Desse purgatório fazemos o nosso paraíso
mil vezes morri, prostrado…
mil vezes ressuscitei
por uma dor mais vibrante
uma ausência confirmada
imposta contraria vontade
e um prazer mais torturado.
enquanto os olhos se esbugalham
numa imagem distorcida na memória
as doces curvas do teu corpo se contorcem
todo eu aqueço na longínqua distância
o nosso olhar pousado no horizonte
no desespero desse abraço mudo,
confessam-se diante de tudo
e por nada é o perdão concedido…
espelha-se no azul mar preso no teu olhar,
nas ondulações errantes do amor iluminado,
nudez do teu pensamento, sentir sagrado,
rubescidas em vagas de mar atrevido, amar!
tinjo de amor palavras,
que hoje desenho nos gestos
impregnando de doce perfume,
rosas que te nascem das mãos,
arrufos gravados nas areias do tempo,
lavados pelas marés, tolerante amor!
e depois, quando as noites nos chegam
brincamos com as sombras dos nossos corpos
iluminados pelos pirilampos do desejo…
tudo por nada, tudo se inicia no beijo…
diante do purgatório dos dias
reinventamos o paraíso, ali diante de nós…
Alberto Cuddel
19/06/2021
20:00
Alma nova, poema esquecido – VI
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