Prostituí-me

Prostituí-me

a cada poema a que empresto o prazer
a cada rogo pelo gozo de ler, de sentir
a cada palavra em que brilha o olhar
a cada fome de sentir, sem saber dizer
empresto de mim à alma e o partir
dou às letras uma nova forma de amar

Prostituí-me no sentir, amas-te, sem pagar
pelo prazer que te vendi ao emocionar
a rogo, um filho perdido, partiu antes de tempo
uma mãe a homenagear, um amor por declarar
uma vida perdida, a ofensa de chorar
a rogo um jardim sem flores, uma casa sem amores
e eu? eu Prostituí-me, pelo gozo de te ver chorar…

Prostituí-me, por de mim te dar prazer…
se era poesia ou não, sei que te fiz gemer
por entre os dentes, de voz embargada
isto sim é poesia, nascida da vida, por nada…

Prostituí-me, e muito mais de mim a rogo hei-de dar
vendo-me pelo o prazer de mais almas emocionar…

se é poesia? não sei, mas a vida é um poema…
vivido por quem ainda se emociona…

Alberto Cuddel

Rasgamos as noites ao meio…

Rasgamos as noites ao meio…

repousam em água fervente
folhas secas sentir alheio
perfume das noites, madrugadas secas
estrelas cadentes em lua rubra…

mesclam-se fumos e perfumes de marés vivas
almiscarados e cloreto de sódio cetim molhado
bebemos em tragos longos, vicio do filho de Júpiter
fermentam as palavras no goto, dedos perfumados…

infundem-me prazeres que rumino
mastigo versos, apuro o desejo
[arte alva desnudada]
o amor é assim, uma infusão de tudo
na eternidade da nossa comum existência…
Entre os corpos molhados pelo prazer
Areia seca e pés descalços

afundam-se as palavras na mente
depois de bem maturadas,
quando tudo dão, na infusão do poema…
e cai a noite, depois do dia
a avida acontece ali, a dois, sem nada pedir
apenas pelo prazer da companhia…
noites de verão… ou simplesmente toda a vida…
a dois… entre a noite e o dia…

Alberto Cuddel
24/07/2021
07:30
Alma nova, poema esquecido – XV

Entre a fúria do querer ou o acto enjeitado de votar

Entre a fúria do querer ou o acto enjeitado de votar

Podia ser tesão essa visão plena das propostas explanadas para a vida do homem
Mas era tão somente desprezo…

Entre o acto do beijo e a cruz traída por escassas moedas
Opto pelo nulo, quem sabe até uma abstenção branca
Há nesse acto de escolha um que de másculo
De sentir ali, o poder na ponta dos dedos
O imaginar o orgasmo sentido pelo vencedor
E o desastre eleitoral do vencido… sim é a cara de desalento que me enche de tusa…

De cartão em punho avança o eleitor
Lê, dita, escolhe, rabisca e vem-se…
Está escolhido, agora aguarda os preliminares daqui a cinco anos
Enquanto como cidadão continua a ser fodido…
Mas há uma vez, uma única vez, que os fode…
De tempos a tempo o eleitor, fode-os…

E depois as promessas… o namoro incontido…
O tesão dos debates, ali, diante dos seus olhos
Os candidatos lutam por ele… pela sua cruz…
Mas o eleitor escolhe, de entre todos escolhe um…
Mas o que lhe dá tusa é foder todos os outros…

Porque o orgasmo está:
Entre a fúria do querer e o acto enjeitado de votar!

Alberto Cuddel
26/12/2020 03:12
In: Entre o escárnio e o bem dizer
Venha deus e escolha IV

Todo o prazer é um vício

Todo o prazer é um vício
há na minha orquestra uma alma desafinada,
palavras silenciosamente fora de tom
uma maresia de um azul suave, sob o laranja das horas
o tédio que me houvesse imposto o destino grita
uma fadiga crónica incrustada no não-pensamento…

todo o prazer é um vício, uma corrida ampla pela satisfação
depois ao último ponto final a ressaca, as tremuras…

perco-me se me encontro, e pasmo-me
diante de uma palavra simples, tentando compreendê-la
absorver-lhe o som, os movimentos toscos da boca
a forma dos lábios, a contorções da língua…
e pasmo-me nessa beleza de me perder ali
diante do nada e do tudo, como se o vício morresse…

todo o prazer é um vício e havia-me esquecido do tempo
desse que nos preenchia os abraços, desse que se fazia voz
desse tempo/palavra que se fazia poema, na mãe de todas as letras
de todas as palavras, esta a felicidade do vício, da repetição…

esperar? que tenho eu que espere, que me espere
se não escrever todas as palavras e todos os sons
e percorrer ruas e vielas e olhar as paredes e os céus
em todas as horas de todos os dias
para absorver o poema da rua direita
dessa que se entra pela esquerda e sobe…

todo o prazer é um vício e havia-me esquecido do silêncio
esse onde se gritam surdamente todas as palavras
escritas pelos poetas,
e no pensamento dos que silenciosamente as mastigam…

todo o prazer é um vício e havia-me esquecido do meu…

Alberto Cuddel
28/07/2020
19:15

Poética da demência assíncrona…

Corpos… apenas isso

Corpos… apenas isso

Cenário dos desejos mudos e quedos,
– Raios de lua afagam-te os cabelos.
Lábios húmidos, desejo de beijos,
Lua sonâmbula adormecida,
Ondulantes formas de mulher,
Perpetuamente dormente…
Olhar cego e recto como destino
Entre o cansaço do dia e o desejo de carne,
Tolhem o olfacto as nuvens pardas de baunilha,
Mãos que se cruzam junto ao peito
Entre o abraço dos corpos,
O calor que apenas restou!

Olhemos as horas,
E o tempo que resta,
Céus rasgados pelos raios de sol!

Alberto Cuddel
08/06/2016

Podia ser prazer!

Podia ser prazer!

Toma-me os braços,
Inibe-me o movimento dos pulsos
Deixa que as mãos apenas sintam o ar
Esse que sopras no gemido os teus lábios…

Venda-me…
Impede-me de te olhar
De te sentir na alma o contorno…

Comprime-me
Contra o leito
Sobe o peso movimentado
Do teu corpo freneticamente apaixonado…

Apenas não me deixes só…
Neste escuro silêncio que me aprisiona o peito!
Alberto Cuddel
#ComoFazerAmor

Nudez

Nudez

pétalas desnudas,
palidez da tez…
há um sol rubro que nos incendeia
uma lua cálida que nos alumia
uma água corrente que não pára
e há a nudez feia do masculino…
uma parede sem prumo
uma rocha gasta pelas marés
um falo hirto…

os seios eram redondos
e a pele macia, uma tez morena
os lábios rubros,
Eva, chamavam-lhe…
porque o homem a conheceu mulher…
e a cobiçou para si…

depois, depois veio a nudez
e o natural
tornou-se excepcional
e o homem quis, e imaginou sozinho
acabrunhado no seu canto
a nudez virou pecado
e o pecado se fez prazer
ali diante dele próprio
consigo mesmo…

Alberto Cuddel
20/03/2020
03:41
In: Nova poesia de um poeta velho

Fénix

Fénix

De todo o vão intento e ledo engano
Morro a cada palavra tua e momento
Queda ilusória de todo o meu tempo
Por um sentir enganador e mundano

Fico o momento e logo me esqueço
Sou a ambivalência das horas vadias
Em mim, o riso efémero não tem preço
Dias de cinzas tórridas. Noitadas frias.

Que morra no ledo sentir da entrega
Recobro anunciado no negro corvo
Renasça de mim amor assim se nega.
Alberto Cuddel
27/05/2017

Prazer

Prazer…

Masturbei um poema, na imaginação e volúpia erótica do desejo… Ele gozou na última exclamação… Longamente…

Tiago Paixão

05/08/2018

19:42

Prazer

Prazer

Arranca-se dos dedos o prazer do corpo
Ainda que tantas vezes mentido e fingido
Gozemo-la, a vida e os prazeres…

Nos gestos e olhares empossados no pudor
Rasguemos as vestes opressoras do tempo
Renasçamos soltos, livres em nós mesmos
Sejamos alma, livremente esvoaçante…

No talhado dos lábios
Onde te nascem as palavras
Gemes orgasmos
A cada rima
A cada sentir
No som de uma lágrima
Pétalas e folhas secas
Escritas em frases vazias…

Alberto Cuddel
Poemas com Alma – Vários Autores, 2018 – ISBN 978-989-691-716-6

O Estagiário

IV

Parte V

Tirei os cafés, ele ia lavar a louça, mas não permiti, também era demais, obriguei-o a sentar-se e foi preparar um whisky. Ao atravessar a porta e ao vê-lo sorrir com um olhar de malicia, percebi que o meu robe se tinha aberto não me fiz de rogada, e optei por provoca-lo ainda mais. Aproximei-me e poisei o copo junto a ele, deixando que admirasse bem todo o meu corpo, ali ao seu alcance. Quando o contornei para me sentar, puxou-me e sentou-me no seu colo. Ali, assim, olhos nos olhos, olhou-me, e beijou-me…
– Quero-te outra vez…
– Aqui?
– Aqui, agora, já…
Senti-o puxar o toalhão por baixo de mim, expondo todo o seu corpo. Ergui-me e deixei cair o roupão aos seus pés, estava de costas, beijou-me as costas as nádegas, um arrepio percorreu-me o corpo todo, nunca tinha feito uma loucura destas na cozinha, virei-me lentamente permitindo que apreciasse bem todo o corpo, que as suas mãos o percorressem. Ele estava loucamente excitado, adorei ver toda a sua virilidade hirta, apenas por mim. Desta não me escapava como me tinha feito antes, tinha-o onde queria, sentado, ali, completamente entregue à merce dos meus caprichos.
– Não comeces nada que não possas acabar.
– Não te preocupes, vim prevenida…
Ajoelhei-me à sua frente, os seus olhos deliravam, como se adivinhasse todo o prazer… queria tê-lo na boca, senti-lo e chupa-lo, já que me tinha negado esse prazer, beijava-o, lambia-o, chupava-o enquanto Gustavo gemia, segurava-se a cadeira com todas as suas forças, como se pudesse em espirito ser transportado dali o seu corpo contorcia-se de prazer, de repente, puxa-me a cabeça para cima…
– Não, ainda não permito que o faças…
– Mas…
– Quero entrar em ti, quero-te mais uma vez…
Tirei então o preservativo que tinha trazido, lentamente rasguei a embalagem ali, diante dele, lentamente… e coloquei-lho, massajando-o.
– Aprendes depressa…
– Tudo o que se faz com prazer é fácil aprender…
Sentei-me no seu colo, permitindo que entrasse em mim, ali na cadeira, eu controlava todos os seus movimentos, as suas mãos alternavam entre as minhas nádegas e os seios que ele delirantemente lambia e chupava como um louco esfomeado. Eu cavalgava nele como louca, em pleno cio… ele então levanta-me e vira-me de costas, fazendo-me sentar nele novamente, arqueia-me o corpo para a frente, potenciando a profundidade dos movimentos, preenchia-me na totalidade, em movimentos de cadência alternada, eu delirava a cada dos seus gemidos.
– Hummm, não vamos terminar aqui.
– Não? Questionei.
– Vamos para o quarto.
Ergui-me, para cumprir os seus desejos, e ele gentilmente, pega-me ao colo, levando-me para o quarto, ali no seu abraço, com as mãos enroladas em volta do seu pescoço, beijei-o todo o caminho.
 Gustavo, perfeito cavalheiro, deitou-me suavemente sob a cama ainda desfeita, mais uma vez delicia-me beijando todo o meu corpo, eu que o desejo em mim mais que tudo, mas ele insiste em brindar-me novamente com a sua língua, com o seu traquejo em explorar toda a minha vontade, todo o meu tesão. Deixa-me completamente louca, apenas o quero em mim, ainda assim ele provoca-me… definitivamente quero-o, desliza então pelo meu corpo, entrando de uma vez, num movimento só, todo o meu corpo estremece quando ele me preenche. Quero-o, fundo, dentro, rápido, lento, simplesmente quero-o. Rebolamos na cama, quero monta-lo, subo em cima dele, brincando com o seu membro hirto, entre o desejo de o ter em mim, e a provocação de não estar lá, provoco-o, excito-o, enquanto se delicia nos meus seios hirtos. Deixo que o meu corpo caia sobre o desejo de me possuir, cavalgo no seu membro em movimentos circulares. Êxtase profundo. Gemendo e gritando a cada estocada, chupando os seus dedos na minha boca.
– Gustavo…
– Sim…
– Come-me de quatro…
– Estava a ver que não pedias…
Simplesmente do outro mundo, a cada investida uma descarga orgasmica percorria todo o meu corpo, arqueava-me, contorcia-me, sendo preenchida por ele, até que não me aguentei mais, ele pressentindo a chegada do orgasmo acelerou ainda mais, fazendo um delicioso uníssono. Caímos na cama, ofegantes, sem conseguirmos falar sequer. Simplesmente extenuados e extasiados. Ficamos apenas deitados olhando o tecto nos braços um do outro. Acabamos por adormecer ali, depois daquele louco momento de prazer.

continua…

Tiago Paixão

O friozinho de me leres

O friozinho de me leres

O arrepio que te percorre o corpo
Que te desce dos lábios
Percorrendo o ventre
Que se aloja entre as coxas quentes
Esse o frio que sentes ao ler-me…

O calor dos meus lábios nos teus
Os meus braços apertando-te contra mim
Peito no peito, línguas que se falam
Mãos que te percorrem
Que te despem, que te tocam
Olhos que se fecham, respiração ofegante
Formas que se formam nos dedos
Toques suaves, fortuitos, desejados
Sentes-me na ponta dos dedos
Nos teus loucos segredos
No prazer que desejas
Nos versos que beijas
No fim apenas o gosto agridoce
Que te escorre das digitais…

Uma tentação de denúncia
Quero-te e não te tenho em mim…

Tiago Paixão
28/02/2018
21:15

Não amor… 

Não amor… 

Não paixão, hoje não quero fazer amor, 

Também não podemos f@..r que o Facebook não deixa escrever… 

Ensaiemos então em todas as posições o belo acto de concepção…

Usemos as cavidades falantes… 

Beijemos, provemos nossos corpos… 

Mas geme baixinho, quase sussurrando… 

Os nossos vizinhos devem estar se amando… 

Tiago Paixão

Incitas-me

Incitas-me

Incitas-me longamente
Que a cada dia te possua
Quentes palavras que dedilhas
Martelando-me o cérebro
Elevando o hirto tesão da carne…

Na loucura do desejo
Proclamamos no corpo
Fomes insaciáveis
Sedes de fluidos quentes
Nunca mortos pelos dedos
Pelas mãos, pelos corpos
Dormentes em abstinência…

Sacia-me longamente
Possui-me, toma-me
Penetra-me a alma
Na curiosidade do prazer…

Até que os corpos desmaiem
Que as almas adormeçam
Pelo cansaço, e pela abastança
De todo o louco e desejado movimento…

Tiago Paixão
22/12/2017
16:10

Sem alma… desejo no corpo

Sem alma… desejo no corpo

Deixei que o corpo te desejasse
Simplesmente assim, no sexo
Sem entregas ou pudores, prazer!

Sem remorsos de um depois
Sem beijo de despedida
Sem nomes ou telefones
Apenas uma noite,
Nunca mais que isso…

Anunciaste-te em mim
Num toque suave nas coxas
Elas que avidamente se abriram
Quente vontade de sentir…
Sentir-te, estranhamente sem rosto…

Apenas uma mão atrevida
Dedos ágeis esgueirando-se
Procurando a fonte de toda a volúpia
Denunciada nos gestos, no olhar…

No querer um sussurro…
 – Adivinhação do pensamento…
 Saímos daqui?
 Fui… absolutamente fui…
 E vim… varias vezes vim…

Tiago Paixão
01/12/2017
18:16

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