador
ávido sedento de toques marginais
rasgam-se as túnicas ali, bem ali junto ao poço,
onde se evangelizou a impia, onde o pecado foi lavado…

sempre meditei como era absurdo que as palavras fossem aprisionadas na boca
onde a realidade substancial é uma série de sensações, houvesse coisas tão belas como o beijo e fosse tão complicadamente simples sentir, e tão difícil de o verbalizar…
a vida prática sempre me pareceu a menos cómoda
nesse desejo absoluto da mãe de todos os suicídios o silencio, morte anunciada da alma. não agir foi sempre para mim a condenação violenta do sonho, não escrever
não falar, não gritar ao mundo no grasnar de uma gaivota sempre me pareceu
um sonho arruinado e injustamente condenado pelo acto suicida do silencio…

escrever é objectivar sonhos, é criar um mundo exterior para prémio, é dar voz
aos pecadores que calam os sonhos…
podia nascer lua, surfar a crista de uma onda de prata, ser desejo ardente de um abeto
curvado ao vento… mas nessa cascata de fogo que me queima por dentro, há apenas o sonho, e essa voz que é pátria, que nos faz fado, que nos serve poesia em golos pequenos
que nos condena a nossa humilde condição de homens de sonhos, que nos condena a ser poeta… essa voz que me rasga por dentro, que se faz vida…
e depois somos apenas nós, tu que me cortas a alma em pedaços na leitura e eu, que vomitei palavras… pela dor que elas me causavam…

Alberto Cuddel
25/11/2020
02:30
Poética da demência assíncrona…

Essa insanidade que é morrer vivo…

Essa insanidade que é morrer vivo…

procuras o apogeu do nirvana no silêncio que cultivas
calas em ti esse turbilhão das palavras e ficas
ali na solidão acompanhada de um albatroz que plana
ao teu lado, como se na vida tudo fosse…
e ficas parado no movimento que te leva.

sopro de vento que se anuncia, silvo e a brisa no rosto
copa das árvores, abrigo, bando de asas fechadas
ardes por dentro ferrando os lábios, essa vontade de grito
e calas… tantas vezes calas o que dentro te revolta
até esse insuportável gemido de dor que te trespassa a espinha
mas aguentas, tu aguantas… enquanto isso ficas
na esperança da paz, enquanto no teu íntimo
geres uma guerra silenciosa que te levará…

há em nós essa insanidade de ir morrendo vivo
na esperança de ressurreição, de reencarnação longe
de um acordar em outro tempo, outro mundo
não tenho hoje memória, deste sonho?
quem sou de mim, de quanto quis ser eu.
nada de nada surge como memória do tempo que não foi vivido
podia nevar hoje, não deixaria de ser Primavera
por ser esse o tempo dela, podia ser Verão
mas nem os vivos lhe escaparão…

vivo o esforço inútil de adormecer, como se isso me aliviasse a dor
essa consciência de me saber, tempo em que me dou em penhor
roubando a vida, o que a morte reclama, dia após dia…
noite após noite…
essa insanidade de me saber a morrer ainda vivo…

Alberto Cuddel
22/11/2020
10:30
Poética da demência assíncrona…

Nós

Nós…

Nós e todos os outros antes de nós
E todos os outros que virão depois
E que farão de nós o que outros foram…
Seremos muitos e mais, e seremos o colectivo…

E de todos os outros de quem nem se lembra a existência
Grãos de areias que não reza a história da nossa humanidade
Todos eles pais e mães da nossa pátria terrena
Todos eles essência da existência…

Há nos caminhos percorridos
Um percurso de sangue
Uma mescla de ADN
Uma raça humana que guerreia
Entre a morte e a saudade…

Porque de nós e de outros como nós
Se faz uma história…

Alberto Cuddel
16/11/2020
18:00
Poética da demência assíncrona…

Disléxico poema, uma vida cinzenta…

Disléxico poema, uma vida cinzenta…

Palavras mote de uso obrigatório:
“Homens, trabalham, lâmpada, morte, fonte, escuro, nascente, sombra, pedra, loucura, procura, lugar, saída.”

Nascem do prazer do trabalho, tempos passados após a loucura
Desejo concedido pelo génio da lâmpada que se esfrega,
Esse bater das marés em pedra dura, bate que bate e fura…

Remam os homens barcaças de vime
Ventos que os acoitam de frente
E corre o sol alto com medo da sombra
Os montes erguem-se preguiçosos…

Trabalham as mães, os cueiros e a terra
A água na nascente, fonte da vida
Nos caminhos de pedra solta
Há uma procura da saia, uma mão que as prende…

Partem noite escuro, de encontro à morte
A faina não perdoa, nem a barriga de fome
Nessa procura divina, por uma saída…
Caminha a fé sob as águas neste lugar…

Num disléxico poema, uma vida cinzenta
Uma prece ao tempo, um filho no ventre
Uma espera apertada, uma alma dilacerada…
Nascem do prazer do trabalho,
Tempos passados após a loucura…

Alberto Cuddel
15/11/2020
12:50
Poética da demência assíncrona…

Se houvessem arco-íris

Se houvessem arco-íris

Se arco-íris houvessem no mar
E escadas que que erguessem aos céus
Quem teria eu de subornar nos infernos
Para que todos os teus beijos fossem meus…

Malditos sejam todos os caminhos, que nos cruzam as cidades
Malditos sejam as saudades, e todas as aves sem ninhos
Ergui muralhas de areia molhada, escondi tesouros na estrada
Cortei nuvens de algodão, luzes coloridas de uma canção…

Se houvessem arco-íris onde se esconde o caldeirão
Subornaria o duende, e plantar-me-ia no coração…

Erguem se as copas aos céus, por entre os degraus do olimpo
Há no templo de Salomão, ainda perdão a este impio…

David, David, porque de Abraão viemos?
Há moças que correm de espada
E rapazes soltos sem matilha…
Por um justo, foste poupada…
Por uma pecadora condenada…

Se arco-íris houvessem no mar
Os ventos não me abandonariam à má sorte
Longe persegue-me a calma, e a morte…

Se houvessem arco-íris
Em pomares de pêssegos maduros
Tudo seria calma, tudo seria apenas futuro…

Alberto Cuddel
14/11/2020
20:50
Poética da demência assíncrona…

Olhar…

Olhar…

olho-te nesse olhar amedrontado de um intensa vida…
olho as palavras atiradas sem ver os lábios que as proferiram…

olho a alma despida com que te entregas ao mundo
nessa praça vazia, olho com um novo olhar
como quem procura uma vida que há-de chegar
(-)há uma folha que cai, junto as milhares que jazem…
confina-se a vida pelo medo de a viver
(-)há uma morte que espreita no medo…

rasgam-se os verbos do silêncio pelos passos do indigente
segue indiferente à vida que já não corre
há espaço no mundo… há praias desertas…
há céus que não são cruzados
e há trabalho sem horário que já não sai do quarto
agarrados as raízes do local que habitam
não há tempo, sem que o tempo morra
não há quem olhe o mundo de olhar nu
olham pelo ecrã, pelos números, mas não pela janela

há um olhar que se perde,
a vida segue, indiferente ao tempo
apenas prevalece o medo de a viver
como este novo olhar levantado do chão e do medo…

Alberto Cuddel
13/11/2020
14:17
Poética da demência assíncrona…

A nobreza das palavras livres

A nobreza das palavras livres

a realização sem a mácula da realidade é o amor
amo o poente e o amanhecer, porque não há utilidade, nem para mim, em amá-los
nessa liberdade absurda de nos confinarmos em nós mesmos
o resto é a vida que nos deixa, a chama que morre no nosso olhar,
as cores da morte da noite ou a púrpura gasta antes de a vestirmos,
a lua que vela o nosso abandono, as estrelas que estendem o seu silêncio
há uma mágoa que paira sobre a nossa hora de desengano.
assídua a mágoa estéril e amiga que nos aperta ao peito com amor.

tinha uma aversão visceral pelas palavras que se espraiam
nessa fluidez filosófica da metafisica poética e ao mesmo tempo
não tendem para o infinito os poemas?

meu destino foi outrora em vales fundos, voos altos
desertos imensos e sonhos áridos, nessa busca pelo oásis
o som de águas que nunca sentiram sangue rega o modo dos meus sonhos.
o copado das árvores nessa absorvência do sentir alheio, um sequestro negro
que esquece a vida era verde sempre nos nossos esquecimentos.

sinto perante o rebaixamento dos outros não uma dor,
mas um desconforto estético e uma irritação sinuosa.
não pelo conhecimento empírico do que sei,
mas pela ignorância de não saber o que ainda não li…
não é por bondade que isto acontece,
mas sim porque quem se torna ridículo não é só para mim que se torna ridículo,
mas para os outros também,
e irrita-me que alguém esteja sendo ridículo para os outros,
dói-me que qualquer animal da espécie humana ria à custa de outro,
quando não tem direito de o fazer
porque a ignorância não é um defeito, às vezes até uma virtude
quando ela é exercida com humildade…

não sei escrever metricamente, – não sei
isso não me faz superior ou inferior
nem ridículo, nem ignorante
apenas revela uma inadaptação a um conhecimento…

vedaste o jardim floridos dos versos, blindaste as palavras de alfazemas
na vocalização és… sempre foste poeta
há uma nobreza em quem martela a língua de artifícios gramaticais
mas não há espanto, e é o espanto que me absorve diante
no descrever vagaroso do florir de uma violeta…
amo o tempo e o tempo que ele demora, o poema…
esse florir das palavras até se tornarem semente…

Alberto Cuddel
01/11/2020
18:50
Poética da demência assíncrona…

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