Dos sonhos que não confesso…

Dos sonhos que não confesso…

“Mesmo que não saibas, há dias em que escrevo para ti, mesmo sem a consciência de que me leias, sei que nas sombras recônditas das noites lês-me… mesmo sem te manifestares sinto-te olhando a minha alma despida…”

Alberto Cuddel

e vestes-me de sonhos,
desses que se despem na penumbra
dos lábios que vagueiam pelos corpos…

e depois há mar e noite, estrelas e viagens
conquistas estelares e viagens profundas
há palavras certas em momentos impróprios
e ideias que se confessam, negociadas na madrugada…

e vês-me escrito como que dormindo no teu leito…
e sinto-te… afagando-me os sonhos…
os dedos entre os cabelos… e a vida?
a vida despe-se diante dos sonhos…
onde a tua presença me alegra…

António Alberto Teixeira de Sousa
31/10/2023
In: Poemas de nada que se perdem na calçada

Tenho saudades… das noites, das manhãs… do sempre e do nunca…

Tenho saudades… das noites, das manhãs… do sempre e do nunca…

tenho saudades de ti e de nós
da roupa esquecida no chão
do beijo interminável
do silêncio húmido dos nossos lábios

tenho saudades do sonho, da promessa
do que foi e do que teria sido
do acordar junto, do adormecer exausto
tenho saudades do que ainda nem foi…
tenho saudades dos nossos orgasmos
dos sentidos, dos gemidos em surdina
e dos que ainda apenas imaginamos…

tenho saudades de te despir a alma no beijo
o corpo nos dedos, peça a peça, a cada palavras
a cada gemido consentido…
tenho saudades de ti e de mim, de nós, de mim em ti…

Tenho saudades dos teus seios, dos beijos na nuca
De te abraçar de conchinha… de te sentir o corpo, a pele…
Tenho saudades de nós… do que fomos, do que somos e sonhamos…

Quero-te…
Loucamente quero-te…
Hoje, amanhã, ou depois…
Não importa quando, onde, como…
Mas sei que te quero…

Tiago Paixão
20:37 19/12/2020
a fúria da saudade

Prende-me a ti…

Prende-me a ti…

algema-me, tem-me ali…
diante de ti, à mercê dos teus caprichos
despe-me dos dias e da vida
despe-me o corpo, percorre-me a alma…

venda-me… toca-me, sente-me
sente o meu pulsar de desejo
a minha vontade de te ter
de te possuir por inteira
bebe-me, bebe-me longamente
sem pressas, sem mansidão
como que a saborear a memória
nessa firmeza fálica do querer que me impões…
bebe-me…

cavalga em mim noite fora
como numa corrida de longa distância…
em trote firme, mas sem que se perca o folego…
desprende-me, desvenda-me…
deixa que te possua…
porque a alma essa
já é eternamente tua…
vem-te… vem-te comigo
em mim…

Tiago Paixão
03:34 26/12/2020
a fúria da saudade

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