Calor que nos abraça…
Deixemos o frio do mundo lá fora
Que nos abrace o calor da alma
Esse que nos arde no peito,
Que nos crepita no corpo,
Nas mãos inquietas, nos lábios sedentos,
Na derme que escalda e chama…
Deixemos o mundo longe de nós
Sejamos vida e chama que arde
Sejamos luz, querer e vontade,
Sou-te como me és,
Vigor do fogo que nos possui…
Que nos embriague o vinho…
Percorre-me nas sílabas que calas entre um golo e o outro,
Sorve-me avidamente até ao tutano…
Bebe-me pelo poema e absorve-me nos lábios
Em declamações sucessivas e languidas no meu insanamente desejo…
Proclama na brisa perfumada o amor desejado da alma em fusão,
Flamejante olhar, rubros lábios, desejo de beijo, e beijo dado.
És, somos, incontinência avolumada do querer que se agiganta,
Vontade declarada nas vestes despojadas no chão quente e sem brilho…
Envergonhem-se as paredes dos movimentos amplos,
Das mãos que nos percorrem o espírito,
Dos gemidos afirmativos, dos implorados, dos incentivos ou negados…
Incitas-me a seduzir-te a cada momento,
O “amor” não se compadece da monotonia,
Do ciclo ordinário das horas, sucessão absoluta de deveres… Não… Não… Insinua-te em mim, seduz-me, arrebata-me, excita-me loucamente,
Devorar-te-ei, como louco, como amante insaciável do teu corpo,
Do teu prazer, do teu pecaminosamente gozo que me escorre dos lábios, Amando-te mais que ontem, mais que hoje ou amanhã…
Não fiquemos ou descansemos, abracemo-nos apenas,
Até que o desejo nos abrace, num novo e eterno querer que nos possua,
Que eu te possua, novamente, ama-me hoje, mais que ontem, novamente…
Até que novo gozo nos trespasse a alma como uma lança que nos condena… Envergonhem-se de nós o Cupido, Vénus, Afrodite, Astarte ou Ishtar…
Sejamos perfeitos na arte de cúpula…
Na nobre arte de nos amarmos, de pertencermos à oferta do prazer que nós nos atribuímos…
Sejamos amantes, companheiros, namorados, fielmente almas fundidas no desejo…
Enquanto crepita e aquece este fogo que nos consome…
Tiago Paixão
13/01/2019
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