Poema do dia 27/08/2018
“nesta busca constante por um sexo corpóreo ou mera ilusão da conquista, reside uma metafisica linguística da casa mãe, que o homem, ainda conquista. Baralhai e dai, mas é ela, mesmo que sonhada, a dona do leito”
Fernando Pessoa in O livro do desassossego
Rasguei os ventos gramaticais desse vento que me cruza a imaginação,
Cozi vocábulos quentes arrastados por cafés, cerzi poemas falsos
Fui seduzido por sonhos escritos nas nuvens de papel, intensamente…
Cravei ideias em cérebros vazios, e fui cavalgando o mundo
Ruas vazias de gente só, cheias do acompanhamento global
Ali, mesmo ali enfiado no bolso direito das calças justas de ganga!
Despi-me e ninguém me viu,
Gritei, ninguém me ouviu…
Agitei bandeiras transparentes
Mascarei-me com mascaras diferentes…
Sempre o mesmo, querem-me
Apenas nos sonhos que gravo
Nessa dor que finjo sentir
Nesse amor que não possuo
Nessa beleza linguística de ser
Vida que olha o mundo de outro lugar…
Bebem-me, sorvem-me
E nunca me absorvem a essência…
Essa nunca foi tocada pelas letras,
Apenas pelos lábios doces, de quem me ousou
Tomar a alma como sua, na espera longa
Que o tempo me arrebatasse para o mundo…
Alberto Cuddel
27/08/2018
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