Ai, se eu te desse a vida
como gostava de ser desempregado
e não ter nada que fazer por dentro
vaguear cheio de mim como gado
correndo contra as esquinas no centro!
ai, se eu te desse a vida, que farias tu com ela?
que farias de mim sem ela, se eu te desse a vida
doar a vida é despejar-me de mim
é ter a alma própria e inteira.
e pensar em nada, é viver intimamente
o fluxo e o refluxo da vida… e sentir-te
não estar pensando em nada.
é como se me tivesse encostado mal, um desconforto
uma dor nas costas, ou num lado das costas,
que mói, não chega a ser a dor que é…
há um amargo de boca na minha alma:
é que, no fim de contas,
não estou pensando em nada,
E a vida, a pouca que me resta, doei-a…
Alberto Cuddel
12/10/2021
13:00
Alma nova, poema esquecido – XL
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