*Escolhi Amar-te porque me Amava*

*Escolhi Amar-te porque me Amava*

… talvez tenha esperado tempo demais, talvez seja isso mesmo tempo a mais, o amor não se compadece por tempo a mais, ou mesmo tempo de mais, o amor exige sempre o tempo certo, um certo tempo, exactamente aquele exacto momento… que medeia o olhar e o beijo… ou uma lágrima e um abraço… um sorriso e um bom dia… o voltar a cabeça, estender a mão e levantar… esse é o tempo exacto com que nós agimos por amor, esse é o tempo em que Deus faz de nós instrumentos…

Escolhi Amar-te porque me Amava

M. Irene Cuddel e Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LIX

Escolhi Amar-te LIX

…li algures “detesto a expressão fazer amor, amor faz-se nos pequenos gestos diários, no nosso leito fodemos”…
A apresentação factual da verdade intrínseca, ao dourar a linguagem apresentada nas longas divagações poéticas, sem roçar o pornográfico acto sexual existente numa relação, até pode ser esteticamente mais aprazível, mas…
Fizemos amor tantas vezes sem que os nossos corpos se encontrassem, na nossa inocente e virginal realidade, cultivamos o acto de fazer amor até à definitiva exaustão do desejo, até nos encontrarmos como Adão e Eva, despidos de tudo, das roupas, dos pudores, dos preconceitos, dos medos, apenas nós, sem culpas, no momento em que tudo nos é possível agora.
Encontramo-nos nos limites temporais onde os nossos tempos apressados pela vivência e exigência da vida moderna, contida nas responsabilidades assumidas ao dar corpo ao sentir, na geração de uma nova vida, nesse parco período em que nos encontramos no mesmo tempo, num mesmo espaço, num mesmo desejo, fodemos, como se o mundo fosse acabar no minuto seguinte, como se nada mais existisse em nós ou por nós. Fodemos com todas as nossas forças, na linguagem ordinária que caracteriza o mais belo acto praticado por um casal.
Felizes de nós, que nos arrebatamos no desejo ardente de nos encontramos no perfeito desespero pelo corpo um do outro, felizes de nós que exploramos todas as formas de prazer que se pode entregar ao outro, que exercitamos e despertamos o desejo um no outro de nos possuirmos.
Busca do constante orgasmo oferecido em ti, não pelo acto de misericórdia de te consolar, mas pelo prazer absoluto de te ver gemer, de sentir cada músculo do teu corpo contrair-se num supremo acto de prazer oferecido sem nada em troca.
Escolho Amar-te todos os dias de novo, não para que nos encontremos apenas pelo prazer, mas pelos pequenos momentos em que damos aos actos de amor diários, mesmo quando me pedes de manhã cedo, numa qualquer manhã de Inverno, para que te abandone extenuada na cama e apenas vá buscar o pão!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LVIII

Escolhi Amar-te LVIII

Chego a duvidar se teria sido eu a escolher amar-te ou se pelo contrário amar-te é em mim uma imposição divina implementada em mim por Deus. Na exacta medida em que ele nos envia provações, envia também provas irrefutáveis do amor que nos une e tudo em nós suporta.
Amar é também em nós a doce capacidade de choramos juntos a distância imposta, no profundo desejo de nos unirmos no sexo selvático e consumista, selo da completa compatibilidade que se impõem em nossos corpos, maduros e ávidos de prazeres carnais, não passa disso mesmo numa louca imposição pelo desencontro horário, imposto por uma qualquer bruxa chamada vida, saída de um horrível conto de fadas.
Vivemos horas felizes, dias, tempos, cada vez que te escrevo penso em ti a liberdade, a que deliberadamente impusemos a nós mesmos quando voluntariamente a restringimos pelo matrimónio. Na nossa revolução dos cravos mas ao contrario, não que fossem disparados tiros, mas em que eu num machismo autoritário apenas pensava em te possuir ali, mesmo ali, na igreja.
Há dias, como os dias de hoje, que depois de dias como os dias de ontem, onde juntos brincamos de turistas no nosso lugar, em simplesmente deixamos de lado o matrimonio, e saímos apenas como verdadeiros amigos que apenas pensavam em namorar, há dias depois desses dias que amar dói, dói pela distância deixada aberta na porta do peito, onde o simples desejo de te beijar faz em si, rolar e desenrolar pelo meu rosto nocturno, uma salgada lágrima de dor em desespero, lançado que fora o feitiço da lua, pela bruxa da vida, vivendo eu na noite, sobrevivendo tu no dia!
Mesmo assim dói menos desejar-te a ti fonte de todos os meus íntimos eróticos e inconfessáveis desejos, do que não me saber em ti amado!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LVII

Escolhi Amar-te LVII

Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez não o tenha, Talvez Deus me conceda o direito de te amar apenas até amanhã. Não quero Escolher Amar-te apenas nas belas palavras, isso não conta absolutamente para nada. Quero amar-te como sempre te Amei, corpo a corpo, no silêncio do nosso olhar, nos gestos em que cada um de nós surpreende o outro na superação do amor que Deus nos entregou.
Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez dure apenas o suficiente para te amar hoje, e hoje como prova do amor que sinto, gritei o quanto te amava à pobre florista adormecida, para apenas te puder surpreender.
Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez não o tenha, façamos em nós proclamação sussurrada em nossos gemidos, vertida em salgados fluidos, esfregado em corpos suados, no bailado das nossas mãos, na entrega ao prazer dado, oferecido, no beijo intemporal da alma, no movimento sincronizado dos corpos, no assertivo batimento cardíaco como um só, na descoberta de um prazer uno e simultâneo.
Não sei se um dia terei tempo para te amar para sempre, talvez não o tenha, escolho amar-te assim também em mim, na tua ausência, enquanto distante de mim, eu me faço presente também no teu olhar!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LVI

Escolhi Amar-te LVI

Decidimos, todos os dias amar-nos, mas um dia isso não nos bastou, queríamos anunciar ao mundo, dar provas irrefutáveis desse amor, para que ninguém duvidasse, amor o nosso já testemunhado e abençoado por Deus.
Um dia isso não nos bastou… queríamos provas… procuramos então ajuda cientifica especializada, testes de sangue, exames, tratamentos, vacinas, consultas, radiografias, ecografias, tudo muito bem documentado para que não existissem erros na avaliação.
Um dia isso não nos bastou… foi então que numa consulta da especialidade a notícia chegou, temos prontas as conclusões para apresentação de prova, rimos então no nosso olhar, choramos no nosso sorriso, tudo estava pronto, estava em nós a decisão de a produzir, a prova irrefutável da decisão de nos amarmos todos os dias de novo.
Um dia isso não nos bastou… e tudo se conjugou no universo, na Bênção divina, o local, o calendário, a lua, tudo perfeito, ato de amor, gemido da alma, no desejo do corpo, no brilho do olhar, no orgasmo supremo da dádiva e entrega ao amor, concebemos-te a ti, a prova, irrefutavelmente inegável do amor que une um homem a uma mulher.
Um dia isso não nos bastou… não nos bastava escolher amar-nos apenas um no outro, mas amarmo-nos também em ti e por ti… Escolho amar-te também a ti meu filho, fruto divino do amor que nos une!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LV

Escolhi Amar-te LV

Dou por mim a ser assediado sexualmente por ti todos os dias, até no propósito de subir as escadas sempre à minha frente rumo ao nosso ninho.
Escolher amar é também em si um propósito induzido de felicidade sobrepostas pelos actos da satisfação carnal do amor, e nisso sou obrigado a reconhecer em ti os propósitos sedutores que se modificam e revalidam diariamente com os tempos, maestra da inusitada arte de sedução, presencialmente ou distante, fazendo-se presente na arte de fazer sonhar as palavras.
Lembra-te daquele ditado chinês que resolvemos contrariar? Sim aquele em que um Ansião dizia: “ se um casal colocar uma moeda num pote cada vez que faz amor nos cinco primeiros anos de casado, poderá tirar uma moeda cada vez que faz amor após os cinco anos que nunca ficará vazio”? Lembras-te? Onde já iriam as moedas…
Talvez seja esse o segredo que Deus nos guardou, talvez a forma de nos unirmos e de manter a nossa união, seja precisamente a interpretação à letra de vos farei um só…
Escolher amar-te é poder fazer sexo contigo a toda a hora e momento, estejas ou não presente em mim, é poder fazer sexo na alma, ma união de sonhos, na união de pensamentos, na união de projectos e metas comum, atingindo o orgasmo cada vez que que os realizamos, cada vez que simplesmente decidimos ir às compras um qualquer dia e concretizar em conjunto essa ida.
Escolho amar-te não apenas porque me escolhes, mas porque nos escolhemos mutuamente a cada dia, afastando de nós as contrariedades, abdicando, consensualizando, dialogando, e acima de tudo praticando diariamente orgasmos de felicidade!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LIV

Escolhi Amar-te LIV

Escolhi dar tempo, do teu, do meu tempo, tempo tão escasso e tão curto, do tempo que levo, que na memória retenho, o tempo que perdi no teu olhar, o tempo que ganhei no teu abraço, o tempo que gastei em ti e o tempo que me deste a mim.
Lembras-te? Do tempo que roubávamos a nós mesmos para dar aos outros, ficando tantas vezes sem qualquer tempo para nós? Lembras-te? De quantas vezes pedíamos tempo emprestado ao dia seguinte e que nunca chagava a ser pago?
Nunca perdi tempo nas escolhas que fiz, nunca perdi tempo contigo, todo o tempo contigo nunca foi ou será uma perda, o tempo que uso em ti é tempo ganho em nós.
Hoje decidi e escolhi poupar tempo, para o investir em uma conta-poupança, irei poupar todo o meu tempo para o depositar em nós, para que possa restaurar o tempo que perdi fora de ti. Aproveitar as condições financeiras do tempo, e dai tirarmos os dividendos que tanto procuramos, felicidade, cumplicidade, comunhão, prazer, paixão, Amor!
Escolho Amar-te investindo em ti e em nós parte do tempo que tinha, parte do tempo que tenho, para que tenhamos tempo para nós!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LIII

Escolhi Amar-te LIII

Nada de extraordinário fazemos, nos actos ordinários com que nos entregamos à vida, a mulher que escolhi amar não é extraordinária, eu não sou extraordinário, extraordinário é ela continuar amar-me, nos gestos ordinários com que a brindo todos os dias.
Um abraço, um beijo, uma palavra, um gesto, uma flor, não são por definição gestos extraordinários, o que é extraordinário é o momento em que esses gestos são entregues ao outro.
Abraçamos em nós a ordinarice de nos amarmos ordinariamente, sem a busca constante pelo acto extraordinário de nos amarmos extraordinariamente. Acontecem a cada momento actos de extraordinária sedução, talvez por nos apaixonarmos quase todos os dias um pelo outro.
Sonho-te constantemente em sonhos ordinariamente reles, extraordinário seria não te sonhar assim, despida em mim, sedutoramente, despertando desejos carnais inconfessáveis fora de ti. Damos aos momentos ordinários a sedução de em cada um deles formamos memórias extraordinárias da nossa vida passada, no constante acto de nos apaixonarmos todos os dias.
Deixemos os momentos normais para as pessoas normais, para todos os casais sisudos que hoje se cruzaram connosco, para eles e para os outros sisudos que na sua louca individualidade, perdem momentos extraordinariamente felizes e sedutores, onde eles apenas vêm a normalidade do momento.
Escolhi Amar-te até mesmo quando me arrastas para as compras, onde brincamos com a roupa que podes vestir, estando despida para mim!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LII

Escolhi Amar-te LII

Pedro Chagas Freitas disse: “Acabo de perceber que estou a escrever mais uma obra lamechas, vivo na Lamechalândia desde que te conheço”.

Mas existirá outra forma de falar do amor sem que seja lamechas? Bem existir até existe mas prefiro falar-te disso na intimidade do nosso leito, deixaria de ser lamechas, mas roçaria levemente a pornografia.
Já não fazemos amor desde a última vez – lembras-te? E mesmo assim as horas do meu relógio já não chegam para contar o tempo que se passou, apenas o tempo que falta para te abraçar de novo, se é que se pode chamar de abraço aos movimentos que pretendo preconizar em ti. Quero definitivamente envolver-te em mim, sentir toda a saudade do teu ser, todas as formas do teu corpo em mim.
Sejamos lamechas, não sou perfeito, não és perfeita, talvez por isso nos amamos tanto, chego a pensar que amamos apenas os nossos defeitos um no outro, para que juntos os anulemos, para que juntos nos completemos na complementaridade que o sexo também nos dá. (e ele a dar-lhe). – vês o que me faz a tua ausência em mim?
Ainda assim serei lamechas, amar-te é em mim a necessidade de afirmar minha própria existência no amor, amor não é algo que se sinta, que se veja, amor faz-se acontecer em cada gesto, em cada acção, em cada palavra.

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te LI

Escolhi Amar-te LI

Dias há em que apenas espero em suspenso, a vida segue pardacenta, numa qualquer imobilidade temporal, nada acontece, nada de novo, em que o Amor perde todo o seu significado, praticamente esquecemos todos os “comos”,  todos os porquês…
Dias há em que se nada fizer, nada acontecerá, e mesmo que o faça, talvez mesmo assim, nada mudará. Talvez seja do tempo, do tempo afastado em que nem saudades sinto, ou de as sentir apenas fiquei assim, imune, imune ao tempo que passa sem que efectivamente pense em nada.
Dias há em que a afectividade máscula ou não, desaparece, nem sequer desejo, nada… ou um tudo reprimido, à espera de uma fonte de ignição, um toque, um olhar, uma palavra, mas agora, no imediato? Nada… não sinto vontade de ir, muito menos de ficar.
Dias há em que se não decidisse amar-te, efectivamente nada sentiria, talvez segundo os especialistas seja isto uma depressão momentânea, mas não, é apenas um lapso temporal em que eu, simplesmente deixei de existir! Pois como diz o ditado “quem não se sente não é filho de boa gente”. Talvez seja isso, deixei de existir na tua ausência, quando deixo de te pensar em mim.
Dias há em que para saber-me existir, devo apenas procurar-me, para me poder encontrar em ti!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te L

Escolhi Amar-te L

Escolher amar-te foi provavelmente a decisão mais inteligente que tomei enquanto ainda era um idiota!
Antes mesmo de me saber eu, escolhi descobrir-me em ti, no teu abraço perdi o limite do perigo, abriste-me o horizonte do teu olhar ao meu, inflamaste-me em nova coragem no teu beijo, reencontrei as cores do mundo, não do meu, mas do nosso, que hoje dia-a-dia edificamos na alma.
Encontro em ti a cura e a minha doença, a cura dos medos e a doença do ser destemido em ti, perdi o medo de te amar em mim com todo o meu ser, encontro no teu sorriso a desculpa perfeita para saltar para abismo que és tu. Nem precisas de sorrir muito, ou pedir ternamente, basta que teus olhos mo peçam.
Perdi de mim a ignorância da paixão, a euforia juvenil das hormonas, hoje não eu, não tu, amamo-nos febrilmente no corpo e loucamente na alma, mais no corpo com a alma, ou com a alma no corpo…
Escolhi Amar-te para que o eu desse lugar ao tu, para que o tu passasse a ser eu, e o nós se tornasse a primeira pessoa do singular!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te XLIX

Escolhi Amar-te XLIX

Há dias assim, sinto-me capaz de tudo, com vontade de nada. Em que me sinto mais vivo que nunca, mas morto no querer, mais forte no desejo, mas mais fraco no sentir. Dou por mim procurando o meu ego num sítio muito distante, distante de ti, distante de mim.
Assim encontro-me em ti quando me perco de mim…- dizem que não somos metade um do outro, mas apenas formamos um. Quando estou gelo, tu és fogo, quando se apaga o desejo, ofereces-me o fogo reavivado e opressor no calor do teu beijo, como que me beijasses a alma.
Escreves em mim a sedução do desejo, do profano e erótico querer, proclamas em quatro paredes o gemido que me sopras ao ouvido, sedutora forma com que me envolves em teus braços ao despir-me a alma. Contorcionista em meu corpo, escalas em mim, no rubor de meu rosto, extasiado, anestesiado na volúpia do teu desejo.
Arrebatas-me definitivamente para ti, para em ti me redescobrir e encontrar-me quando me perco de ti. Hoje escolhe-me a mim, para que eu te volte a escolher a cada dia!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te XLVIII

Escolhi Amar-te XLVIII

No uno que formamos divergimos, numa visão antagónica das palavras, regemo-nos por uma incompreensível divergência de dicionários, livros em tudo semelhantes, em tudo diferentes, livros com o sexo estampado na capa. As palavras têm sexo, o seu significado varia segundo o género que as escuta, que as lê.
O meu sim, pode ser o teu não, o teu não pode ser o meu sim, quantas vezes dialogamos surdamente, palavras inatendíveis pelo congénere, pelo simples facto de não as entender no profundo significado com que foram produzidas.
Como posso respeitar-te se no meu dicionário essa palavra significa: acatamento, obediência, submissão, medo do que os outros podem pensar de nós. Enquanto para ti : Apreço, consideração, deferência, sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém.
Quantas vezes despejamos um no outro mensagens e vocábulos numa qualquer língua codificada apenas perceptível ao nosso género individual, entendemo-nos na gestualidade das palavras, na demonstração silenciosa na mensagem, no verdadeiro dialogo e no divino elo de ligação o AMOR.
Talvez Deus tenha criado o Amor como elo de diálogo entre géneros, para que Adão e Eva pudessem entre si comunicar, em tudo tão semelhantes e tão diferentes…
Somos divinamente agraciados na escolha sintomática do dia-a-dia, a escolha de nos amarmos, é o Amor que permite que me comunique em ti, como se parte de mim te pertencesse, que na fusão das almas eliminasse o género…
Escolhi amar-te a cada dia para que possamos falar um no outro!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te XLVII

Escolhi Amar-te XLVII

Todos os dias vivemos convencidos de que temos tempo, que o mesmo não se esgota, que o mesmo não flui como areia por entre os dedos, até ao dia em que somos confrontados com a dura realidade, um familiar, um amigo, um colega, simplesmente não chegou a casa.

Nesse dia tudo é por nós posto em causa: 

Quanto valem as incoerências da vida?
A pressa, o cuidado, a má disposição,
Indisposição, preocupações, problemas,
Perder tempo, correr contra o tempo,
Se um dia o tempo pode extinguir-se!

Sem que tenhamos tempo para um adeus, um Amo-te, um pedido de perdão, uma bênção, um perdoo-te… A cada dia quero mostrar a ti: Esposa, Filho, Pai, Mãe, Sogro, Sogra, Irmão, Irmã, Cunhado, Cunhada, Amigo, Amiga, Colega, Conhecido, desconhecido, a cada um de vós quero dizer, mostrar o quanto vos amo, o quanto me fazem falta, pedir-vos perdão e perdoar-vos, para que quando o meu tempo se extinguir, eu saiba, tu saibas, que ele foi vivido na sua total e absoluta plenitude!

Alberto Cuddel

Escolhi Amar-te XLVI

Escolhi Amar-te XLVI

Do tudo que esperas de mim, o nada que te posso oferecer… apenas eu completamente imperfeito, nos defeitos com que me aceitas…
Encontro na solidão gélida do nosso leito, o tempo para a reflexão necessária à saudade que sinto. Não, não sou um marido perfeito, nunca te prometi sê-lo, o tempo encarrega-se de me mostrar todos os defeitos que encontro em mim ao pensar-te, já mais serei perfeito, recuso-me a ser perfeito. É na verdadeira imperfeição que nos encontramos e nos completamos, para sermos melhores, para nos amarmos mais a cada dia, no faustoso encontro em que nos regemos sem tempo, o tempo que nos resta para nos encontrarmos.
Este tempo maldito, em que os minutos parecem horas, no afastamento imposto, tempo solitário que é em nós gloriosa chave de meditação sobre o “nós”. Solidão imposta pela tua ausência, encontro em mim, a necessidade absoluta de ti, em ti sou melhor, sou eu.
Sinto a tua falta, nunca nos devíamos afastar por uma imposição de escolhas laborais que nos impuseram. Não, não por um incontrolado e impensado lapso temporal, que nos fazem viver como conto de fadas, um no dia com o sol, o outro na noite com a lua… porra onde para o Eclipse?
Sim tenho defeitos, mas que importam, se não estás aqui para me corrigir? Sinto a tua falta, do teu beijo, do teu abraço, do calor do teu corpo, do sexo, do dormir de conchinha… sinto a tua falta!
Do tudo que esperas de mim, o nada que te posso oferecer… apenas eu completamente imperfeito, nos defeitos com que me aceitas, e mesmo assim distante temporalmente, escolho amar-te todos os dias e moldar-me a mim em ti, como te moldas a mim nas minhas imperfeições…

Alberto Cuddel

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