Teia virtual
Enfileirei-me, estudei o mercado,
Enredei-me em redes e teias,
Teias finamente tecidas, e colocadas
Estrategicamente publicadas
Num horário, testado, para,
Que o isco, escrito, habilmente
Lançado, na rede sedutora,
De uma tristeza carente
Que te seduz habilmente
Nos instintos maternais,
Mulher,
Cruamente desprezada,
Perdida no sonho
De apenas ser amada,
Na retribuição carinhosa
Da atenção dispensada,
Há presas fáceis, da ardilosa
Armadilha,
Sob uma falsa montada
Capa descarada,
De uma liberdade imposta,
Seguro de si, o lobo,
Na capa de cordeiro armado,
Tece teias com seus tentáculos,
Enreda, tece, prende emocionalmente
Cada uma das presas, ensaiando,
De Estocolmo a síndrome,
De assumir para si
Papel de vítima!
Ó ardilosa e matreira conquista,
Na visão intimista,
De ver as suas
Enfileiradas presas
Presas a si pelo virtualmente
Seguro sentir, comendo-se vivas
Umas as outras, apenas para elevo
De um macho e louco, alter-ego!
Ó cruel, vil e triste manha,
Preso te encontras,
Na tua entorpecida liberdade,
Pela vaidade do engano!
Não, não sou melhor,
Maior ou diferente,
Ensaiei, tenho olhos, sou gente,
E tenho em mim, comigo,
Consciência, também eu fingi,
Levado, pelo deslumbre,
Pela facilidade,
Criando um outro eu!
Não, não é penitencia,
Tão pouco confissão,
Ou um lifting, tão na moda,
Apenas a certeza, que eu,
Eu, actor perfeito,
De perfeitos cenários,
Na realidade, na minha realidade,
Não sou, actor, encenador,
Caçador, pescador,
Mas presa voluntariosa,
Preso na teia sedutora
De uma perfeita e exímia
Caçadora, que me seduz,
Dia após dia, na paixão da partilha!
Alberto Cuddel
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