Poética de rua
…há uma tristeza que me desabita a cada esquina
uma forma esquerda de olhar os que pedem
passos direitos em direcção ao fim, paredes frias
pairam novas de ontem embrulhadas pelo vento
rasga-me o chão essa estranha liberdade que se entranha
esse querer absoluto de ser o que nunca se foi
-e fui dali, diante do espaço sem vida, fugi, dessa estranha corrida
olhei-te nessa urgência de cegar, na incredulidade de ver
estava sem estar, onde nunca fui… a existência é um sonho
um fumo psicadélico de um filme sem fim – pesadelo consumista…
todos corriam atras do tempo que não tinham
vã esperança de ganhar tempo para fazer coisas que não queriam…
e eu? eu olhava o tempo parado, uma nuvem que passa
um carreio de formigas… e um grilo que cantava em plena cidade…
ninguém ouvia, ninguém escutava tudo corria…
e a cidade ali, alheia a tudo, definhava…
(…)
olhei a vitrine, duas mesas vazias…
entrei, pedi um café… e escrevi…
como quem escreve uma carta sem destinatário…
sem propósito e sem fim… e discutimos filosofia
nas palavras que deixaste escritas nas paredes do tempo…
sim tinhas razão… a vida começou quando morreste…
Alberto Cuddel
26/08/2021
14:00
Alma nova, poema esquecido – XXVIII
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