Fome

Há em mim essa fome de desejo que me consome o corpo, essa vontade férrea de te possuir todos os orgasmos que me condena a alma. Essa concomitancia aguda que me percorre a ponta dos dedos, que me enrola a língua, que me enrijece os músculos… Essa loucura rubra de te despir apressadamente, de te percorrer o ventre e os seios nos lábios… Essa loucura sonhada e desejada de tornar real o querer… De sentir o sopro do teu gemido no ouvido… De contar todas as correntes elétricas que te percorrem os cabelos… Quero sentir-te… Fazer-te deuza do meu império… Ser dono e senhor do mel que te escorre pelas coxas…
Quero f@der-te até amar-te até ao infinito…

Tiago Paixão

As chaves da saudade

As chaves da saudade

entre promessas e desejos de uma paixão crente
há essa impossibilidade de distância a percorrer
não daqui a aí… mas a distância do sonho à realidade…

há esse movimento circular de rodar, de contornar o corpo
esse querer consciente de beijo, de te desnudar a alma
como viagem persecutória ao combustível do desejo…
será a viagem da vida essa loucura de sonhar o orgasmo?

entre chaves e portas, entre promessas e desejos
sonho-te liquidamente em mim, como a viagem
em que ao plano físico atrelamos os sonhos
desejo e saudade, do que será, depois de ter sido…

entre promessas e desejos, carregamos o sonho…

Tiago Paixão
19:46 19/01/2021
a fúria da saudade

Rubro Perigo

Rubro Perigo

ensaias em paisagem despida o sonho da Primavera
reveste de desejo a fome dos dias, rubras vestes

somas ao querer o rubro perigo de te degustar
mostra-te doce, quente, libidinosa
nessa vontade de existir pelo prazer de degustar
a alma anceia o que o olhar come
talvez o suave gosto da paixão escorra dos lábios
talvez seja amor, esse anseio venenoso de prazer…

naturalmente somos medo, na adrenalina do querer
mergulhamos de cabeça, esse toque dos lábios
a suavidade dos dedos, o despir arrepiado
a colheita, a prova gastronómica do orgasmo
tudo um rubro perigo
porque os olhos também comem…
e antes agora… que morrer de saudade
do que foi, sem nunca ter sido
pelo menos uma vez…

Tiago Paixão
13:40 22/01/2021
a fúria da saudade

Sê em mim…

Sê em mim…

não me esperes na lassitude do tempo
vem, procura-me, encontra-me em ti
faça-se em mim segundo a tua vontade…

nesta ânsia de me amares, provocas-me
desperta-me o corpo dormente
na volúpia latente, desse corpo quente…
na insanidade louca desse amor
sobes em mim, como serpete
que me enleia nos beijos, nos ósculos
nas mãos, nesse olhar que me devora…

mata-me o tédio dos dias, enlouquece-me
renovadas noites, uma e outra vez…
beija-me, percorre-me o corpo e bebe-me..

afasta de nós a monotonia do ser
incendeia a paixão adormecida do cansaço
faz-te em mim, sê em mim,
mulher, amiga, amante…
roubemos as noites em nosso leito
adormeçamos só no raiar da aurora…
façamos amor, sempre e também agora…
que as noites se façam dias, que os dias sejam notas
e os beijos segredos, e na voz doce…
desejo-te, toda agora…
despe-te de tudo
veste-te apenas de mim…

Tiago Paixão

Havia uma estrela a caminho…

Havia uma estrela a caminho…

em frias palhas deitado,
um ideal, sonho humano
messias anunciado…
comunista… comunista…
fariseus de mãos erguidas colectam…
colectam o soldo do dia…
pelo seu nome tudo é curado
acaba a inveja, seu bolso é esvaziado…
e os camelos passam… pelas ruas, pelas portas
por buracos de agulhas, e bolsos ficam recheados…

que de Belém não escape ninguém…
que em Canã se taxe a água que foi vinho
a César o que é de César… há soldo a ser roubado…
que se condene quem cura sem cobrar
Barrabás, Barrabás, condene-se o justo…
não pela justiça, mas pelo povo
a justiça o justificou, o ilibou
mas o povo na praça o condenou
e aos militares ordenou, faça-se a nossa justiça

crucificai-o… crucificai-o…

o povo acampado na rua, sob o sol e sob a chuva
assim o demandou… povo sábio, ignorante
instrumentalizado pelo sacerdócio
fazem santo o criminoso, e condenam o salvador do povo…
mas o bolso, fica cheio, não o de césar sem dinheiro…
mas do Levita, do Fariseu, o Sacerdote, e de todos os que os rodeiam
os Senadores do Senado, e os homens de branco…
os juízes que lavam as mãos, e outros que os olhos fecharam…

crucificai-o, crucificai-o…

(eu mantenho o meu… status, serei salvo, pago a minha salvação)
que morram os que pedem, os que tem fome não me servem,
que morra o doente, o milagre não é de gente,
por Deus toda a nossa vontade seja imposta na terra pela força das armas
porque o povo é “JUSTO… inocente, mas muito justo”

Amém…

António Alberto Teixeira Sousa
In: Sonho perigoso de um futuro que pode acabar
00:50 02/12/2022

Website Powered by WordPress.com.

EM CIMA ↑

%d bloggers gostam disto: