Desafiado a escrever para a imagem surgiu isto:
Não… Nunca mais…
não peças perdão pelo imperdoável…
afasta de mim esse cálice de sofrimento
humano desprezível,
como ousas proferir
com a boca fétida de sangue a palavra amor?
não, nunca mais… não foi o álcool
ou as depressões, ou as desilusões
ou todas e quais queres desculpas
para as tuas vis frustrações
não foi a doença, nunca amaste
nunca me amaste… és insignificante
e eu não o reconhecia…
apenas te pertencia enquanto não acordei…
apenas sofria chorando pelos cantos, lambendo as feridas…
mas hoje, hoje não tens perdão,
hoje és um desprezível cidadão…
não, nunca mais…
#poeticamortem
@Suicídio poético
08/04/2019
Filosofia da despedida ou a embriagues do adeus
depois de um copo de vinho?
precisamente na véspera do dia de amanhã
se morresse hoje, o amanhã nasceria como o hoje
sem mácula, o sol erguer-se-ia como ontem
todos os outros continuariam nas suas vidas
nem os jornais, as rádios, as televisões
ninguém falaria de mim, o mundo existe
porque assim foi feito, nesta realidade parva
eu apenas um estorvo orgânico sem pensamento…
o outro copo?
apenas a memória da realidade do abandono
e os espinhos? essa metáfora da coroação do filho do homem
o sofrimento subtil dessa ilusão inventada pela mulher
a rosa, encarnada, como a maça do éden…
que morram as luzes e os demónios do fogo ardente
que morra eu, sem ser gente, sem ser nada…
há noites lá fora, nessa realidade fictícia do sexo
enrolam-se loucamente como se o amanhã não nascesse…
iludem-se, pagam, recebem, no final, bebem para esquecer
eu, que tantas vezes já me esqueci de beber a cada adeus…
Sírio de Andrade
08/04/2019
A espera
Arde-me no peito essa luz bruxuleante que não reflecte a tua sombra, copos abandonados sem o sabor dos teus lábios, e eu espero, como sempre espero, com os espinhos cravados no peito, mais um dia, mais uma indiferença, este que seria o dia, a noite, este momento que já não tens memória…
Foram anos, não muitos, mas nem o círculo no calendário, nem o beijo da manhã, nada te recorda, vives indiferente, a esta realidade conjunta, vives no teu mundo, no teu ego… eu que idealizei a noite, que sonhei alto, que quis reacender a paixão e o romantismo, para quê? Apenas mais uma desilusão… mais uma noite de solidão!
Nem sei para que me dei ao trabalho, afinal hoje é apenas mais um dia em que não chegas, hoje era apenas o nosso aniversario…
Joana Vala
Amemo-nos depois de adormecer…
Selemos a noite em licores de beijos
Troquemos de copos, de luz
Dispamos os corpos
Desfolhemos as pétalas
Escancaremos segredos, fantasias
Envergonhem-se as sombras e o soalho
Espalhemos a luz e os corpos pela casa…
Seduz-me, lentamente, nesse caule espinhoso
Nas pétalas que te contornam os seios,
Na subtileza dos beijos, nos sussurros da voz…
Conta-me os teus segredos, os teus medos…
Amar-me-ás?
Que a noite morra, que nasça o dia em nós…
Ama-me no abraço de ver o sol raiar…
Que se fechem os olhos, que nos adormeça a alma…
Que descansem os corpos, enquanto nos amamos
Secretamente…
Tiago Paixão
08/04/2019
Poema XXXVIII
eram dois, somente dois
nem cheios, nem vazios, antes pelo contrário…
cada um uma história, uma bagagem, cada um uma vida
brindavam… brindavam à luz e ao depois…
nas curvas da luz existem, ali, diante um do outro
sopram ventos lá fora, conspiram os deuses e os demónios
altas são as portas e o sentir que os fecham, que os mantém…
nos espinhos da vida, pactos de sangue, perfumados sejam os corpos
odores almiscarados que se misturam no rubor da face…
luz, apenas luz e certeza, doce pacto firmado pela vida!
a noite, desce lá fora abraçando o frio que os afasta
eram dois, somente dois
nem cheios, nem vazios, antes pelo contrário…
cada um uma história, uma bagagem, cada um uma vida
brindavam… brindavam à luz e ao depois…
brindavam a uma vida sem pressa
Alberto Cuddel
08/04/2019
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