Almas que se despem, que se veste e revestem de luxuria, corpos que se misturam, mãos que nos predem e envolvem, que nos procuram, que nos contornam, mapeando os corpos nas almas unidas, que bailem os sabores no palato, que nos inebrie o olfacto, sejamos pressa, vontade e consciência, sejamos a saudade morta na fúria da distância, aí onde entre nós não reside espaço nem tempo, apenas um sentir que nos funde em libidinosos movimentos, dispamo-nos de tudo, dos pudores e consciências, sejamos…
No princípio era o beijo, um toque suave de seda, palavras encantadas, almas que se despem, o rubor da romã, ansiedade da cereja… No princípio era o beijo, um estremecer do corpo, um fechar de olhos, um toque de mãos, lábios que se entreabrem, línguas que se procuram, almas que se encontram… No princípio era o beijo, depois mais um, e outro, mãos inquietas, impacientes…
O beijo, ai esse beijo que incita a insanidade e me despe do mundo pelos lábios suculentos dos teus sabores, o desejo que nos sobe às nuvens pelo algodão doce das línguas insaciáveis da saudade, os corpos que dançam sensuais e nos molhavam o desejo, o encontro no toque das almas que se encaixam como se nunca tivessem sido senão o mesmo tom, esse nosso beijo tem magia, rasgos de aroma de canela, afrodisíaco do vício irracional, do início fizemos constância, as mãos já não sabem senão procurar o teu corpo no meu, preciso de estremecer, solta em ti, fechar-te os olhos e sermos…
António Alberto Teixeira de Sousa
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