Desabafo

Desabafo

Acho que nunca me viram (leram) neste registo no blog, mas hoje apetece-me… o que se pode fazer? Ou suicido-me ou digo tudo sem papas nos dedos…
Estou cansado dos bloqueios no facebook/Tumblr/Instagram, sou poeta, escrevo literatura erótica, não tenho pudor ou vergonha alguma, não é uma questão de sonho ou de até de desejo pessoal, que querem? Tenho jeito para fazer os outros sonharem… “mas à parte isso” e agora ate citei Álvaro de Campos um dos heterónimos de Pessoa, no seu famoso poema “Tabacaria”, (Ora fodasse, além de polémico ainda é culto), à parte, estou cansado de não ser lido como devo ou seja: tudo o que de mim lêem deve ser interpretado segundo vocês mesmos, não na busca de mim nas palavras, defino-me como romancista preguiçoso, posso ter bebido toda a noite whisky, e escrever a ode da minha vida à “vodka com laranja”, às vezes canso-me de escrever o amor, não que o amor me canse nas suas maravilhosas vertentes, mas por que todos cobram do amor, quando amar é apenas doação, ninguém pode cobrar do amor orgasmos, porque isso é prostituição. Falam-me da amizade na poética, como se por ser amigo eu tivesse o dever a OBRIGAÇÃO, de dar like ou comentar “maravilhoso” a um texto que não usava para limpar o fundo das costas que evacua se tivesse ido ao wc por mais fofinho que fosse…
Estou cansado de uma poética de conto, onde todos contam as suas mágoas e desejos, eu não quero saber se traíste o teu marido, se está apaixonado por outro fulano, se a fodeste na praia, eu quero encontrar-me nos teus desejos, na tua volúpia no por do sol na praia, nada mais simples do que amar pela alma de outro alguém, mesmo que esse alguém tenha vivido no início do século XVII…
Mais que uma arte fonética, que uma arte gráfica (ortografia) a poética é uma arte de alma, uma arte de dois sentidos, o olhar e ou o escutar, ( reparem que não referi ver e ouvir), para a percepção da poética é necessária uma predisposição espiritual única, um pouco como a diferença entre o amor doado e o foder narcisista, canso-me por encontrar no leitor a arte do cagalhão, olham a forma, mas não a arte do cozinheiro que confeccionou a refeição… indo ou pouco mais além, e tudo se resume ao amor que o agricultor dedicou ao cultivo dos pepinos…

Eu e todas as outras personagens que sou

21/08/2019

15:30

THE END

Despedida…

1590 poemas depois abandono o blog, a todos os que me seguiram o meu muito obrigado! foi bom sentir o vosso apoio e calor humano, foi bom crescer com as vossas criticas! quem sabe um dia, algures no futuro eu regresse.

Um enorme abraço,

Alberto Cuddel

Um último poema, a verdade

Um último poema, a verdade

Presunçosamente escrevi-me
Reinventado versos, criando-me
Fazendo-me ser o que nunca fui
Fazendo-me poeta das tuas ideias
Da tua alma, da tua forma obtusa de sentir
Presunçosamente enalteci-me
Aos pícaros pecaminosos do ego
Sou um nada poético, apenas actor
Imitador profundo das palavras
Dos sorrisos e das lágrimas
Que mostras e vertes…

Jamais fui honesto na escrita
No que intentei escrever a tinta
Num escuro e anafado legado
De palavras difusas sem estilo definido,
Escrevendo noites pútridas da solidão
Ventos sombrios que cortam a alma
Puritanos e eróticos pensamentos
Saudoso amor deste mundo infernal!

Menti,
Menti-me descaradamente,
Menti-te despudoradamente,
Não sou poeta, nem qualquer coisa que o valha
Não sinto o que escrevo, não escrevo o que sinto,
Invento e reinvento sentimentos roubados
Nas conversas de café, no comboio, no cabeleireiro,
No choro de uma moça abandonada,
No grito do pai que perdeu o filho,
Na mãe que se contorce de dor,
Na lua, falsa, ladra da luz…
No sol, quente que nada produz…
Nas ondas do mar, que vem, que vão,
E tornam a voltar!

É oportuno que, em mim os sorrisos,
Me lembrem os que choram, que, assim,
Meu riso não ofenda a mágoa dos que sofrem:
Mas que eu entenda em mim o sentido do sofrimento,
Sabendo eu que não me iguala, mas que nos torna iguais…
Não me considero melhor do que aqueles que ficaram para trás
Porque o dia virá em que não serei diferente, apenas memória
Nem jornada, nem história, apenas versos difusos de um sentir
Ausente e distante dos meus muitos eus que ultrapassei na caminhada,
Os outros farão de mim
O que eu por ti fiz
E nada de facto, será feito por mim,
Se eu agora não o fizer… farei das palavras caminho
Sem que nunca chegue em mim a concluí-lo…

Na falsidade que me assiste, verdadeiramente apenas me inscrevo
Nas mentiras esquerdas e direitas que poetizo!
 
Alberto Cuddel
28/08/2016

Abri os ouvidos e ouvi…

 
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tu que adormecido estavas no meu seio,
Nos ouvidos que permaneciam fechados,
Ao grito que me ecoava na alma!
Eis que habitavas em mim,
Teimosamente procurava-te no mundo
Habitavas adormecido o meu ser
Era amado, mas eu não estava contigo.
 
O mundo sempre me distraía da verdade
Retinham-me longe de ti os prazeres mundanos
Esses criados pelos ouvidos, a ti surdos
Que te procuram cegamente, onde não estás!
 
No dia em que me chamas-te
Disse sim, sem que voluntariamente
Em mim o tenha proferido,
As tuas palavras foram escutadas
A tua luz curou-me a cegueira,
O perfume da tua sabedoria
Criou em mim a sede de Ti,
Tocaste-me a alma
E hoje a Tua paz habita em mim…
 
Alberto Cuddel
07/12/2016
11:58

 

 

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