Lembrar-te-ás que eu desejo-te…

Lembrar-te-ás que eu desejo-te…

lembrar-te-ás que todo eu sou tesão na alma
que todo o meu ser te deseja possuir loucamente
que esta fome, esta sede de ti mesma, é sentir pleno
quiçá um amor efervescente que me brota do estomago…

quero-te como se loucamente se pode querer
sem pudores, despida de verbos e de pudores
quero possuir-te nos lábios, na boca
quero sentir o teu orgasmo na língua
quero o teu corpo sob o meu, o teu movimento
sentir-me todo em ti, em longas estocadas
amplo movimento do quadril…

quero rebolar em ti, ter-te por baixo, por cima
de frente e de trás, quero-te possuir ali… ali mesmo…
pode ser amor, que seja, desejo, tesão, paixão, que seja…
mas que seja foda, que não se esqueça, que se repita
que venham os ancores e as vénias…
que venham os beijos e as repetições
que venham as loucuras da boca
que nos sorvamos loucamente…
sincronizemos o desejo, o batimento cardíaco
sincronizemos o movimento, encontremos o “g” da questão…
massajar-te-ei o ego, entregar-te-ei a ti o orgasmo nascido na alma…
depois abraçar-te-ei e beijando conversaremos…
quiçá te confessarei, que te amo, que te amo como ninguém…

Tiago Paixão
5:30 – 26/11/2020
A fúria da Saudade

Sinais

Sinais

na parede da esquina
a roupa estendida
assim saberás tu
se te espero ou não…

são sinais senhora…
a roupa estendida
cuecas fora de casa
e calças ao contrário…

vem…
contra a parede a costa esta livre…
ninguém percebe
ninguém viu
entra e serve-me
deixa-a satisfeita
sorridente espreita
não é vadia
não é da vida
aproveita apenas
a roupa estendida…

Januário Maria
21/01/2021
15:25

Foto cedida por :
João Gomez photography

Vida aprisionada na liberdade de ontem

Vida aprisionada na liberdade de ontem

teria sido apenas ontem que nos amamos livremente
sem o julgamento dos olhares e o sol sob as cabeças
na partilha do fruto da videira espezinhado pelo homem
sem máscaras ali, diante do mundo, sem a cor que nos condena…

saudades dessa vida libertina de nos encontramos na rua
– seriamos nós, apenas nós, sem os medos à porta do hospital…

Liberdade, saudade dessa liberdade de escolha
De estar, de ficar, de olhar a luz do dia ao teu lado

Hoje nesta vida aprisionada na liberdade de ontem
Somos nós, escondidos e confinados do mundo

Mas hoje livremente escolhemo-nos, sem medos
Sem medo do julgamento estampado no rosto
De todos aqueles a quem a vida roubou a inocência…

Alberto Cuddel
26/01/2021 22:56
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XIX

Foto cedida por :
João Gomez photography

A expiação da culpa e o escarnio da culpa alheia…

A expiação da culpa e o escarnio da culpa alheia…

“o poder é corrupto, eu? eu não… mas os outros sim…”

eles roubam, eu? eu não, aceito apenas o que é meu por direito…
eles são corruptos e fazem negociatas, eu não sou muito sério
apenas peço a um amigo para me tirar pneus mais em conta
à cunhada do meu primo para dar um jeito na consulta do hospital

eles não têm ética recebem subsídio de residência com casa em lisboa
eu não, recebo deslocação pelo meu posto de trabalho
mesmo morando a quinhentos metros…

eles andam montados em grandes carros pagos pelos nossos impostos
eu não, mesmo tendo carro prefiro deixá-lo no meu posto de trabalho
e andar três dias com o carro da empresa…

eles são uns ladrões… mas nós não, somos gente séria…

um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras —
‘oceânico’, por assim dizer, esse sentimento, acrescenta,
configura um facto puramente subjectivo, e não um artigo de fé;
não traz consigo qualquer garantia de imortalidade pessoal,
mas constitui a fonte da energia religiosa de que se apoderam
os culpados são os políticos e não a sociedade que os formou…
porque eles coitados nasceram assim, ladrões…

acusa, aponta o dedo, antes que eles te acusem a ti…

vai um favorzinho, ou por alguma excepção obtusa eu tenho direito?
que me importa se é ético ou moral, direito é direito…

quase me esquecia, mas os culpados são eles, os políticos…

Alberto Cuddel
24/01/2021 17:00
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XVIII

Porque a verdade não o é…

Porque a verdade não o é…

não, a verdade não é exacta
a terra já foi plana, quadrada
circular e redonda,
a própria água nem sempre molha
nem sempre dois e dois são quatro
dois seios e dois testículos quando muito será um casal
nascemos na inverdade inventada, bebés trazidos por cegonhas
um velho vestido de vermelho que nos premeia o bom comportamento
que Adão não conhecia Eva até comer a maçã…
que depois do hoje só há o amanhã…
tentas as verdades que não o são…
e os pais? que só por amor concebem, e que o prazer do corpo é pecado…
porquê a verdade não o é?

porque a verdade não vem dos sentidos?
deixem viajar o instinto do querer conhecer e saber
que o nosso íntimo experiencie o orgasmo de descobrir
de se descobrir na mentira que te incutiram… porque as coisas são…

“a liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
a liberdade de amar a moral que é preciso dar à vida!
como o luar quando as nuvens abrem
a grande liberdade cristã da minha infância que rezava
estende de repente sobre a terra inteira o seu manto de prata para mim…” *

nessa amálgama da crença
apenas o livre pensamento condicionado pela infância
me rasga o céu e as vestes procurando o teu orgasmo nos dedos…
onde se insere a mentira das marés, que força lunar me trepa pelo corpo
que medo é esse que cobre de verde as dunas fustigadas pelo vento?
em que bíblia humana querem que eu creia fielmente?
Freud? e na viagem pela psicanálise do cérebro humano?
despe-te no corpo e na alma,
hoje precisamos falar,
e registar a nossa verdade no silêncio dos lábios…

Alberto Cuddel
23/01/2021 22:30
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XVII

*Álvaro de Campos – A liberdade, sim, a liberdade!

Vestes que despes contra a parede do tempo…

Vestes que despes contra a parede do tempo…

nas paredes amarelecidas pelo tempo
as vestes que despes de uma alma nua
estendes marcos aos olhares do mundo
condenam-te as vistas que passam
pelas molas podres e o gasto da roupa…

corres pela rua acima, em portas e janelas fechadas
rotos que espreitam por detrás das cortinas
gente com medo da rua, com medo da vida
e estendes ao mundo as línguas de trapos
a bocas imundas de palavras porcas…

estendes ao sol
as vestes que despes contra a parede do tempo
em alma lavada corada ao tempo…
e esperas… que o tempo te seque…
calcorreando o empedrado da rua…
aprisionado entre paredes gastas…

Alberto Cuddel
21/01/2021 15:10
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XVI

A vida tal como ela é…

A vida tal como ela é…

há nessa paixão de viver uma admiração pelos pássaros
esses que em liberdade se recolhem da chuva sob os ramos das arvores…
porque não voam com as penas molhadas…

mas o homem não…
arrisca a vida e a liberdade pela inconsciência do viver agora
sem o medo da chuva… e morre…

será a valia do eu quiçá mais importante
que toda a liberdade que questione o valor do nós?
a vida tal como ela é…
uma mera questão filosófica do egoísmo…

a minha deixou de valer
nada vale além das indefensáveis palavras
que teimosamente rabisco no tempo
porque opiniões, cada um tem a sua…
e o nós encolhe a cada minuto…

Alberto Cuddel
20/01/2021 15:55
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XV

Veste-me de loucura…

Veste-me de loucura…

corta-me a lucidez e o discernimento e veste-me de loucura
trespassa-me a alma com açucenas, rasga-me de paixão…

cega-me com o movimento amplo das ancas em pleno voo
lambe-me longamente o ego com tulipas negras
calça-me os pés de troncos secos, e arrasta-me pelas areias…

há este fogo de céu, estas marés de sargaço que me abraçam
na loucura com que me vestes como nesse excesso de velocidade
de não cumprir as regras do código da estrada e voar…

veste-me da loucura de te odiar no amor que me inunda…

e depois de tudo, rasgas-me as vestes e afogas-me no ar da tua boca
expiras e inspiras gemendo longamente a dor que se crava pela saudade…

mas dói-me essa loucura com me vestes…
perdido que estou na indefinição do que sou…
há um orgasmo contido nessa metáfora chamada poesia…
e a loucura é apenas o reflexo de me pensar existir em ti…
enquanto tu és meramente sonho…

Alberto Cuddel
17/01/2021 23:08
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XIII

Despes-me a alma, na tua nudez

Despes-me a alma, na tua nudez

Despida inquires-me:

– amas-me, desejas-me além do corpo que te sirvo?

Que nesta vontade do sentir
Existamos aqui, diante dos corpos
Esse tesão da alma que se consagra…
Que sem tempo me ames
Nos beijos, nos loucos joelhos
Que me prendas em ti e por ti
Loucas sejam as mãos e as noites
Vontade que te cresce nos seios
Que seja tu, eu, e nós
Que seja loucura, vontade
Querer, gemer, verdade…
Que seja sentir, definir, possuir
Aqui, ali, não importa
Que seja sem tempo
Sem interrupções
Que venhas, que fiques
Que permaneças em mim
E por fim, bem lá no fim
Que tudo seja prazer
Que tudo seja viver
Que as noites, as nossas noites
Jamais tenham tempo…


Tiago Paixão
24/01/2021
12:45

Joana Vala – Promessas, só promessas

Desafiado por Ruth Collaço a escrever sobre uma imagem

Joana Vala – Promessas, só promessas

tenho engarrafado desejos, reprimido os sonhos
– e tu? quando libertas as promessas feitas?

percorremos a vida atrelados ao mesmo lar
confinados neste marasmo dos dias e das noites
onde guardas as chaves da paixão que sentias?
não é a vida, não sou eu… que desculpas inventas?

nessas promessas repetidas, onde te deixaste morrer?

cai do pedestal, faz-te à estrada comigo, seja azul o comprimido
não me importa, mas vive… faz-te de novo…
se me desejas mostra-o… não te encerres em ti mesmo…
destranca-te dá-me a chave que te liberta…
faz-te tesão e ama-me…

faz-te à estrada comigo, ou simplesmente despeja todas as promessas
descarrega a ilusão, e deixa-me caminhar sozinha
puxando o atrelado do desejo até encontrar quem o puxe comigo…

para que eu possa ser:
novamente mulher, novamente Joana…

19/01/2020
21:07

Com a gentil autorização de:
https://www.facebook.com/joaogomezphotography

As chaves da saudade

Desafiado por Ruth Collaço a escrever sobre uma imagem

As chaves da saudade

entre promessas e desejos de uma paixão crente
há essa impossibilidade de distância a percorrer
não daqui a aí… mas a distância do sonho à realidade…

há esse movimento circular de rodar, de contornar o corpo
esse querer consciente de beijo, de te desnudar a alma
como viagem persecutória ao combustível do desejo…
será a viagem da vida essa loucura de sonhar o orgasmo?

entre chaves e portas, entre promessas e desejos
sonho-te liquidamente em mim, como a viagem
em que ao plano físico atrelamos os sonhos
desejo e saudade, do que será, depois de ter sido…

entre promessas e desejos, carregamos o sonho…

Tiago Paixão
19:46 19/01/2021
a fúria da saudade

Com a gentil autorização de:
https://www.facebook.com/joaogomezphotography

Promessas e desejos…

Desafiado por Ruth Collaço a escrever sobre uma imagem

Promessas e desejos…

há nas chaves dos desejos uma promessa de sonho
esse querer acordar noutro tempo e noutro lugar…

há um caminho de realidade a percorrer
não sonhar, não criticar, não idealizar…
mas um caminho de ficar, de esperar,
um caminho a cumprir, a prevenir…

de que me valem os sonhos se o amanhã não existir
de que me valem os desejos de beijos se não houver a quem beijar…

não basta criticar… mas sim também fechar a porta…

Alberto Cuddel
19/01/2021 18:08
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XIV

Com a gentil autorização de:
https://www.facebook.com/joaogomezphotography

Na pressa de ser já

Na pressa de ser já…

Não espero amor… não sei esperar
Amamos, queremos que seja agora
Que seja já…
Deixa vestidas as vestes, uma abre-se
Outra arreda-se…
O amor não tem hora, no desejo
Que seja já, que seja agora…
Deixa que te ame na pressa
Na vontade de estarmos
De nos unirmos e fundirmos
Único sentir, único viver
Único movimento, único prazer…
Na pressa de ser já, não há hora,
Que seja vontade, desejo, amor
Que seja, razão, paixão, tesão
Que seja já, que seja agora…
Fodamos, satisfaçamos esta fome
Este tesão louco que nos consome
Que nos trespasse a alma o orgasmo
Gritemos juntos o prazer
De nos foder mutuamente…
Ama-me… Loucamente
Sem qualquer pudor…


Tiago Paixão
18/01/2018
19:21

Na loucura furiosa do sonho…

Na loucura furiosa do sonho…

fossem nas memórias sentidas como reais
esse louco tesão do pensamento entre odores e desejos
todas as imagens loucamente imaginadas
sentida nas palavras partilhadas, no toque dos dedos
quero-te aqui, apenas aqui, sem esperança vã
sem pensar o amanhã ou o depois
quero-te amar, na loucura do sexo
quero foder-te, oferecer-te todo o prazer
esse que sentiste e todo o outro que desejaste…

quero arrancar-te do pensamento
quero o teu cheiro no corpo,
o teu sabor nos meus lábios
o teu gozo na minha boca
quero-te minha, apenas minha
e arrancar do meu corpo
da minha alma, dos meus dedos
esta saudade que doi, que magoa e chama…

quero que o mundo se cure
que a nossa paixão perdure
que o corpo se rejuvenesça
que eu ame e peça
quero-te toda, de alma e vida
quero-te minha
dono e senhor de todos os teus orgasmos…

Tiago Paixão
16:58 06/01/2021
a fúria da saudade

Nesses beijos prometidos, que ficaram por dar…

Nesses beijos prometidos, que ficaram por dar…
(Ou a saudade do que poderia ter sido sem ser…)

e foram dois… um quase roubo cometido aos teus lábios…
o calor da tua face, as mãos tremulas do abraço
esse desejo dos corpos à média luz
com os olhos do mundo sob nós…
como te queria, como te quero…

ali…
mesmo ali onde os nossos corpos pela primeira vez se tocaram
em que a nossa pele tremeu com o odor dos nossos corpos
onde o nosso olhar tantas vezes fez amor
desejei-te, desejo-te…

quis abraçar-te eternamente e fugirmos dali…
naquele canto escuro onde bailaram todas as emoções
onde sonhamos fazer amor, bem ali, no sofá
que se lixasse o mundo e as gentes
queríamo-nos, queremo-nos…

hoje afastam-nos as doenças do mundo
e os olhares condenatórios dos homens…
mas amanhã, amanhã não…

Tiago Paixão
16:22 06/01/2021
a fúria da saudade

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