Brilho da Alma

Brilho da Alma

Na fina Tez o brilho de tua alma
A força das cores da tua aura
Luta, esperança, força, vontade
A constante de ser quem és
A certeza de seres verdade
És força da natureza, mulher
Do querer, do afirmar, do remar contra marés
Não desistas, não baixes os braços
Não deixes de ser quem apenas és!

Alberto Cuddel

Poema do dia 31/08/2018

Poema do dia 31/08/2018

Pudesse eu contigo mudar o mundo,

Embrulha-me o coração no teu abraço
Afaga o meu peito contra o teu
Iça as velas, fujamos dos dias, noites
Rasguemos madrugadas nos beijos!

Perfumemos as manhãs que nos denunciam
Coremos o sol que nos espreita
Corramos mundo lado a lado
Alvoradas claras dos nossos ósculos…
Abracemos a vida nos jardins da cidade
Gritemos sem vaidade, toda a verdade…

Pudesse eu contigo mudar o mundo,
Em blusas brancas de seda pura,
Nas mãos que me depositas no peito
Nessa fúria de viver que em mim aceito!

Nesse virar de esquina, entre o sim e a afirmativa
A vida acontece, ali, diante do nada que foi…
Pudesse eu contigo mudar o mundo,
E tudo em nós depois mudaria,
Nesse (a)mar, tão nosso e tão sereno!

Pudesse eu contigo mudar o mundo…

Alberto Cuddel
31/08/2018
Lisboa, Portugal

Notas da Alma!

Notas da Alma!

Em meu corpo a pauta do ser,
Escreves em mim o som do desejo,
Musicando com o toque cada nota,
Percorres habilmente cada tecla,
Cada sopro, cada som…
Musicando, extraindo,
Compondo a perfeita sinfonia,
Na vibração absoluta de minha alma…

Alberto Cuddel

Poema do dia 30/08/2018

Poema do dia 30/08/2018

Sabes Maria?
Amar-te não é uma mera conjugação astral, um acto carnal de desejo, amar-te é em mim a própria existência corporal da alma. Amar-te é amar a própria vida, encontrar-me no mundo como único.

Sabes Maria?
Tenho tido saudades tuas, das nossas conversas, dos sorrisos e risos escancarados ao mundo, dos passeios, de olhar na mesma direcção, de ver as gaivotas no mar, de olhar a beleza de uma flor que nasceu, mesmo ali, ao nosso lado.

Sabes Maria?
Às vezes dou pelo meu reflexo a sorrir para mim, olhando-me nos olhos, como se já não me conhecesse, eu que sempre fingi ser tantos, sem nunca ter sido verdadeiramente eu, acho que o conheço, agora que me reencontro naquele reflexo, gosto dele, amo-o.

Sabes Maria?
Tenho pensado no amanhã, nesse tempo cheio de esperanças e sonhos, nesse tempo onde quero ser feliz, onde podemos correr o mundo, entrar no mar de pés juntos, sem medos, sem receios das marés, na certeza que o sol, esse voltará a nascer!

Alberto Cuddel
30/08/2018

Sedução de engano!

Sedução de engano!

Fome de eventos
Perdidos nos tempos
Longa demanda
Sedução pronunciada
Isco lançado
Espera mordaz
Ficar a saber
Do que és capaz
Ego ferido
Assim comprometido
Laivo de culpa
Pedida desculpa!

Cais, onde te perdeste?
Enroscado a um canto,
Cachorro ferido, ego escondido,
A ser linchado, por corações partidos,
Procurado, engano revelado,
Não és quem dizes, não dizes quem és,
Por terra pedes perdão,
De joelhos a meus pés,
Que negro fim te espera o viver,
Que em dobro te seja entregue
Tudo quanto fizeste sofrer,
Casanova renegado,
Por o desejo ter enganado,
Crise de afectos que me levou,
Assim a ti me ter entregado!

Perdão à dor, que nada sinto,
Defunto, frio, amargurado,
Meu outrora amado!

Alberto Cuddel

Poema do dia 29/08/2018

Poema do dia 29/08/2018
Perdi-me…
Perdi-me, encontrando-me na poesia das novas palavras, em novos significados dos abraços, nas hipérboles que me batem no peito, nas paixões que me nascem no olhar, nessas beiradas escorridas em musgos verdes. Abraço-te plenamente em mim nesta vida nova, pela força e esperança de um novo amanhã!
Perdi-me, encontrando-me a cada nascer do sol que me beija a janela, a cada chuva de cristal que me brota da alma rejuvenescendo os ciprestes que jaziam mortos no jardim da vida, perdi-me nas fragas das serras sonhando fotografias nunca tiradas em passeios de mão dada, encontrei-me em novos sonhos contigo a cada madrugada.
Perdi-me nos desejos de viver, encontrei-me na esperança de um novo escrever, nos sons de novas melodias, novas cores e novas letras, encontrei-me nos novos sabores que a vida me mostrou, que me deste e entregaste. Encontrei-me quando te procurei, para ser novo, na novidade de cada nascer do sol.
Perdi-me, para que me pudesse encontrar de novo, na novidade de cada madrugada desvirginada, a cada morte da noite, a cada ressurreição do sol, esse que nos beija a face, relembrando o calor que nos abraça a vida, beijando levemente a face.
Perdi-me, apenas para me encontrar de novo, a cada novo verso, que a vida hoje me mostra!
Alberto Cuddel
29/08/2018

Poema do dia 28/08/2018

Poema do dia 28/08/2018

Voaram gaivotas sobre o mar
Em dedos entrelaçados no monte
Abraços perdidos no tempo
Olhares que ficaram por cruzar!

Escorrem verdejantes os canteiros
em passos sincronizados,
vão florindo esperanças rosas,
amarelas, arco-íris plantado
regado nas palavras cantadas!

Na questão de uma pergunta calada
Lábios que se abrem, silêncio da resposta
Gravada a ferros na alma, nessa dor
A que chamam felicidade…

O tempo corre em sentido contrário
Como que a água voltasse a passar no moinho
Recuperando o tempo suspenso
Onde o ontem, volta a ser hoje
Florindo nova esperança para o depois…
O depois é, vai ser, todo o nosso tempo…

Alberto Cuddel
28/08/2018

Poema do dia 27/08/2018

Poema do dia 27/08/2018

“nesta busca constante por um sexo corpóreo ou mera ilusão da conquista, reside uma metafisica linguística da casa mãe, que o homem, ainda conquista. Baralhai e dai, mas é ela, mesmo que sonhada, a dona do leito”

Fernando Pessoa in O livro do desassossego

Rasguei os ventos gramaticais desse vento que me cruza a imaginação,
Cozi vocábulos quentes arrastados por cafés, cerzi poemas falsos
Fui seduzido por sonhos escritos nas nuvens de papel, intensamente…

Cravei ideias em cérebros vazios, e fui cavalgando o mundo
Ruas vazias de gente só, cheias do acompanhamento global
Ali, mesmo ali enfiado no bolso direito das calças justas de ganga!

Despi-me e ninguém me viu,
Gritei, ninguém me ouviu…
Agitei bandeiras transparentes
Mascarei-me com mascaras diferentes…

Sempre o mesmo, querem-me
Apenas nos sonhos que gravo
Nessa dor que finjo sentir
Nesse amor que não possuo
Nessa beleza linguística de ser
Vida que olha o mundo de outro lugar…

Bebem-me, sorvem-me
E nunca me absorvem a essência…
Essa nunca foi tocada pelas letras,
Apenas pelos lábios doces, de quem me ousou
Tomar a alma como sua, na espera longa
Que o tempo me arrebatasse para o mundo…

Alberto Cuddel
27/08/2018

Foi por mim, ou não

Foi por mim, ou não…

Sim, foi por mim que gemi
Ao escrever as linhas de vida
E outras que senti…
Mesmo as que cegamente fingi…

Nem na tinta amarelecida
Nem em gaveta profunda
Gritei tanto em silêncio
Como no dia em que morri…
E morro tantas vezes em ti…

Compreendi que o infinito do verso
Está escondido por detrás desse olhar
Na interrogação interposta ao significado
Que nunca lhe quis dar,
Ainda que dobrem os sinos…

Em todos os gestos que sonhei
Nos que escrevi e desenhei
Nunca me despi no poema
Nunca nasci ou me pus no horizonte
Sem luz… carvão apagado do ser…

Nem um vale sem rio
Um rio sem água
Um jardim sem flores
Um oásis sem água
Um deserto sem dunas
Um poema sem versos
Nada me saciará esta fome…
Esta vontade inconsolável
De expirar letras como uma alergia…
Como um vómito literário mal condimentado…

Por mim, respiro
Como quem escreve poemas
Sem pensar…

Alberto Cuddel
13/03/2018
02:07

Queda nostálgica da noite, ou a morte…

Queda nostálgica da noite, ou a morte…

Há horas em que apenas morremos
Não há em nós nada, nem dia, nem noite
Um coração cheio de um vazio perpétuo.
Não há visão do teu corpo,
Que me altere este cego destino.

Pálido rosto sem vida, sem sangue,
Que desagúe em noite claras,
Deixa transparecer este semblante
Triste, enfadonhamente branco…
Saibas que mesmo que tentes, 
Não há em mim nenhuma outra forma,
De renascer nas rosas espalhadas pelo leito.

Desprezo-me na ambiguidade do que sou
Em que me entendes, nas pedras espalhadas
Escorregadias do leito da vida,
Não me suportam, mas incitam-me à queda
Perpetuação da noite, nostálgica 
Ao abismo de mim próprio…

Alberto Cuddel

Poema do dia 26/08/2018

Poema do dia 26/08/2018

Apenas borboletas azuis que te pousavam na janela
Entre prantos de dor e a vontade de ser ela
Os pássaros voavam soltos, na liberdade de ser vida
Chegavam, vivem amarrados ao lago, até à hora de partida!
Correm quentes os dias, nas horas em que não chove
Vidros fechados, vejo a vida, sem um dia que não chore…

Alberto Cuddel
26/08/2018

Poema do dia 25/08/2018

Poema do dia 25/08/2018

“Desse latim gasto em sinfonias orais e contadas
Passadas de boca em boca aumentadas num ponto
Nada fica por saber, nada fica por dizer, sussurradas
E tudo fica em surdina, não gritadas, – não as conto…”

Vem a vizinha do lado, as compras e ordenado, o filho da costureira, às fugas e a toupeira, vem os maridos das outras e a mulher do presidente, do bebé que nasceu e o seu primeiro dente, poemas lembrados e contos do vigário, livros em estantes, paginas encerradas e nada como dantes. Paixões encobertas e busca de informações, camas descobertas e outras ilusões, é o carteiro que passa e o leiteiro não chega, o taxista que leva e o outro que trás, depois vem dinheiro e conversas de cabeleireiro.

“Desse latim gasto em sinfonias orais e contadas
Passadas de boca em boca aumentadas num ponto
Nada fica por saber, nada fica por dizer, sussurradas
E tudo fica em surdina, não gritadas, – não as conto…”

Alberto Cuddel
25/08/2018

Esfrega o Clitóris da Mulher que tens ao Teu lado…

Esfrega o Clitóris da Mulher que tens ao Teu lado…
Masturba-lhe a alma,
Fá-la sentir-se única
Especial, deseja-a ao teu lado,
No restaurante, no cinema, nas compras…
Cozinha para ela, toma conta dos filhos,
Beija-a na testa, na face, cuida-te
Está, não vás, fica…
Preocupa-te com ela
Com o seu trabalho
Com as suas amigas
Com a sua roupa
Conhece-lhe as medidas
Surpreende-a nas datas…
Masturba-lhe o ego,
Vai com ela ao ginásio
À praia, às consultas de rotina…
Faz amor oral com ela todos os dias,
Diz-lhe que a amas…
Depois… depois abraça-a e dorme….
Estás cansado demais…
Mas ela? Ela sorri….
Alberto Cuddel
25/08/2018
15:40

O silêncio que a noite trás

Em breve a sair mais um livro meu ” O SILÊNCIO QUE A NOITE TRÁS “, fruto de um primeiro prémio atribuído pela Orquídea edições em 2016 pela participação da Antologia poética Jardim de Palavras! Um registo poético temático com o foco na noite e solidão! Preparem-se em breve divulgada a data de lançamento!

“Há poemas que não escrevo

Há poemas que não escrevo

Escrevem-se na solidão de serem vida

Palavras que se escapam

Por entre os dedos e a ponta da pena

Versos que caem nas escarpas do dia

Desejos que se perdem

Um olhar da alma

Uma esquina, um mendigo

Alguém a quem o mar

Lavou a vida para a eternidade”

Poema do dia 24/08/2018

Poema do dia 24/08/2018

Nasceu o borborinho na rua
Sentado nas cadeiras cansadas
Desse trabalho sem sentido
Que te mantem na lassitude
Da fome de sexo nunca consumado…

Arrastam-se cabisbaixos os dias uteis
Erguendo as canas de pesca aos sábados
Que nos domingos se desgraçam
Para arrastar os pés à segunda…

Antes, nem a primeira os satisfazia
Hoje, já nem a primeira alguém lhes pedia…
E trabalham arrastando os pés
Na esperança da aposentadoria…

Erguido a cana a cada dia
Esperando a mordida do isco,
Largando a pescaria,
De novo no lago, no rio…

Alberto Cuddel
24/08/2018
14:00

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