Depois do caminho, a chegada…
áh, a chegada… esse êxtase da alma do dever cumprido
depois dos sonhos e da privação, depois de tudo e da chuva
esse orgasmo mental de dizer, de gemer, de gritar:
só para continuar depois em busca de um novo rumo…
depois da libertação de toda a adrenalina, da dopamina,
da serotonina, da noradrenalina, da oxitocina… e da endorfina
do êxtase… depois de tudo… o que vem depois?
apenas a busca por um novo destino? por um novo degrau?
uma nova floresta a explorar?
porque não me perco apenas no caminho?
vivendo a paisagem e o que ela me tem a ensinar?
porque não deixar atar as mãos a uma arvore?
tornar-me terra sem sonhos e viver o vento?
para quê me serve o caminho se o destino está cumprido?
os meus sonhos são-me comigo e em mim…
estás-me por tua vontade, e vens comigo
não por que te tenha chamado, mas apenas porque sim…
assim também eu te sigo… entre este verde que nos cobre,
e o castanho morto que nos fertiliza…
despois revolve-se a alma, nesse perfume feminino das coisas
e abre-se um novo destino, um sonho, um desejo…
e ou outra vez… e vamos… lado a lado, como se quer…
com um mesmo destino… mas vivendo o caminho…
paremos aqui… beijemo-nos… talhemos a ferro na arvore o nosso querer…
esperemos o depois… entre uma pedra e outra edifiquemos a vida…
derrubemos os muros dos jardins dos silêncios que nos prometem
e vivamos, pelas certezas dos sonhos que ousamos…
áh, a chegada… esse êxtase na alma do dever cumprido
depois dos sonhos e da privação, depois de tudo e da chuva
esse orgasmo mental de dizer, de gemer, de gritar:
Alberto Cuddel
19/07/2021
18:50
Alma nova, poema esquecido – XIII
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