Descoberta do Amor…

Descoberta do Amor…

Ontem não te amava,
Pois não sabia o que era o amor,
Ontem não te ouvia,
Pois não sabia o que era escutar,
Ontem não te percebia,
Pois não sabia o que era compreender,
Ontem não te aceitava,
Pois não sabia o que era o perdão,
Ontem não te tinha,
Pois não percebia o que era a entrega,
Hoje sei..
Hoje amo-te,
Hoje escuto-te,
Hoje compreendo-te,
Hoje perdoo,
Hoje entrego-me,
E tudo porque o escutei,
E finalmente Amei….

Alberto Cuddel
21/09/2013

Em cada pétala, um desejo…

Em cada pétala, um desejo…

morre no beijo o desfolhar de um malmequer
pela sombra primaveril de um outro
rio vazio de ondas em caminhos descalços
e dessa lonjura que de perto se fez, rimos
rimos da arte gravada a ferros em madeira oca…

rasgam-se ecos em musgo verde
murmuram as cigarras canto triste
vida que nunca chegou
um silêncio cinzento em céu limpo
há convidados de outono que ninguém escuta

voam pétalas escritas na saudade
sob a vulgaridade do sonho
ausência de corpo
eco de voz distante, rasgos de luz
esperança esvoaçante, de uma coabitação eterna…

sejam polidos os beijos
novena orada na exaustão do desejo
pétala a pétala, até ao fim dos teus dias…

Alberto Cuddel
in: Catarse do Poeta

Esperança?

Esperança?

Perde-se em mim a esperança vã,
Que o amor tudo suporta,
Tudo supera, tudo perdoa,

A mágoa enegrece e arrefece,
Sentimentos tidos, em sonhos perdidos…

Apenas se vive, na esperança futura,
Que no seio da amargura,
Se ensaie e se construa,
Uma mudança forte e pura,
Que não te deixe consumir,
Pela falta do sentir…

Alberto Cuddel
19/09/2013

O sentir em 4 estações…

O sentir em 4 estações…

Brisa leve batendo no rosto,
O cheiro doce das flores que piso,
O apressado som das águas no riacho,
E a enorme paz que nos inunda o espírito!

O intenso e profundo cheiro a Mar,
O calor da areia debaixo dos pés,
Corpos bronzeados espalhados ao sol,
E as paixões que o coração estremecem!

As folhas douradas correndo no chão,
O cheiro no ar das castanhas a assar,
O vento que nos embala o pensamento,
E a nostalgia que nos aperta o sentir!

A chuva batendo forte na janela,
O trovão ao longe chamado por ela,
O gelado frio que nos assalta ,
E a enorme saudade da Primavera…

Alberto Cuddel
19/09/2013

Só na multidão

Só na multidão

Só na multidão…
Só, pensa e medita,
Só, analisa a vida maldita,
Só, olha o coração…

Só na multidão…
Sentimo-nos perdidos,
Confiamos nos sentidos,
Entramos em contradição…

Só na multidão…
Sentimos que o tempo,
Nos tolhe e enrola,
Nos falta compreensão…

Só na multidão…
Procuramos uma bóia,
Uma tábua de salvação…

Alberto Cuddel
17/09/2013

Sonho Alado

Sonho Alado

Sonho acordado,
Na dormência do sono,
Anjo de onde me despertas,
Na pura negra sedução,
Que me levas no pecado,
Má sorte a minha,
Contigo ter sonhado,
No tempo que passo,
Sonhando acordado,
Leva-me,
Possui-me em ti,
Faz-me, poeta,
Na dedução do encanto,
Em teu corpo ser encontrado!

Sírio de Andrade

Dissolvido

Dissolvido

O coração cheio de vazio contínuo.
Nada que mude o cego destino.
Rosto pálido, semblante caído,
Águas negras infestadas,
Demónios do passado,
Descrenças, desconfianças,
Atolado neste negro propósito,
Sem salvação, sem vontade de sair!

Queda,
Forças, uma a um abandonam o ser,
Vontade, desejo de mergulhar,
Deixar afundar, aguas profundas,
Ausência de luz, palavras, querer,
Lua, noite eterna,
Luar ambulante que me perde,
Que me encontra, despedaçado,
Arremessado continuamente pela corrente,
Há rochas firmes da certeza do orgulho,
Assim me diluo, neste mar que me absorve!

Sendo noite, na desilusão, deste (A)mar!

In: Antologia Depressiva
Sírio de Andrade®

Penso nisto como noutra coisa qualquer

Penso nisto como noutra coisa qualquer

Penso os versos não como quem pensa
Mas como quem bebe
Como quem bebe depois de morrer de sede
Olho as árvores que não pensam
Mas voltam a florir a cada Primavera
É natural depois do frio e antes do calor
Quando o sol mais se demora

E depois há o fogo
Esse que naturalmente queima o que esta seco
Esse que naturalmente queima o que esta sujo
E tenho sede pelos que tudo perdem na incúria
Por ver arder o que não foi protegido
E arde, apenas porte alguém o fez arder
Nem Deus nem o diabo mandam no fogo

As vezes chove
Chove tão intensamente com um diluvio
Outras nem gota, como que a terra secasse
Ali… morta estendida ao sol…
E eu?
Poeta…
Penso nisto como noutra coisa qualquer…

Alberto Cuddel

Janelas de vidro

Janelas de vidro

Fantasias na representação da saudosa vontade do amarrotar lençóis de linho enquanto a vida se escorre em lágrimas pela vidraça, nessa luz ténue que escapa por entre as cinzentas nuvens carregadas de desespero, inunda o ar saturado do quarto vazio…

Há janelas de vidro fechadas ao mundo na impossibilidade de um abraço dado, há portas escancaradas à espera de quem não chega, há estradas vazias que não levam a lado nenhum, e um amontoado de casas decadentes vazias de gente…

E ontem? Ontem foi quem não partiu, hoje vivo, amanhã esperança, jazem vazios os copos de tinto, uma marca de batom seco, um cigarro mal fumado, uma cama desfeita, e um olhar vago, fixo no horizonte por entre os vidros de uma janela…

Alberto Cuddel

Não tenhais vergonha

Não tenhais vergonha

Tenho pena,
muita pena,
que exista vergonha,
que existam constrangimentos,
da vergonha de assumir o ser,
da vergonha de assumir que se é,
sem pudores, sem medos,
se somos, porque não anunciar,
Eu Sou Católico,
Sem medos,
Sem medos de ser olhado de lado,
Sem medos de anunciar o nosso Salvador,
Não sou pastor de uma seita qualquer,
Sou apenas um Apostolo de Cristo….

Alberto Cuddel
23/11/2013

Podia ser apenas amor…

O poeta e os outros poemas

Podia ser apenas amor…
Podia ser apenas amor, esta urgência que tenho de ti, podia ser apenas amor, todo este desejo de te despir a alma, de estar em ti, de te sentir em mim…
Nesta louca urgência de beijo
No dialogo das línguas,
No toque dos lábios,
Quentes molhados
Beijos, beijos, beijos
E mãos que te abraçam
Que te percorrem e sentem
Que te livram das vestes
Na urgência em que me despes…
Podia ser apenas amor, esta urgência que tenho de ti, podia ser apenas amor, todo este desejo de te despir a alma, de estar em ti, de te sentir em mim…
Este querer sentir-te
Tornear o calor da tua pele
Sentir-te na boca
Declamar nos teus seios
Percorrer-te o ventre
Como brisa num arrepio
Beijar-te a essência do prazer
Beber de ti, longamente
Em cada verso, cada estrofe
Numa habilidade linguística de canto…
Podia ser apenas…

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Acorda

Acorda

Nasce o dia!
Da noite escura,
Traz lembranças do sonho tido,
Memórias do que foi perdido…

Nasce o dia!
Da noite escura,
Não apaga ela o pesadelo tido,
As privações e sofrimento sentido…

Nasce o dia!
Da Noite escura,
Viver de novo é o que se impõe,
Amor de amigo é do que dispõe,

Nasce o dia!
Da Noite escura,
Caminha sozinho,

Por esse caminho…..
Como um sonho de criança…

Alberto Cuddel
15/09/2013

Tempo

Tempo

Tempo que cura,
O que na noite perdura,
O tempo que passa,
A ideia que ameaça…

O que o tempo esconde
E recalca…
O que a noite lembra,
E não perdoa….

A fuga,
O isolamento,
O fugir,
Desse impuro sentimento…

No recato da solidão,
Podes ver então,
O que certo estava,
A mais pura razão…
Que o tempo esconde,
Não perdoa…
O tempo recalca e magoa….
Seca a mais ténue esperança…
De que na vida tudo passa…
Como um sonho de criança…

Alberto Cuddel
15/09/2013

Sou Teu

Sou teu

“nas palavras impregnadas de ti
faço-me de novo poeta renascido
habitas-me, como em ti existo”

Faço-me de novo em cada verso, nessa alma tua que me doas, nesta existência em que me faço teu, pele na pele, alma que se perpetua no silêncio do olhar, nesse apontamento de beijos nos braços que se apertam…

Mascaramos as saudades na voz, dói-nos o corpo nessa carência que mantemos do calor dos corpos, nesta dor que se perpetua na indecisão do tempo, e o amor, o amor está ali à espera de um ficar… esse que será eterno, na alma, no ser, no chegar e não partir…

“nas palavras impregnadas de ti
faço-me de novo poeta renascido
habitas-me, como em ti existo”

Alberto Cuddel

Vício jogado

Vício jogado

rio manchado pelo sangue negro do fogo
ardem-me as mãos calejadas pela insignificância
atravessam a rua pés descalços, filas sem destino
pensam que pensam livremente, enganados
presos a consciência do nada, que nada elegem…
tocam bateria no quarto andar, e eu moro em moradia
que me importa o ruído da noite, se eu durmo de dia
e tudo é tão sujo este chão, mas não me curvo
apenas olho o céu, e o fumo que sobre mim se abateu
há portões que se fecham, e reclamam da eras do muro
dos assalariados governamentais, e doutros deputados tais
viciam os jogos, vencendo os mesmos
e aplaudem como roubos adestrados
sorrindo na sua artificial liberdade
falam, discutem ameaçam com greves
mas vergam-se a falta de pão individual
o colectivo nada é, irmãos, quais irmãos
viva a meritocracia do ter, não do merecer
que me importas que morras aqui ao lado
escrevo, rio, bebo e fodo…
o resto, o resto são danos colaterais sem sentido
que a mim, a mim, nada me incomoda
das palavras que não leio, para não saber…

Alberto Cuddel

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