Lá fora chove

Lá fora chove…

Porque não percorrer-te o teu corpo apenas nas mãos? Desenha-lo no toque, incendiar-te… Porque não beijar-te, como se te penetrasse a alma, aspirando todo o teu desejo? La fora chove, mas aqui, agora, quero-te húmida, quente, divinamente ansiosa… Porque não livramo-nos de todas as vestes do pecado que nos amedrontam, dispamos todos os pudores, entreguemo-nos aos lábios, às línguas sedentas, as bocas ansiosas… Misturemos suores, friccionando a pele, sincronizemo-nos, um movimento… Lá fora chove, aqui não… iluminemos o desejo, possuamo-nos violentamente, como se o diluvio acontecesse… Usemos o leito, o chão, as paredes, o mundo, sejamos um, sejamos um no outro, um pelo outro, gemamos juntos, gritemos juntos, deliremos juntos no orgasmo que nos trespassa… Lá fora chove, em nossos corpos também…

Tiago Paixão

Perfeito poema imperfeito

Perfeito poema imperfeito

“amo como quem chora
porque as lágrimas lavam-me a alma
e a alma é tudo o que possuo
não o sexo nada é, que não seja a confirmação do estar vivo
e eu, eu há muito morri…”
Alberto Cuddel

eram parcas as palavras pardas que me vestiam a alma
no sossego do tempo eu desassossegado vivia
entre uma caminhada sombria e um café apinhado
olhava a porta que fechava e abria, ninguém entrava, nem eu saia
preso na concomitância do tempo do já e no depois
entre essa pressa do querer e a verdade do poder
tudo em nós é, tão naturalmente existencial
nessa apneia desejada nas águas quentes que borbulham
somos verdadeiramente nós… almas despidas do mundo…
“amo como quem chora, porque as lágrimas lavam-me a alma
e a alma é tudo o que possuo”
nada há em mim que te oferte, mesmo que eu me doe por inteiro
alma despida à sorte do mundo, enquanto o mundo ignora quem sou…
“não o sexo nada é, que não seja a confirmação do estar vivo
e eu, eu há muito morri…”
morri na entrega plena ressuscitando homem novo, ergo-me ao mundo
palavras sãs, novos desejos… versos rubros e borbulhas azuis…
fiz-me crente da verdade universal, o sangue flui, o coração bombeia…
gemem rimas orgásticas de um prazer animalesco…
a mente acordou, a máquina parou na entrada do inferno
e o céu abriu as portas ao conhecimento intrínseco da alma…
no bailado dos lábios balbuciando mentiras
rejeitamos o que queremos,
dizemos o seu oposto, amamos da boca para fora
e apostamos em gestos de braços caídos
anunciamos ao mundo bondade…
mas sorrimos na alma adulando o umbigo…

senta-te aqui comigo falemos do amanhã
toma um café, afaguemos as palavas…

António Alberto Teixeira de Sousa
16/03/2023
In: Poemas de nada que se perdem na calçada

Na loucura furiosa do sonho…

Na loucura furiosa do sonho…

fossem nas memórias sentidas como reais
esse louco tesão do pensamento entre odores e desejos
todas as imagens loucamente imaginadas
sentida nas palavras partilhadas, no toque dos dedos
quero-te aqui, apenas aqui, sem esperança vã
sem pensar o amanhã ou o depois
quero-te amar, na loucura do sexo
quero foder-te, oferecer-te todo o prazer
esse que sentiste e todo o outro que desejaste…

quero arrancar-te do pensamento
quero o teu cheiro no corpo,
o teu sabor nos meus lábios
o teu gozo na minha boca
quero-te minha, apenas minha
e arrancar do meu corpo
da minha alma, dos meus dedos
esta saudade que doi, que magoa e chama…

quero que o mundo se cure
que a nossa paixão perdure
que o corpo se rejuvenesça
que eu ame e peça
quero-te toda, de alma e vida
quero-te minha
dono e senhor de todos os teus orgasmos…

Tiago Paixão
16:58 06/01/2021
a fúria da saudade

As chaves da saudade

As chaves da saudade

entre promessas e desejos de uma paixão crente
há essa impossibilidade de distância a percorrer
não daqui a aí… mas a distância do sonho à realidade…

há esse movimento circular de rodar, de contornar o corpo
esse querer consciente de beijo, de te desnudar a alma
como viagem persecutória ao combustível do desejo…
será a viagem da vida essa loucura de sonhar o orgasmo?

entre chaves e portas, entre promessas e desejos
sonho-te liquidamente em mim, como a viagem
em que ao plano físico atrelamos os sonhos
desejo e saudade, do que será, depois de ter sido…

entre promessas e desejos, carregamos o sonho…

Tiago Paixão
19:46 19/01/2021
a fúria da saudade

Liberta-me

Liberta-me

Liberta-me da opressão do desejo
Das vontades inscritas no corpo
Da fúria constante calada no beijo
Na língua, no calor e no sopro…

Liberta-me de mim mesma na alma
Profana-me as carnes, eleva-me ao prazer
Sê em mim toda a tua máscula vontade
Adentra-me no movimento que me desejas
Faz-me tua, agora, já, hoje,
Que se calem os céus e os infernos
Quero o prazer mundano da paixão
Dessa que me formiga nos dedos
Que me dá calores, fogo, tesão…
Cala-te… bebe em mim tudo
Para que a eterna fome se sacie…

Ama-me na plenitude de sermos
Apenas e só amantes eternos do prazer…
Caminhantes do amor eterno
Desenhado em corpos forjados
Pela abstinência do tempo…

Tiago Paixão

Fome

Há em mim essa fome de desejo que me consome o corpo, essa vontade férrea de te possuir todos os orgasmos que me condena a alma. Essa concomitancia aguda que me percorre a ponta dos dedos, que me enrola a língua, que me enrijece os músculos… Essa loucura rubra de te despir apressadamente, de te percorrer o ventre e os seios nos lábios… Essa loucura sonhada e desejada de tornar real o querer… De sentir o sopro do teu gemido no ouvido… De contar todas as correntes elétricas que te percorrem os cabelos… Quero sentir-te… Fazer-te deuza do meu império… Ser dono e senhor do mel que te escorre pelas coxas…
Quero f@der-te até amar-te até ao infinito…

Tiago Paixão

As chaves da saudade

As chaves da saudade

entre promessas e desejos de uma paixão crente
há essa impossibilidade de distância a percorrer
não daqui a aí… mas a distância do sonho à realidade…

há esse movimento circular de rodar, de contornar o corpo
esse querer consciente de beijo, de te desnudar a alma
como viagem persecutória ao combustível do desejo…
será a viagem da vida essa loucura de sonhar o orgasmo?

entre chaves e portas, entre promessas e desejos
sonho-te liquidamente em mim, como a viagem
em que ao plano físico atrelamos os sonhos
desejo e saudade, do que será, depois de ter sido…

entre promessas e desejos, carregamos o sonho…

Tiago Paixão
19:46 19/01/2021
a fúria da saudade

Sê em mim…

Sê em mim…

não me esperes na lassitude do tempo
vem, procura-me, encontra-me em ti
faça-se em mim segundo a tua vontade…

nesta ânsia de me amares, provocas-me
desperta-me o corpo dormente
na volúpia latente, desse corpo quente…
na insanidade louca desse amor
sobes em mim, como serpete
que me enleia nos beijos, nos ósculos
nas mãos, nesse olhar que me devora…

mata-me o tédio dos dias, enlouquece-me
renovadas noites, uma e outra vez…
beija-me, percorre-me o corpo e bebe-me..

afasta de nós a monotonia do ser
incendeia a paixão adormecida do cansaço
faz-te em mim, sê em mim,
mulher, amiga, amante…
roubemos as noites em nosso leito
adormeçamos só no raiar da aurora…
façamos amor, sempre e também agora…
que as noites se façam dias, que os dias sejam notas
e os beijos segredos, e na voz doce…
desejo-te, toda agora…
despe-te de tudo
veste-te apenas de mim…

Tiago Paixão

Sê em mim…

Sê em mim…

não me esperes na lassitude do tempo
vem, procura-me, encontra-me em ti
faça-se em mim segundo a tua vontade…

nesta ânsia de me amares, provocas-me
desperta-me o corpo dormente
na volúpia latente, desse corpo quente…
na insanidade louca desse amor
sobes em mim, como serpete
que me enleia nos beijos, nos ósculos
nas mãos, nesse olhar que me devora…

mata-me o tédio dos dias, enlouquece-me
renovadas noites, uma e outra vez…
beija-me, percorre-me o corpo e bebe-me..

afasta de nós a monotonia do ser
incendeia a paixão adormecida do cansaço
faz-te em mim, sê em mim,
mulher, amiga, amante…
roubemos as noites em nosso leito
adormeçamos só no raiar da aurora…
façamos amor, sempre e também agora…
que as noites se façam dias, que os dias sejam notas
e os beijos segredos, e na voz doce…
desejo-te, toda agora…
despe-te de tudo
veste-te apenas de mim…

Tiago Paixão

Despes-me a alma, na tua nudez

Despes-me a alma, na tua nudez

Despida inquires-me:

  • amas-me, desejas-me além do corpo que te sirvo?

Que nesta vontade do sentir
Existamos aqui, diante dos corpos
Esse tesão da alma que se consagra…
Que sem tempo me ames
Nos beijos, nos loucos joelhos
Que me prendas em ti e por ti
Loucas sejam as mãos e as noites
Vontade que te cresce nos seios
Que seja tu, eu, e nós
Que seja loucura, vontade
Querer, gemer, verdade…
Que seja sentir, definir, possuir
Aqui, ali, não importa
Que seja sem tempo
Sem interrupções
Que venhas, que fiques
Que permaneças em mim
E por fim, bem lá no fim
Que tudo seja prazer
Que tudo seja viver
Que as noites, as nossas noites
Jamais tenham tempo…

Tiago Paixão
24/01/2021
12:45

Façamos amor…

Façamos amor…

A cada dia,
A cada hora…
Façamos amor…
Façamos amor, quando me envolves,
Em teias de argumentos que só tu conheces,
Em discussões sem sentido, ferindo o ouvido,

Façamos amor…
A cada saudade na despedida da manhã,
A cada olhar afastando-se ao longe,
A cada partida, a cada chegada…

Façamos amor…
A cada chamada,
A cada mensagem
A cada palavra,
A cada certeza,
A cada dúvida partilhada!..

Façamos amor…
Dormindo sozinhos libertando a alma,
Abraço distante vagueando com calma,
Na brisa da noite, nos sonhos perdidos,
No calor do encanto, desejos escondidos!…

Façamos amor…
Enquanto comemos, brindando os alimentos,
Enquanto trabalhamos, para não esquecermos,
Enquanto viajamos, para não nos perdermos!…

Façamos amor…
À noite no quarto no silencio apagado,
Olhar tacteando o teu outro lado,
Mãos que despem os tecidos do dia,
Tarefa partilhada assim cumprida,
Despidos de tudo que a alma trazia,
Abraçados no nada, assim é a vida,
O dia acaba, a noite inicia,
Façamos amor até ser dia,
Dormindo abraçados,
Assim unidos,
Corpos dormentes,
Espíritos diferentes,
Unidos no tudo,
Que o amor nos dá,
Façamos amor, hoje e sempre…
Até amanhã….

Alberto Cuddel
19/07/2015

Desenho de uma relação!..

Desenho de uma relação!..

fino traço desenhado no sentir,
abraço, união, sintonia,
sombreado das palavras de cada dia,
saudosa partida, ansiedade da chegada,
sonhos entrelaçados, decididos, realizados,
colorida a cada dia, nas acções, nos actos,
rabiscos, erros perdoados, apagados,
dialogados, reescritos, decididos,
redesenhados no traço, na forma,
forma que completa, que se une, entrelaça,
redefine a cada dia, bailado de sombras,
a cada dia apena o risco, de se redesenhar,
de ganhar forma, de decidir de novo,
as cores, paleta das atitudes e gestos,
com que se reveste o desenhar da relação!
a cada dia escolho, escolhemos
pintar de novo a nossa vida!

Alberto Cuddel
30/07/2015

Sustendo o ar em mim!

Sustendo o ar em mim!

Sustenho no meu peito,
O ar aprisionado de um suspiro
De um surdo gemido
Que teimo em calar,
Sopro quente de tua voz,
Desejo que me queima
Arde sangue no meu corpo
No querer da tua posse
Segura firme o meu sentir
Pressiona-me contra ti,
Luta desigual,
Cega as tuas loucas investidas,
Sussurra-me palavras,
Sopros despropositados,
Insulta-me o querer,
Deixa-me gemer,
No grito alucinante
De me entregar
Na plenitude
De ter tem em mim,
Num louco e estremecido
Orgasmo,
Que me incendeia o olhar!

Alberto Cuddel
06/08/2015

Desenlace!

Desenlace!

A noite, cujo desfecho de aproxima
Num desenlace, surpreendente,
Dei novas palavras, a Álvaro,
Um quase poema a Miguel,
Ridicularizei-me perante Alberto
Com o Ricardo, ouvi o rio correndo
E eu? Onde estou eu, se em mim
Não transporto os sonhos do mundo
Vivendo apenas num mundo de sonho!

Sonhando o sexo, à o sexo,
Absorvente desenho
De palavras em êxtase,
Recolhendo palavras
Revestindo, camuflando
Com um amor o desejo,
Ou num engano persecutório
Me iludo, ocultado,
Que desejo por amar,
Que o sexo não é o fim
Nem o inico, tão pouco o meio
Mas a consequência natural
De tornar carnal
O que agora sinto
Diferente do ontem
Bem mais
Aconchegantemente maduro!

À parte isso,
Persigo nas palavras
Revolta velada,
De me manter acordado
Não pela falta inusitada de sono
Mas por minha mente sem dono
Viajante dilacerada de sonhos
Vontades disformes
Não poder adormecer
Não é um querer
Uma vontade
Mas um dever!

Revolvem-se em mim as entranhas,
No tempo que falta,
Para que a cabeça me caia
Num sono profundo!

Alberto Cuddel
05/08/2015

Amor, é este o soneto…

Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma… Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas…
E que meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua…, – unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois… – abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus, não digas nada…
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio

Amor, é este o soneto…

Não me queiras, apenas por palavras,
Expressões sem alma, recebe-me em teu seio
O olhar se feche, onde o sonho lavra
Recebe-me por inteiro e sem receio.

Nos teus lábios, meus, se encontrem
Línguas, que gladiam sabores frutados
Que teu corpo vibre enquanto estiverem
Nossos membros nos dois entrelaçados.

Duas bocas uma língua, -Gemido
Nos beijos, olhar comprometido
Sangue, suor, sabor, odor, unidos.

Depois, olhar que me penetra, amada!
Funde-os aos meus, apenas calada,
Deixa a vida, ser, um tudo, no nada!

Alberto Cuddel
Poema de tributo a José Régio
08/08/2015

Website Powered by WordPress.com.

EM CIMA ↑

%d bloggers gostam disto: