Lá fora chove…
Porque não percorrer-te o teu corpo apenas nas mãos? Desenha-lo no toque, incendiar-te… Porque não beijar-te, como se te penetrasse a alma, aspirando todo o teu desejo? La fora chove, mas aqui, agora, quero-te húmida, quente, divinamente ansiosa… Porque não livramo-nos de todas as vestes do pecado que nos amedrontam, dispamos todos os pudores, entreguemo-nos aos lábios, às línguas sedentas, as bocas ansiosas… Misturemos suores, friccionando a pele, sincronizemo-nos, um movimento… Lá fora chove, aqui não… iluminemos o desejo, possuamo-nos violentamente, como se o diluvio acontecesse… Usemos o leito, o chão, as paredes, o mundo, sejamos um, sejamos um no outro, um pelo outro, gemamos juntos, gritemos juntos, deliremos juntos no orgasmo que nos trespassa… Lá fora chove, em nossos corpos também…
Tiago Paixão
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