Madrugadas…

Madrugadas

Não espero o desfolhar das madrugadas
Nunca esperei ninguém

  • Não me perseguem as sombras erguidas no luar…

Vãs reticências que me iluminam o pensamento
Sonhos de agoiros irrealizáveis
Recosto-me nos silêncios dos telhados de zinco
Esperando mãos soltas que me aliviem…

Dói-me o romper do sol…
Esventrando a noite
Inundando-a de luz..
O sono toma conta de toda a inspiração…
Inspiro, expiro, respiro… ainda vivo…

Alberto Cuddel
31/07/2017
00:20

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No princípio era o beijo


Almas que se despem, que se veste e revestem de luxuria, corpos que se misturam, mãos que nos predem e envolvem, que nos procuram, que nos contornam, mapeando os corpos nas almas unidas, que bailem os sabores no palato, que nos inebrie o olfacto, sejamos pressa, vontade e consciência, sejamos a saudade morta na fúria da distância, aí onde entre nós não reside espaço nem tempo, apenas um sentir que nos funde em libidinosos movimentos, dispamo-nos de tudo, dos pudores e consciências, sejamos…

No princípio era o beijo, um toque suave de seda, palavras encantadas, almas que se despem, o rubor da romã, ansiedade da cereja… No princípio era o beijo, um estremecer do corpo, um fechar de olhos, um toque de mãos, lábios que se entreabrem, línguas que se procuram, almas que se encontram… No princípio era o beijo, depois mais um, e outro, mãos inquietas, impacientes…

O beijo, ai esse beijo que incita a insanidade e me despe do mundo pelos lábios suculentos dos teus sabores, o desejo que nos sobe às nuvens pelo algodão doce das línguas insaciáveis da saudade, os corpos que dançam sensuais e nos molhavam o desejo, o encontro no toque das almas que se encaixam como se nunca tivessem sido senão o mesmo tom, esse nosso beijo tem magia, rasgos de aroma de canela, afrodisíaco do vício irracional, do início fizemos constância, as mãos já não sabem senão procurar o teu corpo no meu, preciso de estremecer, solta em ti, fechar-te os olhos e sermos…

António Alberto Teixeira de Sousa

Todos os dias acordo

Todos os dias acordo

todos os dias acordo vivo
sei que estou vivo pelas dores
antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
tenho alegria e pena porque me doem as costas
tenho tristeza e desilusão por não me lembrar dos sonhos
e posso estar na realidade onde está o que sonho
mesmo que não me lembre de ter sonhado
mas doem-me as costas e os quadris…
talvez te tenha amado em sonho
tenho esperança que sim… antes isso que ter sonhado com vindimas…

todos os dias acordo
e sei que amo, e amei
quem ama é diferente de quem é
é a mesma pessoa sem ser ninguém
quem ama acorda, quem não ama não vive
mesmo que acorde com dores, morreu… está morto…

todos os dias adormeço… só por poder acordar vivo
posso até ter morrido, mas sei que vivi, e sonhei
mesmo acordado antes de ter adormecido ao teu lado…

  • sabes, custa-me adormecer contigo
    tenho medo de não acordar…

António Alberto Teixeira de Sousa
28/07/2023
In: Poemas de nada que se perdem na calçada

Quando te escolhi,

Quando te escolhi,

Quando te escolhi,
sim EU escolhi amar-te para sempre!!!
Eu percebi no momento que há amores para se viverem na sua plenitude!!
Quando te escolhi para te amar, mergulhei no mundo só nosso,
e recebi na mesma intensidade todo o amor que te dei!!!

“ quando em mim teu corpo se confirmou
arte pura do desejo humano de prazer
fiz-me certeza, tesão, fiz-me, amor, paixão
e fomos beijo, seios, e fomos vestes no chão ”

Escolhi amar-te, não só pelo que significas,
como pelo ser humano que és!
Transformas todos os dias, tristezas em gargalhadas,
manhãs em raios de sol, dias em arco-íris!!

“e somos o que fomos, coleção de orgasmos
e revolução dos corpos e coleção de abraços,
e somos riso, gargalhadas, ajuda e penetração,
e somos luar e rasgamos a noite, e jorrámos luz
e fomos terça-feira, e sexta e sábado…
e somos vida e esperança após a morte!”

Meu amor… escolhi-te???
Sim! Mas o amor acontece…
e quem decidiu em ficar fomos nós,
plenos de paixão e cumplicidade, desejo e tesão!!
Passaram anos e cá andamos…,
quando te escolhi o meu futuro sorriu comigo…!!!

“quando nos escolhemos, somos no que nos transformamos
amigos, amantes, namorados e militantes
seguidores fiéis da alma que sorri, ombro que ampara
corpo que suporta e repara… coito em que nos acolhemos, 
e amamo-nos de novo, e deitamo-nos de novo,

e fodemos de novo, gememos de novo,
e vamos e vimo-nos de novo… e crescemos e morremos
e renascemos, e amamos de novo… e sorrimos…”

Quando te escolhi…

Cris.V & “Tiago Paixão”

Além de mim…

Além de mim…

Além do mar, da terra
Além dos céus e das nuvens…
Além da vida e dos sonhos…
Além de mim… existe tu…

Tu que és… tu que és brisa
Tu que és gosto de beijo
Tu que és palavra e abraço
Tu que és apoio no cansaço
Tu que estás, tu que passas e ficas
Tu que acolhes e levantas…

E eu? Eu…
Eu que vi, eu que olhei
Eu que escutei, que toquei e senti
Eu que senti o gosto… eu que amei…

E tudo roda e tudo volta
E tudo é recta e tudo e partida
E tudo é chegada, e tudo és tu…
Abraço-porto-seguro
Beijo-conforto, minha sede e minha fome
Minha sombra e meu conforto…
E tudo roda e tudo volta
E tudo é recta e tudo e partida
E tudo é chegada, e tudo és tu…
Além de mim…

António Alberto Teixeira de Sousa
27/07/2023
In: Poemas de nada que se perdem na calçada

Queira-me a alma vestir-se de ti…

Queira-me a alma vestir-se de ti…

“Que em nós arda essa chama que nos acolhe”

que seja uma, ou duas, três vezes
que seja a loucura do orgasmo a vestir-nos
no teu corpo faço-me homem a cada gozo
a cada vez que todo lhe sou prazer devoto…

“deixa-me ferver na tua carne, misturar meu corpo no teu
sente-me… que os nossos movimentos se unam
que o nosso suor escora, falemos um pouco
sincronizemos a alma e o desejo, elevemos a libido
procuremos no nosso amago um uníssono gemido…”

paremos e amemo-nos apenas no olhar,
deixemos que as paredes e a água nos abrace
bebamos das taças que nos ofertam
e sejamos homem e mulher, e uma só carne
um só prazer, amemo-nos de novo…

depois, depois amamo-nos
uma e outra vez…
antes que os corpos se cubram
diante da vergonha dos homens…

e vamos, e fomos e amamo-nos de novo…
bebe de mim todo o prazer… que eu te levarei…
ao céu do amor que nos condena…

se amar é pecar, então assumo, sou um grande pecador…

Tiago Paixão
27/07/2023

afúriadapaixão

“Que em nós arda essa chama que nos acolhe”

que seja uma, ou duas, três vezes
que seja a loucura do orgasmo a vestir-nos
no teu corpo faço-me homem a cada gozo
a cada vez que todo lhe sou prazer devoto…

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Um vaso quebrado cheio de tudo

Um vaso quebrado cheio de tudo

a minha alma partiu-se como um vaso vazio
tão cheia de vida, uma palavra fora de tempo
um desastre anunciado, amaldiçoado humano!

barulho na queda estilhaços de versos
lanças arremessadas com selo de morte
maldito ego destrutivo, inveja do que não é…

olham os cacos absurdamente conscientes,
mas conscientes de si-mesmos,
não conscientes deles, da sua pequenez…

era um vaso cheio, de bondade, de alegria
hoje quebrado, apenas angústia, raiva e pouca vida…

Alberto Cuddel
23/08/2020
17:24
Poética da demência assíncrona…

Desejo de beijo…

Desejo de beijo…

arde-me no corpo a saudade da alma
e quero, como um macho pode querer a sua fêmea…
quero o teu beijo, o teu desejo, a tua paixão
o teu querer, a tua sede e o teu tesão…

queima-me a alma por dentro no afastamento terreno
em que mundo, em que horizonte, em que tempo
quero-te como se loucamente se pode querer
sem rubores, despida de verbos e de pudores
quero possuir-te nos lábios, na boca
quero sentir o teu orgasmo na língua
quero o teu corpo sob o meu, o teu movimento
sentir-me todo em ti, em longas estocadas
amplo movimento do quadril…

e ainda assim o beijo… esse ficar, esse diálogo do olhar
o movimento das mãos, o contorno das curvas
o movimento das retas, nas esquinas e círculos da noite
essa fúria da alma, esse sentir que nos acalma
essa fúria que nos emana dos poros… e os orgasmos…
gritos gemidos de um amor consumista
que jamais estará feito, possuído, consumido…

e fica… a sede, a fome esse desejo de beijo…

Tiago Paixão
21/07/2023

afúriadapaixão

Saudades.

Saudades.

Nos dedos o querer da saudade
Na boca a certeza do desejo
No corpo, esperança de beijo!

Não hoje, quiçá depois
Na eternidade da espera
Uma aliança firmada
Uma certeza por tudo
Uma perda por nada…

Nos dedos o querer da saudade
Na boca a certeza do desejo
No corpo, esperança de beijo!

Tiago Paixão
14/04/2023

E porque o meu aniversario é amanhã…

E porque o meu aniversario é amanhã…

o dia do meu aniversario é amanhã
não é hoje, e se não fosse amanhã, ou se não fosse lembrado, nada aconteceria
já houve um ano em que foi hoje,
porque tu com todo o teu amor de mãe, te enganastes
mesmo com aquele bolo de dois andares e cobertura de açúcar, com perolas brilhantes
não foi no dia que havia de ser, mas um dia antes…

o meu aniversario não é hoje. mas quem se importa? comemoramos o quê?
mais um dia de conhecimento? a subtracção de um dia à esperança de vida?
que me importa o somatório dos dias em que vivi, se em tantos deles dormi…
porque não contamos as noites? mas apenas os anos?
quem se importa com os anos?

virão os Invernos, e depois as Primaveras…
e os abraços prometidos, beijos desejados
as sementes perdidas, as sementeiras dos campos
virão as chuvas e as neves, as tardes quentes…
e virá o tempo que não se conta, e o outro que passa…
e esse tempo que perdemos a caminho de coisa nenhuma

o meu aniversario é amanhã
um dos aniversários que tenho, dos tantos que inventei e que poucos se lembram
ainda há muitos que recordam aquele domingo chuvoso…
seriam umas quinze e trinta, e irrompi por entre as pernas da minha mãe
e gritei… não me importo se o esquecessem… já não me faz falta que o lembrem
já vivi mais, do que me falta viver…

o meu aniversario é amanhã…
nem todos se lembram
mas eu sei que descontarei ao que me resta
um dia, aos dias que me faltam…

o meu aniversario é amanhã…
e mesmo que não fosse
o mundo seria o mesmo mundo
e eu o mesmo que sou…
mesmo que ainda não saiba
o tempo que me resta…

Alberto Cuddel
13/01/2021 00:05
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XI

E num olhar…

E num olhar…

Despi-me de todas as borboletas
Despedi-me de mim e fiz-me de novo no teu útero
Despimo-nos de todos os silêncios e todas as noites,
De todas as auroras e de todos os cemitérios…

E num olhar, nascemos de todos os desejos mundanos
Parimo-nos na alma consciente de uma outra vida
Fizemo-nos ali, diante do espelho… sob um mesmo leito…

Em todas as casas altas e estreitas que nos possuímos
Em todos os bairros, depois de todas as pontes e todos os dias
Depois de novos olhares e novos nascimentos
Depois de todas as luas, de todas as estrelas,
Depois de todas as galáxias. De todos os céus e todos os olimpos,
Depois da Valhalla em presença de Odin… que chore Freia…
Mas nós, somente nós, que nos despimos em silencio,
Nós que nos demos diante do espelho, só nós somos eternos…

Despi-me de todas as borboletas
Despedi-me de mim e fiz-me de novo no teu útero
Despimo-nos de todos os silêncios e todas as noites,
De todas as auroras e de todos os cemitérios…
E fomos um do outro, sendo que eramos, bem antes de ter sido
Quando o tempo nos sequestrou a felicidade,

António Alberto Teixeira de Sousa
13/07/2023
In: Poemas de nada que se perdem na calçada

Promessas e desejos…

Promessas e desejos…

há nas chaves dos desejos uma promessa de sonho
esse querer acordar noutro tempo e noutro lugar…

há um caminho de realidade a percorrer
não sonhar, não criticar, não idealizar…
mas um caminho de ficar, de esperar,
um caminho a cumprir, a prevenir…

de que me valem os sonhos se o amanhã não existir
de que me valem os desejos de beijos se não houver a quem beijar…

não basta criticar… mas sim também fechar a porta…

Alberto Cuddel
19/01/2021 18:08
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XIV

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