Ressurgimento
há uma revolta que se anuncia
esse saudosismo torpe de velhos tempos
essas flores murchas que se erguem das campas
sementes que voam pelos caminhos
um joio que infesta as searas… e hás tu!
essa voz que me clama longínqua do deserto árido
que me adoça o palato com mel silvestre
que me veste de si mesma, promessas de prazer e mel…
palavras vis, promessas vãs… e um toque peito
um calor no ventre, uma promessa de leito…
e uma certeza de morte…
no bailado dos lábios, balbuciando mentiras
rejeitamos o que queremos,
dizemos o seu oposto, amamos da boca para fora,
bebemos da mentira que nos condena…
ressurgimento…
essa vontade férrea de ser alma
olhar o mundo decadente e exigir calma
estender a mão ao indigente
juntar-me a ele e sermos gente
subir bem alto, gritar diferente
sem promessas caminhar e fazer…
o caminho é-nos muralha que nos defende…
Alberto Sousa
11/09/2022
In: Poemas de nada que se perdem na calçada
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