Critica à poesia de hoje e seus motivos
Pode esta minha crítica suscitar reflexões, pode também meramente trazer os famosos bloqueios e cortes de relações, mas não gosto de encerrar em mim o que penso e a edição de opinião ainda é livre. Antes de mais, até hoje editei apenas um livro, não por falta de mérito ou dinheiro para o fazer, mas por achar que um livro é uma herança que fica, a forma como um dia serei recordado. Entrei também até ao momento em mais de 30 colectâneas e antologias, a maioria não por mérito mas porque simplesmente paguei as paginas em que escrevi, posto isto e tendo em conta todo o conteúdo que já publiquei em blogs, sites, redes sociais e outras, bem como a enorme quantidade de poemas, que escrevo com vários heterónimos e que leio diariamente, dos mais variadíssimos autores, apraz-me hoje escrever sobre a motivação, a qualidade e o prepósito da poesia, nomeadamente on-line.
Antes de entrar na crítica e motivação deixem-me explicar-vos o que procuro quando leio um poema:
Quando inicio a leitura de um poema, não espero encontrar ou conhecer o poeta, espero encontrar-me a mim, ou seja, não me interessa o acontecimento, mas transpor esse sentimento para reacções e sentires meus, que num determinado ponto da minha vida eu vivi. Num poema de amor não espero encontrar o amor a uma pessoa específica, mas a uma mulher, a um homem, sem rosto, sem nome, ou com um nome generalista. Ao ler um poema erótico, não quero saber do como, mas sim que seja eu a imaginar-me nele, quero que me induzam os movimentos e não que os imponham, quero a minha imaginação livre…
Não estou a dizer que quem se escreve está errado, quem conta de forma poética esta errado, mas que falta um pouco de cultura de leitura que permita ao leitor encontrar-se nele mesmo.
Sobre a motivação e agora sim o cerne da questão sejam homens ou mulheres, muitos dos que escrevem, procuram apenas o reconhecimento e conquista do sexo oposto, digo-o com toda a frontalidade e honestidade, sem problemas de ferir susceptibilidades, cada vez mais a sociedade nos impõe a realização pessoal, quer queiramos ou não ela é imposta pelo sexo e pela satisfação que ele nos produz no ego. Não entendam como uma critica a quem o faz, é apenas a minha forma de olhar a globalidade do que se encontra, leio poetas de muitas origens, Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, São Tome, até Timor, a verdade é que isto é transversal a todos. Não é o caso geral, mas a verdade é que existem e não vale a pena fingir que não vemos. Às vezes incomoda-me que me tentem ler como pessoa no que escrevo, mesmo que um pouco de mim lá esteja, pois não posso fugir a valores e léxicos educativos, mas tento impor em cada poema e heterónimo uma mensagem, que muitas vezes é estranha a mim próprio.
A coisa que mais me incomoda é o assédio que se evidência seja no comentário seja na resposta, chega a ser de tal forma que um poeta escreve Amor, e recebe 200 ou mais comentários a dizer “lindo, Beijos”. Ou um poema com uma foto pessoal em anexo e centenas de comentários “ és linda ou lindo”, ou até “amo-te poeta, beijos” ou “só te queria aqui”… não tenho nada contra isto, cada um sabe da sua vida, mas isto? Isto não é poesia!
Depois ainda temos um outro flagelo, o plágio, gente sem escrúpulos que se faz passar por quem não é para tirar proveitos duvidosos da inspiração alheia, muito destes plágios existem por não existirem leitores e poetas treinados na leitura, já alguns casos foram por mim identificados, por ao passar em determinados poemas encontrar a assinatura lexical e do sentir induzido característico de determinado poeta ou poetisa.
Não entendam isto como uma crítica pessoal, apenas como um desabafo de um leitor que cada vez é obrigado a perder mais tempo, com leituras que não primam pela verdadeira intenção poética.
Atenciosamente,
António Alberto Teixeira de Sousa
19/07/2017
13:43
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