Dor de amar

Dor de amar

Na solidão,
Na saudade,
Na distância,
Na ausência,
Não me vês,
Não me sentes,
Mas estou,
Como sempre,
Onde quero estar,
A teu lado,
Apoiando,
Consolando,
Segurando,
Confortando,
Quero ser,
Quero estar!
Quero que sintas,
Que me dói amar!

Alberto Cuddel

100 (cl) sentimentos destilados na alma!

100 (cl) sentimentos destilados na alma!

Sangue da alma escorrendo no rosto,
filhos em pranto por alimento materno
conjugação imperfeita, sonho proposto
interno sentir, sofrido manifesto externo.

Irrigado querer, antídoto, inflamada alma
lágrimas nunca choradas, dor, angústias
choro lágrimas a rir, aquando choro a calma
paixão no filho do homem, escorridas hóstias.

Lágrimas caídas, dentro, oculto lado errado
águas caídas, manso adeus meu ser infeliz
enxugadas no ermo querer erro perdoado.

-quentes, silenciosas… ardentes na dor
fonte na vida gerada, num ontem – feliz
olhos marejados de lágrimas, ainda Amor.

Alberto Cuddel
Um litro de lágrimas – Pastelaria Studios- 2016 – ISBN – 978-989-8796-68-4

Poema do dia 31/05/2018

Poema do dia 31/05/2018

Dos ventos que sopram desordenando as folhas caídas no chão, há uma ordem nova que se forma no sentir alheio ao querer… longas são as noites e a vontade de te dormir… há um banco sentado junto ao rio, homens passeando a pé pelas margens, barcos que cruzam, palavras que rimam, e gaivotas que pairam, ali diante do olhar…

Nos pés a vontade de partir
Nas mãos o desenho do sorriso
Nos lábios a dadiva das palavras
Na alma a vontade de sentir…

Escorrem verbos adjectivados
Pelos longos cabelos de prata
Nada perdoa, nem o tempo, nem a chibata …
Crescem os dias, minga o tempo, o amor
As mãos calejadas, cansadas e caídas
Não escrevem, não falam…

Existem bancos sentados, pintando poesia no rio, declamando poemas em silêncio, o tempo desses que reclamam, passou… apenas recordo Maria, a tua mão sobre a minha, olhando a outra margem, um lugar a que nunca cheguei… mesmo que nunca tivesses partido, nunca eu definitivamente me entreguei, foi tu… sempre o mundo me conteve bem mais do que me dei…

Alberto Cuddel
31/05/2018
01:00

Vontade

Vontade

O frio da noite,
Que me desperta,
Que me inquieta,
Que faz o sangue
Correr descontrolado
Coração contraído
Passo apertado
Correndo apressado
Em direcção a nada
Busco na noite
Luar perdido
Sonho contido
O teu despertar,
Leio os lamentos
De outros momentos
Tidos atrás
Mas sigo adiante
Neste mesmo instante
Que embora distante
Quero encontrar!
Forte pulsar
Querendo sair
Do peito saltar
Na forte batida
Ofegante querer
Lento gemer
Que é respirar
Quente bafo
Na pele arrepiada
Que a mente prepara
De em ti pensar,
Corro na noite
A forte vontade
De partir sem saber
Se quero voltar!

Alberto Cuddel
http://facebook.com/poetaAlbertoCuddel

Poema do dia 30/05/2018

Poema do dia 30/05/2018

Nas voltas querendo fugir,
Perdido da vida que te viu partir,
Sentado esperando, na casa vazia,
O silêncio quebrado,
Pela voz inquieta,
Da palavra perdida,
Na voz do poeta!
Na noite procuro,
Na cidade vazia,
A luz de uma estrela,
Que se encontra encoberta,
Pelo gesto de um irmão,
Abandono a tristeza,
Que guardo na mão,
De braços abertos,
Querendo fechar,
Abraçando meu corpo,
Querendo Amar
Vida que foge por entre o sopro
De uma noite que está para chegar…

Alberto Cuddel
30/05/2018
06:05

Sonho corrido!

Sonho corrido!

Poesia,
Gritos ecoam por entre neurónios entorpecidos,
Dormentes do cansaço, as palavras que rodopiam,
Doem mastigadas, impeditivas do repouso, do dormir,
Reescrevo vezes sem conta todos versos já escritos!

Palavras,
Seguem compassadas numa absoluta perfeição,
Nascem, uma após outra e seguem a sucessão,
Formando orações, frases, versos, poemas intermináveis!

Amor,
Combustível que me move, na vontade de seguir,
Elo inabalável da vontade de permanecer na união,
Na total comunhão da alma, compreensão dos corpos,
Fio condutor da linha da vida, partilhada na imortalização,
Das palavras decididas, assumidas no desejo uno!

Queda,
Solidão momentânea na tristeza que inunda o ser,
Imobilidade, sem desejo, querer ou vontade,
De se mover psicologicamente para longe do abismo,
Curiosidade mórbida de entender a mecânica
Do passo em direcção ao nada!

Fuga,
Corrida a passos largos sem sair do lugar,
Escondendo fino desejo de parado ficar,
Tudo roda em tua inquieta permanência,
Apenas o sonho te leva para longe deste lugar!

Sonho,
Ai o sonho,
Se sonho durmo,
Se durmo descanso,
Se descanso posso parar,
Se paro para quê mais pensar,
Se não penso para quê mais escrever,
Intermináveis versos sem sentido, num sonho agora tido!

Alberto Cuddel

 

Poema do dia 29/05/2018

Poema do dia 29/05/2018

Aos deuses peço que me condenem, pelos sonhos do pecado cometido, corpos de árvores erguidas da húmus gélida e fria, corpos aquecidos, sol que rasgou a noite num orgasmo de vida, sob a árvore onde jaz quem foi a sombra do movimento contido, neste orvalho que pinga da vontade imperfeita de um deus!
Feliz daquele que na derradeira hora do tributo, paga, entrega, de mãos estendidas num prazer submisso, ainda que o fruto caído por terra não germine, foi, sem o ser, fonte de vida, gemida na alma…

Entregai-vos noite fora damas de além
Fúria contida na folhagem da madrugada
Um amor pelas palavras que vos nascem
Que advém das raízes, que cresce, segregada
Num entrega plena, por tudo, ou quase nada!

Crescem manhãs entre as clareiras das horas
Nos intervalos dos beijos em brisas floridas
Toques de seda, algodão, travo de amoras
Borboletas dançando em tardes tórridas
Regatos frescos, vendo as águas livres, o (a)mar
Um sonho em dias de sim, em noites de não…

Aos deuses imploro o desejo dos sonhos, pés descalços em relva molhada, um ficar, um encontro em vida perfeita, um amar em estrada estreita, um nascer de semente, um novo desabrochar para uma vida que voa, que cresce, que anda e rasteja, uma vida que seja… na vida que existe, sem leis, onde o amar é apenas perfeição e não um acto de vaidoso de posse terrena…

Alberto Cuddel
29/05/2018
03:05

Poema do dia 28/05/2018

Poema do dia 28/05/2018

Espero pelo Amor que nunca tive
Em noites que nunca vivi
Sedução na esperança do sonho
Existes?
 – Ou projecção da perfeição que procuro…

Imploro Amor que nunca me deste, sem a exigência exclusiva dos dias, nas noites procuro-me onde me perco nos amores que sonhei… por entre luares de Maio, febres de Junho, sequência ritmada dos insectos…

Que me advenham os orvalhos
Os licores profanos do desejo
Que me rasguem as vestes rubras
Arde-me a paixão em dor atroz
Sofrência das mãos e pés
Por onde me arrasto…

Alberto Cuddel
28/05/2018
08:10

A espantosa dualidade das coisas

A espantosa dualidade das coisas

Olhamos o mundo de olhos vendados

Com a alma cega, uma outra janela

Na calma das noites, a alma dos dias

E tudo ou nada, assim é poesia…

Nos muitos poemas que escrevi

E naturalmente ainda escreverei mais

Às vezes penso no que ainda não fiz

Nos poemas dos outros dos que não li

Em todas as coisas escritas e rescritas

Olhadas e ditas de uma forma diferente

Um outro olhar de uma outra gente

A pedra será sempre apenas pedra,

Mesmo que fustigada pelo vento

Mas a perda essa irá moer por dentro

Arrancar a ferros todo o sofrimento

Mesmo que dos espinhos nasçam rosas

Ou sejam meramente pão num regaço

De uma Rainha embrenhada no cansaço

Condenam a poesia que escrevo

Pela muita palavra que debito

Onde não escondo e tudo publico

Sem olhar ao que escondo em livro

Mas sou assim, talvez poeta

Desastrosamente desbocado

Sem julgamento duro ou precipitado

O valor da poesia ou a dualidade das lágrimas

Rolam na tristeza eufórica de um rosto sorridente

Desenrolam-se no negro caminho da saudade

Enquanto linhas brancas correm apressadas

Em sentido contrário em abono da verdade

A poesia jamais será minha

Tão pouco as palavras que nela inscrevo

A poesia é apenas o que sentes

Com os olhos da alma vendados

Quando os teus olhos apaixonados

Sentem em ti as letras na:

A espantosa dualidade das coisas

 

Alberto Cuddel

28/05/2017

04:58

Poema do dia 27/05/2018

Poema do dia 27/05/2018

Nos dias do esquecimento
Onde o sono não morre em dias claros
E as rimas perdem-se em espaços vazios
Nesses dias vivo esquecido…
Que a vida é lembrada…

Rasgamos panos e folhas escritas
Fotografias sem significado
Beijos que não passaram de sopros
Ideias fixas num medo adormecido…

Perdemos o que esquecemos
Lembrando o que não temos
E vivemos dias de esquecimento
Do tudo que nunca lembramos…

Alberto Cuddel
27/05/2018
22:40

A pressão imposta…

A pressão imposta…

rasgados os véus da memória perdidos no tempo,
uma infância regida pela intermitente figura paterna
as chuvas e as caminhadas para a escola, e o campo
regressos, partidas, chegadas, e as melhores notas
entre a pressão do sucesso, o descomprimir das cigarras
as corridas sem destino pelos montes, ausência de pensamento
as quedas esporádicas de uma realidade dorida,
e os joelho esfolados ou uma estúpida mordidela
de um qualquer pastor alemão que não gostava de escondidas…

viagens interminavelmente diárias,
para um comboio que me arrasta
a cada dia para a escola, e a matéria
a pressão absoluta das formulas,
dos léxicos, das línguas, da física
e uma filosofia que me devora as entranhas
ainda assim, mesmo assim, o melhor…

e as ferias? Umas na aldeia, e outras no trabalho,
a infância talvez tenha terminado, muito antes de tempo,
e ao mesmo tempo, talvez nunca tenha começado
ainda assim, eu sou, parte do que me fiz…

Alberto Cuddel
Quando eu era pequenino- Miká Penha edições- 2017 – ISBN 978-989-691-648-0

Apenas uma rosa!

Apenas uma rosa!

Por entre pétalas, nossos dias,
Prelúdio de noites esquecidas,
Momentos passados, eternizados,
Impregnados em tua pele,
Gravados no auge da loucura
Memória? Sonho presente a cada hora,
Felicidade jurada, decidida a dois,
E eu quieto, aninhado no teu peito,
Desflorada madrugada, acordados no raiar,
E assim do nada, apenas abraçar,
Memória escrita, sofrida em nós,
Rosas do nosso longo viver,
Nascidas, forjadas, no duro caule
Verde na esperança, nos espinhos da vida,
Nas verdes folhas, de onde caem secas
As daninhas, que o tempo apagou,
Até aos estames, apogeu do sentir,
Desfolhando pétalas sem fim,
Veludo da tua perfumada pele,
Frágil, carente, cuidada, amada!

Fada, que nos acolheu, aqui e ali cuidando
Podando, guiando, alguém desconfiando,
Pelos gnomos diabólicos que passando,
Infestação diabólica corrompida do passado,
Dias que agora escrevemos nas pétalas,
Que na vida vamos desfolhando,
E eu?
Apenas carinhosamente aninhado no teu peito,
Porque no fim, no fim somos, como decidimos,
Somos a felicidade que fazemos!

Alberto Cuddel

“Quando eu era pequenino…”

“Quando eu era pequenino…”

Por entre jogos da tradição
Anda ele com a irmã pela mão
A corda, a bola e o pião
As cartas e a televisão
– com dois canais, a preto e branco
E catequeses aprendidas num banco
Brincadeira de crianças e sorrisos
Estampados nas caras, sardas e tranças
Os concursos de domingo, as matinés
As corridas, e descalços os pés
E o Sr.. Engenheiro, esse que não esquece
Despeço-me com amizade!

Alberto Cuddel
Quando eu era pequenino- Miká Penha edições- 2017 – ISBN 978-989-691-648-0

Poema do dia 26/05/2018

Poema do dia 26/05/2018

Agitam-se papoilas no campo
Voos de brisa em asas de andorinha
Chega a tarde e a noitinha
Não há sorte nem vitoria, muito menos tempo…

Pelas frestas da manhã
Gotas de orvalho, espreita o sol
Não há hoje, ontem ou amanhã
Desperta a vida, vivendo a rol…

Que nobre arte de ser, sem compreender
A vida não se entende, sabe ou explica
A vida vive-se, o amor não se justifica…

Não se explica o nascimento de uma árvore
Nasce,
Ou a morte de um pedra,
Gasta-se…
As coisas naturais não se criam ou explicam
Existem…

Naturalmente as papoilas agitam-se
Rubras, frágeis, hirtas
Naturalmente amo
Sinto, desejo, existo…
Não o explico… sinto…
Como não se explica a existência de Deus
– Nunca me provaram a sua não existência
Como nunca me provaram que o amor vem do coração
Creio piamente que amo na alma…
Onde apenas a aura existe…

Voos de brisa em asas de andorinha
Chega a tarde e a noitinha
Chegamos nós… e deixamo-nos dormir… sonhando amanhãs
Onde a vida não se explica. Vive-se….

Alberto Cuddel
26/05/2018
06:07

Poema do dia 25/05/2018

Poema do dia 25/05/2018

A espantosa necessidade das coisas, nem sempre as coisas são o que são, as vezes as coisas são apenas coisas, o que parecem que são, mesmo que nunca venhamos a precisar delas… Depois temos os dias das coisas, até do aniversario, do pais, da mãe, do filho do avo, do café, do abraço, do pé, do namoro e do laço cor-de-rosa, nos dias em que não celebramos as coisas, compramos coisas para lembrar o dia que eram dos gestos e do sentir, tantas coisas compradas sem necessidade, pelo facto de serem coisas e de lembrar outras coisas que nunca foram coisas mas gestos e sentir…

Era um dia sem coisas
As coisas tinham nome
Tinham utilidade…
De todas as coisas que tinha
Havia coisas que não sabia
Sem saber das coisas que tinha
Comprava coisas que não sabia
Para que um dia me servissem
E na sua serventia, não me serviam
De absolutamente nada…

Depois olhamos o mundo em silêncio, sem coisas, ouvindo o nascer do sol entre a maresia, sentindo a pele molhada da tua doce companhia, celebremos este dia, apenas no sentir, sem as coisas que nos teimam em confundir…

Alberto Cuddel
25/05/2018
00:33

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