O desespero das casadas

O desespero das casadas…

há homens que não esfregam o clitóris das suas mulheres
mesmo que o quisessem não o sabem fazer
com o mesmo dedo que tantas vezes levam à boca
humedecendo para virar impressos no seu emprego…

há homens que não beijam o clitóris das suas mulheres
com a mesma língua com que insultam os árbitros
com a mesma língua com que sentem a cerveja gelada
onde humedeceram o dedo para virar impressos….

há homens que não fazem amor, ou sexo, “aliviam-se”
enfiam o pénis na vagina como o carro na garagem
e ficam ali, para dentro e para fora, até bem estacionado
depois saem, viram-se para o lado, satisfeitos com o trabalho…

Depois há mulheres que mesmo assim teimosamente sonham,
com um príncipe em cavalo montado…
ou apenas com o vizinho do lado…

Januário Maria
08/02/2018

Muito Obrigado!

Muito obrigado a todos os que ao longo destes anos me seguiram nesta aventura da escrita, depois de milhares de poemas escritos e partilhados aqui no blog e nas mais variadas redes sociais dou por terminada esta aventura… durante estes anos fui surpreendido por muitas mensagens que me foram deixando, por muitas partilhas e por muitas amizades que se foram criando. Agora fica aqui registada essa memória, esses poemas e escritos, para que não se percam.

Um enorme bem haja a cada um de vós… Não é um Adeus pois os poetas não morrem mas sim um até sempre.

António Alberto Teixeira de Sousa

(sem) Abrigo

Desafios palavras soltas

De : Ruth Collaço  / Ventos Sábios em parceria com João Gomez photography

Tema: Abrigo

(sem) Abrigo

(Des) abrigo-me dessas pedras construídas por uma sociedade hipócrita e egoísta, quem vos convenceu que eu quero viver numa gaiola preso a despesas fixas, com horários fixos a fazer todos os dias coisas que não gosto? E eu é que sou o errado, o que dá mau ambiente à cidade? E as vossas caras fechadas que se cruzam comigo pela manhã, de olhar fixo no chão, sem olhar o céu, sem dizer bom dia, sem apreciar os pássaros e as flores porque em um horário a cumprir, para pagar despesas e impostos que não queriam e não pediram… E o errado sou eu?

Sim eu (sem) abrigo, vivo livre, quantos presidentes me quiseram enjaular, inserir-me no mercado de trabalho, prendam-me em Évora, talvez lá seja mais livre que numa jaula de um prédio qualquer de uma avenida escondida da cidade, pagando o que não quero por uma coisa que não pedi, fazendo o que nunca quis… Eu, eu não quero abrigo, as minhas paredes são as pernas, e o meu texto o céu… Vou onde a vontade me levar…

Januário Maria

Foto de : João Gomez photography

Sinais

Sinais

na parede da esquina
a roupa estendida
assim saberás tu
se te espero ou não…

são sinais senhora…
a roupa estendida
cuecas fora de casa
e calças ao contrário…

vem…
contra a parede a costa esta livre…
ninguém percebe
ninguém viu
entra e serve-me
deixa-a satisfeita
sorridente espreita
não é vadia
não é da vida
aproveita apenas
a roupa estendida…

Januário Maria
21/01/2021
15:25

Foto cedida por :
João Gomez photography

O cerco que não cercou, ai Portugal….

O cerco que não cercou, ai Portugal….

cercou Portugal, que se fechou por dentro
fé fechada, santos na praia, e cagar?
nada…

açambarcam por medo, e beijam-se…
abraçam-se e vão trabalhar, as mãos?
as mãos sujas continuam a roubar…
ai covid, nem dezanove nem vinte
o medo, o medo tolhe, e o perigo?
qual perigo apenas os outros
apenas os outros eu sou “imune”

não ouvem e não escutam
não fazem e desdenham
medo que os putos fiquem em casa
e as putas em quarentena
apontam o dedo, e agora não recebo
mas proteger? Isso é que não
a protecção é para fracos
e se infectar, aborta…

oh Portugal, serias um paraíso
sem portugueses…
cerca-te de um cerco que não cerca
que venha o calor, e a praia tudo cura…
não há papel? mas há notícias…
e latas de atum em toda a vila…

Januário Maria
12/03/2020

THE END

Despedida…

1590 poemas depois abandono o blog, a todos os que me seguiram o meu muito obrigado! foi bom sentir o vosso apoio e calor humano, foi bom crescer com as vossas criticas! quem sabe um dia, algures no futuro eu regresse.

Um enorme abraço,

Alberto Cuddel

25 de Abril de 1974 – Revolução dos Cravos

Abril de ontem e hoje esquecido

Nasci na véspera deste nosso Abril
Frágil, franzino, nas mãos da mãe
Contaram-me dos ensaios, motivações
Das convicções, da fome, prisões
Da falta de liberdade, de escolha,
Contaram-me que um punhado de heróis
Por estes ou outros motivos, com cravos na G3
Libertaram este povo de uma vez…
O Abril morreu ontem ai sentado
Não há velho pelo jovem lembrado
Não à memória da fome e sofrimento
Não sabem o que é gritar cá dentro
Palavras presas entre os lábios
E olhar as estrelas, e astrolábios
Com os olhos inundados de palavras choradas
E a barriga cheia de fome…
Em angola morre, mais um homem…
Conquistaram, para quê?
Que valor lhe dão
Os que nunca lutaram por pão,
E todos quantos nasceram com tudo
Até com palavras a mais…
E muitas acções a menos…
Gritam, reclamam, mas fazer, nada…

Alberto Cuddel
25/04/2017
0:11

25 perdido!

Nostálgica liberdade,
Pelo povo desejada,
Militares ensaiada,
Na rua conquistada,
Na voluntariedade de agir,
Esquecida nos pais,
Moribunda nos filhos,
Dos netos desconhecida!
Liberdade esquecida,
Que de consciência não se faz,
“Alguém” que por mim fará,
Aquilo que deixei de fazer….
Sangue novo saído,
Ao estrangeiro impingido,
Perdida a jovialidade,
Desta pobre liberdade!

Alberto Cuddel

A cada Abril

A cada Abril tudo volta a ser recordado
A cada um sem memória, não há forma
Sem que a falta e abstinência seja sentida
De tudo o que tenha por garantida
Encontrares em ti o sentido da liberdade reprimida?
Abril está ai, nas telas, nas ruas, nos cravos, em todo o lado
Mas tu? Não encontras em ti, nada que lhe dê significado
Tudo é garantido, nada é por ti conquistado,
E tu filho da liberdade? Lembra-te antes dela
Nada… tudo era apenas um sonho, de um homem acordado…

Januário Maria

Depois de Abril

Depois de Abril a euforia primaveril
E a vontade de fazer coisas,
De dizer coisas, de manifestar-se pelas coisas,
Na euforia de termos coisas, descansamos
Gozamos alguns meses de Verão,
Ganhamos o gosto por estar estendidos
Olhando o céu, sem pensar nas coisas,
Depois de termos gastado algumas coisas
Chegou-nos o Inverno, imobilizados
Pelo frio e preguiça, de conquistar coisas
Deixamos que as coisas se gastassem
Colocamos as coisas nas mãos dos outros
Dos “eleitos” esses usam as coisas
Sem que nós vigiemos, enrolados
Nas coisas da vida e na preguiça,
A cada dia de sol deste Inverno
Alguns poucos gritam coisas na rua
Mas logo se recolhem à primeira chuva…
E assim queixamo-nos das coisas que perdemos
Das coisas que se gastaram, mas ninguém
Cuida das coisas, das suas próprias coisas
Que são afinal de todos!

Alberto Cuddel

Nesses olhos inquisidores com que me fitas de baixo a cima…

Nesses olhos inquisidores com que me fitas de baixo a cima…

Li, sem entusiasmo e sem pasmo, esses olhares que me deitas na prosa, talvez até poemas, mesmo que me aprouvesse dizer umas quantas coisas estúpidas sobre o modo como me olhas as letras, apenas me despes, numa procura infrutífera por um Tiago, quem sabe até um Januário escondido por detrás da camisa, revoltado com as leis debitadas por uma assembleia da Ré-Pública. Talvez procures janelas castanhas, ou verdes de Sol, ou a mera coscuvilhice que te transtornou o cérebro a tal ponto de te parecer provável e plausível que as sombras de ideias que usualmente desenho nos versos e habitam as almas confusas, não sejam apenas isso, “ideias” de um sentir que apenas tu sentes, porque nenhum outro viveu a tua vida.

Talvez procures nas letras de uma Joana um sinal cabal de uma infidelidade do sentir, ou num Sírio que brilha nos confins do universo uma vontade férrea de sexo antes de morrer, talvez procures sinais de uma linguagem codificada que só tu entendes quando te digo que te amo, assim declaradamente ao mundo…

Às vezes em conversas distraídas que me ocorrem em pelo acto de pensar, vem-me à alma outras loucuras e amo de novo como pela primeira vez, não pessoa diferente, mas tu, apenas tu, ainda que procures nas letras outros corpos e outros orgasmos, apenas o poema existe como testemunha cabal de uma realidade sonhada de tão real…
Há na complexidade burocrática do meu acto de escrever uma loucura que me atrai, e nessa loucura desenhas teses mirabolantes de uma vida que nunca tive, a minha realidade mora ali, neste corpo terreno, bem dentro do peito, e tu? Tu sabes que existes, e eu também…

A de Alberto Sousa

Não me venham…

Não me venham…

Não me venham
Com palmadas nas costas
Com mesinhas e choradinhos
Com palavras e lágrimas de crocodilo
Não me venham…

Não me venham
Com queixas e ciúmes
Com egos feridos e queixumes
Não me falem de moral e bons costumes
Não me venham…

Não me venham
Pedir trabalho
Dinheiro emprestado
Aumento de salário
Com mais impostos
Com mais descontos
Não me venham…

Não me venham
Criticar porque sim
Dizer mal porque “nim”
Façam acontecer
Façam, não fiquem pelo dizer
Façam as ideias nascer
Ter corpo e asas…
Não te queixes da falta de sorte
Quando nunca tens jogado…

Não me venham
Dizer a mim ninguém me lê
Quando tu não lês ninguém
Não me venham dizer
Que só publicam os conhecidos
Mas um dia ninguém os conhecia
Procura a tua sorte
Faz-te acontecer
Aprende que só a cair
Vais saber como é correr…

Januário Maria

Censura…

Censura…

Censura e bloqueia
A quem tem outra ideia
Nudez não é pecado
Pecado é não ter amado…

Enraivecem-me esses padrões enviesados,
Em privado tudo é permitido
Até o rapto violado, bem combinado
A fuga, as “nudes” que escapam por ai
Em privado, tanto, tanto sexo…
Nas paginas tudo e santo…
Um mamilo, ai meu deus que vergonha
Um homem por detrás da mulher,
Ai que calor nos aparelhos, bloqueio
Dois homens nem há problema
Não arreliemos minorias, diferentes
Nós é que somos intolerantes?

É censura descarada,
Pode a coisa estar pintada
Toda la bem enfiada
Que não é bloqueado
Já se for sentido na carne
Ó deus que fazem um filho…

É verde, é tinto,
Esta tudo grosso
Esta tudo Fino…

Nudez sim,
Mas nas estatuas…
Censuram o meco…
Aldeia do Sol…
Quem sabe Meca
Bela brancura…

Talvez o nome da serpente fosse pudica,
Para que Eva se cobrisse e abrisse conta no facebook…

Januário Maria!
01/08/2018
18:30

Aniversario!

Faz exactamente hoje um ano que iniciei esta aventura… Um blog…

Hoje um ano depois estes são o números: 128956 visualizações, 15321 visitantes, 42854 likes, 6525 comentários e 1214 poemas/textos publicados. 
A todos os que me apoiam e me dão força para continuar, muito obrigado a todos os que me lêem…

Alberto Cuddel

 

Arroto a que chamas poesia…

Arroto a que chamas poesia…

Quantas vezes te revestes de mentira e palavras compridas?

Tu que te intitulas poeta, mentes com todos os dentes
Poeta triste de sorriso nos lábios, suicida apaixonado
É irascível a dor que tentas camuflar, e nunca a sentes…

É intragável a escrita solta sem rima, chamas-lhe branca
Branca é o que injectas nas palavras que rasgas e poluis
Cantas amores, sentires e desejos, quem te dá confiança?

Ó poeta de horrores, assassino da língua, maltrapilho do ser
Quem te alimenta o ego? Quem de sã mente te dá de beber?
Iludi-vos pois com a farsa deste farsante, que não sabe escrever…

Ó triste ilusão a tua que vives, não escreves o que dizes
Não vives o quê escreves, iludes, mentes, sem juízes…
Renega-te, confessa-te, transforma-te, escreve-te
Não confundas quem te lê, sentindo o que nunca vê…

Quantas vezes te revestes de mentira e palavras compridas?
Vocábulos copiados, rebuscados enjeitados, plagiados…
Poeta abstém-te se ser o que nunca foste…

Januário Maria
05/05/2018
21:20

A dor não saiu à rua…

A dor não saiu à rua…

esconde-se por detrás de janelas ocas…

olhares vazios que espreitam e morrem

na solidão dorida dos últimos dias

e sofres, espreitando o mundo

por detrás de uma tela oca

por onde os teu netos te visitam

longe, tão longe, mesmo na rua ao lado…

Januário Maria

Não me preocupam…

Não me preocupam…

Não me preocupam as opiniões
Se sinto, se não sinto, se rimo
Se são tristes, amores ou paixões
Se são poemas, quadras ou texto corrido.

Poesia não é o que escrevo, mas o que lês
Na forma milagrosa com que te encontras
Nas frases, pensamentos, nas palavras!

Não me preocupam os doutores que sentem
Ou os inspirados, os com alma, esses escrevem-se
E inscrevem-se vezes sem conta em sentires redondos!

Valorizo, os que fingem, os que representam
Os que choram a mãe, mesmo que não tenha partido
Os que desejem o reencontro do amor,
Com ele vivendo e beijando a seu lado,
Os que vêm o desbrochar uma flor no deserto,
Os que ao olhar uma pedra encontram um castelo,
Poesia, é a arte de te fazer encontrar a beleza
Pelos olhos de um distante olhar!

Não me preocupam os que criticam..
Apenas os que verdadeiramente sentem
Sentados num transporte publico,
Enquanto lêem…

Januário Maria

O desespero das casadas…

O desespero das casadas…

há homens que não esfregam o clitóris das suas mulheres
mesmo que o quisessem não o sabem fazer
com o mesmo dedo que tantas vezes levam à boca
humedecendo para virar impressos no seu emprego…

há homens que não beijam o clitóris das suas mulheres
com a mesma língua com que insultam os árbitros
com a mesma língua com se sentem a cerveja gelada
onde humedeceram o dedo para virar impressos….

há homens que não fazem amor, ou sexo, “aliviam-se”
enfiam o pénis na vagina como o carro na garagem
e ficam ali, para dentro e para fora, até bem estacionado
depois saem, viram-se para o lado, satisfeitos com o trabalho…

Depois há mulheres que mesmo assim teimosamente sonham,
com um príncipe em cavalo montado…
ou apenas com o vizinho do lado…

Januário Maria

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