Cegos sejam os poetas…
cegos sejam os poetas aos sons da alma
na avareza insaciável do ego, palavras
perdem-se vidas nesse caminho de pedra
busca comprometida pelo julgamento alheio
nessa arte que pintas, nas estrofes que lavras
por um intrépido sorriso oculto e um tremer de lábio…
cegos sejam os poetas ao olhar do leitor
lançando nuvens de algodão em pântanos
ninguém te ouve, ninguém te escuta
e cavas fossos de interpretação na história
por deuses ortodoxos na natividade do olimpo…
e esse paraíso que te morre no submundo…
cegos sejam os poetas que constroem casas
e tento lar sem gente, vivendo na multidão
correm atras de um ponteiro que os ultrapassou
choram o tempo que lhes morreu por entre os dedos…
pancadas secas em lombos alvos sem culpa…
macho diziam…
cegos sejam os poetas aos dedos lerdos do prazer
e toda a miséria humana que os fazem perder…
vejam o mundo com novo olhar,
e cantem a beleza linguística
expondo as feridas da alma
que o mundo tenta calar…
Alberto Sousa
26-06-2022
Poemas de nada que se perdem na calçada

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