Nesses beijos prometidos, que ficaram por dar…

Nesses beijos prometidos, que ficaram por dar…
(Ou a saudade do que poderia ter sido sem ser…)

e foram dois… um quase roubo cometido aos teus lábios…
o calor da tua face, as mãos tremulas do abraço
esse desejo dos corpos à média luz
com os olhos do mundo sob nós…
como te queria, como te quero…

ali…
mesmo ali onde os nossos corpos pela primeira vez se tocaram
em que a nossa pele tremeu com o odor dos nossos corpos
onde o nosso olhar tantas vezes fez amor
desejei-te, desejo-te…

quis abraçar-te eternamente e fugirmos dali…
naquele canto escuro onde bailaram todas as emoções
onde sonhamos fazer amor, bem ali, no sofá
que se lixasse o mundo e as gentes
queríamo-nos, queremo-nos…

hoje afastam-nos as doenças do mundo
e os olhares condenatórios dos homens…
mas amanhã, amanhã não…

Tiago Paixão
16:22 06/01/2021
a fúria da saudade

Clave do odor que te emana dos dedos…

Clave do odor que te emana dos dedos…

…somos sem nos termos uma guerra solar
esse tempo lunar que nos medeia o abismo do desejo
essa vontade de areia, esse querer de maré, a fome de beijo…

e fomos e viemos, e estamos e somos, e o tempo… ai, o tempo:
sabes: tenho saudades de te despir a alma no beijo
o corpo nos dedos, peça a peça, a cada palavras
a cada gemido consentido…
tenho saudades de ti e de mim, de nós, de mim em ti…

mas na saudade que o tenho e a arte de sermos que nos roubam,
viajamos mundo, e somos mesmo distantes, amantes…

não se trocam os nossos olhares
não te adentrem no teu corpo
mas sem licença, sem contemplações
todas as palavras, todo o desejo…
todo o querer que trocamos…

provoco-te, deliciosamente
provocação de me provocares…
fiel ao desejo oculto no querer…
não vejo, vendo o movimento
das palavras que crescem em ti…

e logo depois há clave do odor que te emana dos dedos…
e todo o prazer que te percorre a alma… como se eu… como se nós…
estivéssemos ali…

Tiago Paixão
21/05/2023

afúriadapaixão

Saudade do depois do amanhã

Saudade do depois do amanhã

arde-me na pontas dos dedos
esse poema não escrito
e o ardor do odor do teu sexo…

e sofro, e sonho, e desejo, e no tesão que me basta
amo, como se o amanhã fosse ontem
como se todos os orgasmos já tivessem sido sentidos
bem antes dos sonhos, bem antes da manipulação dos lábios,
da língua, dos dedos… bem antes de todas as marés e de todos os pores-do-sol, bem antes das chuvas, e de todas as espigas que secam nas eiras…

que a cada metáfora fechemos os olhos
nesse movimento louco das águas
sejamos perpetuação das marés
cadencia, liberdade, eternidade feminina
libertemo-nos da opressão contida pelos trapos
soltemos os corpos ao prazer, sejamos alma…
liberta comigo a libido em laivos de poesia
empresta-me os teus lábios, abraça-me os versos
sejamos poetas do prazer, gemidos loucos
que se firmem as hipérboles e as antíteses
movimentos opostos em prefeito sincronismo…

e quero-te bem antes de te querer, bem antes de te saber
e depois de te amar, porque amo, bem antes de te ter…

cavalga em mim tarde inteira
como numa corrida de longa distância…
em trote firme, mas sem que se perca o folego…
desprende-me, desvenda-me…deixa que te possua… que me possuas
porque a alma essa já é inteiramente tua… plenamente minha…
vem-te… vem-te comigo… em mim… por mim, e no fim… bem no fim…
sejamos princípio e arte de um fim que se anuncia eterno…

Tiago Paixão
17/05/2023

afúriadapaixão

Em mim és…

Em mim és…

Certamente não o reflexo de mim próprio,
mas o reflexo do desejo que em ti induzo,
na certeza de te cativar toda a atenção,
plenamente consciente de que sou em ti,
fonte de desejo, sede, e alimento pleno ao teu ímpeto…
Ama-me ainda que me veja em ti…

Tiago Paixão

10/07/2017

Lá fora chove

Lá fora chove…

Porque não percorrer-te o teu corpo apenas nas mãos? Desenha-lo no toque, incendiar-te… Porque não beijar-te, como se te penetrasse a alma, aspirando todo o teu desejo? La fora chove, mas aqui, agora, quero-te húmida, quente, divinamente ansiosa… Porque não livramo-nos de todas as vestes do pecado que nos amedrontam, dispamos todos os pudores, entreguemo-nos aos lábios, às línguas sedentas, as bocas ansiosas… Misturemos suores, friccionando a pele, sincronizemo-nos, um movimento… Lá fora chove, aqui não… iluminemos o desejo, possuamo-nos violentamente, como se o diluvio acontecesse… Usemos o leito, o chão, as paredes, o mundo, sejamos um, sejamos um no outro, um pelo outro, gemamos juntos, gritemos juntos, deliremos juntos no orgasmo que nos trespassa… Lá fora chove, em nossos corpos também…

Tiago Paixão

Na loucura furiosa do sonho…

Na loucura furiosa do sonho…

fossem nas memórias sentidas como reais
esse louco tesão do pensamento entre odores e desejos
todas as imagens loucamente imaginadas
sentida nas palavras partilhadas, no toque dos dedos
quero-te aqui, apenas aqui, sem esperança vã
sem pensar o amanhã ou o depois
quero-te amar, na loucura do sexo
quero foder-te, oferecer-te todo o prazer
esse que sentiste e todo o outro que desejaste…

quero arrancar-te do pensamento
quero o teu cheiro no corpo,
o teu sabor nos meus lábios
o teu gozo na minha boca
quero-te minha, apenas minha
e arrancar do meu corpo
da minha alma, dos meus dedos
esta saudade que doi, que magoa e chama…

quero que o mundo se cure
que a nossa paixão perdure
que o corpo se rejuvenesça
que eu ame e peça
quero-te toda, de alma e vida
quero-te minha
dono e senhor de todos os teus orgasmos…

Tiago Paixão
16:58 06/01/2021
a fúria da saudade

Liberta-me

Liberta-me

Liberta-me da opressão do desejo
Das vontades inscritas no corpo
Da fúria constante calada no beijo
Na língua, no calor e no sopro…

Liberta-me de mim mesma na alma
Profana-me as carnes, eleva-me ao prazer
Sê em mim toda a tua máscula vontade
Adentra-me no movimento que me desejas
Faz-me tua, agora, já, hoje,
Que se calem os céus e os infernos
Quero o prazer mundano da paixão
Dessa que me formiga nos dedos
Que me dá calores, fogo, tesão…
Cala-te… bebe em mim tudo
Para que a eterna fome se sacie…

Ama-me na plenitude de sermos
Apenas e só amantes eternos do prazer…
Caminhantes do amor eterno
Desenhado em corpos forjados
Pela abstinência do tempo…

Tiago Paixão

As chaves da saudade

As chaves da saudade

entre promessas e desejos de uma paixão crente
há essa impossibilidade de distância a percorrer
não daqui a aí… mas a distância do sonho à realidade…

há esse movimento circular de rodar, de contornar o corpo
esse querer consciente de beijo, de te desnudar a alma
como viagem persecutória ao combustível do desejo…
será a viagem da vida essa loucura de sonhar o orgasmo?

entre chaves e portas, entre promessas e desejos
sonho-te liquidamente em mim, como a viagem
em que ao plano físico atrelamos os sonhos
desejo e saudade, do que será, depois de ter sido…

entre promessas e desejos, carregamos o sonho…

Tiago Paixão
19:46 19/01/2021
a fúria da saudade

Rubro Perigo

Rubro Perigo

ensaias em paisagem despida o sonho da Primavera
reveste de desejo a fome dos dias, rubras vestes

somas ao querer o rubro perigo de te degustar
mostra-te doce, quente, libidinosa
nessa vontade de existir pelo prazer de degustar
a alma anceia o que o olhar come
talvez o suave gosto da paixão escorra dos lábios
talvez seja amor, esse anseio venenoso de prazer…

naturalmente somos medo, na adrenalina do querer
mergulhamos de cabeça, esse toque dos lábios
a suavidade dos dedos, o despir arrepiado
a colheita, a prova gastronómica do orgasmo
tudo um rubro perigo
porque os olhos também comem…
e antes agora… que morrer de saudade
do que foi, sem nunca ter sido
pelo menos uma vez…

Tiago Paixão
13:40 22/01/2021
a fúria da saudade

Sê em mim…

Sê em mim…

não me esperes na lassitude do tempo
vem, procura-me, encontra-me em ti
faça-se em mim segundo a tua vontade…

nesta ânsia de me amares, provocas-me
desperta-me o corpo dormente
na volúpia latente, desse corpo quente…
na insanidade louca desse amor
sobes em mim, como serpete
que me enleia nos beijos, nos ósculos
nas mãos, nesse olhar que me devora…

mata-me o tédio dos dias, enlouquece-me
renovadas noites, uma e outra vez…
beija-me, percorre-me o corpo e bebe-me..

afasta de nós a monotonia do ser
incendeia a paixão adormecida do cansaço
faz-te em mim, sê em mim,
mulher, amiga, amante…
roubemos as noites em nosso leito
adormeçamos só no raiar da aurora…
façamos amor, sempre e também agora…
que as noites se façam dias, que os dias sejam notas
e os beijos segredos, e na voz doce…
desejo-te, toda agora…
despe-te de tudo
veste-te apenas de mim…

Tiago Paixão

Sê em mim…

Sê em mim…

não me esperes na lassitude do tempo
vem, procura-me, encontra-me em ti
faça-se em mim segundo a tua vontade…

nesta ânsia de me amares, provocas-me
desperta-me o corpo dormente
na volúpia latente, desse corpo quente…
na insanidade louca desse amor
sobes em mim, como serpete
que me enleia nos beijos, nos ósculos
nas mãos, nesse olhar que me devora…

mata-me o tédio dos dias, enlouquece-me
renovadas noites, uma e outra vez…
beija-me, percorre-me o corpo e bebe-me..

afasta de nós a monotonia do ser
incendeia a paixão adormecida do cansaço
faz-te em mim, sê em mim,
mulher, amiga, amante…
roubemos as noites em nosso leito
adormeçamos só no raiar da aurora…
façamos amor, sempre e também agora…
que as noites se façam dias, que os dias sejam notas
e os beijos segredos, e na voz doce…
desejo-te, toda agora…
despe-te de tudo
veste-te apenas de mim…

Tiago Paixão

Despes-me a alma, na tua nudez

Despes-me a alma, na tua nudez

Despida inquires-me:

  • amas-me, desejas-me além do corpo que te sirvo?

Que nesta vontade do sentir
Existamos aqui, diante dos corpos
Esse tesão da alma que se consagra…
Que sem tempo me ames
Nos beijos, nos loucos joelhos
Que me prendas em ti e por ti
Loucas sejam as mãos e as noites
Vontade que te cresce nos seios
Que seja tu, eu, e nós
Que seja loucura, vontade
Querer, gemer, verdade…
Que seja sentir, definir, possuir
Aqui, ali, não importa
Que seja sem tempo
Sem interrupções
Que venhas, que fiques
Que permaneças em mim
E por fim, bem lá no fim
Que tudo seja prazer
Que tudo seja viver
Que as noites, as nossas noites
Jamais tenham tempo…

Tiago Paixão
24/01/2021
12:45

Deste vicio que me arrebata para a loucura…

Deste vicio que me arrebata para a loucura…

Escrever é em mim um vicio, para uns um vicio bom, para outros um comportamento psicótico e castrador da minha liberdade, escrever implica também doar-me, nas palavras e no tempo dedicado à leitura, escrever compulsivamente implica também comportamento análogo na leitura, nunca lendo apenas um livro ou um género de cada vez, chego a dar por mim a ler três ou quatro livros em simultâneo. Sei que faz confusão a muita gente a quantidade de páginas e géneros que escrevo, e se vos faz confusão a vós imaginem a mim.

                Podia falar-vos de cada personagem, de cada heterónimo, quem são, de onde vêem, desde o Alberto Cuddel o mais conhecido e de carreira mais longa, ao já desaparecido Sírio de Andrade e sua paixão platónica Pyxis de Andrade, o Erotismo e sensualidade do Tiago Paixão, a maledicência e intervenção social e política do Januário Maria, a carência afectiva e física de amor e paixão sentida por Joana Vala por culpa de um marido mais focado em proporcionar uma vida financeiramente estável e todo o conforto material, passando ainda pelo Suicídio poético ou a catarse ultima do sofrimento, violência domestica pelo sentir das vitimas, sejam mulheres, homens, crianças ou idosos, seja a violência física ou psicológica, seja a dependência emocional e financeira para com o agressor, e como a vitima nos olha a nós sociedade… por ultimo eu mesmo, pensamentos, emoções, formas de estar, divagações…

                Um dia irei deixar de escrever, não por falta de vontade, mas por se terem esgotado as palavras, por já ter escrito em todas as conjugações de sentimentos, por já ter sentido todos os orgasmos, por se terem esgotado todas as lágrimas, por estarem mortas as vítimas, pelo inevitável divórcio da Joana, pelo conformismo da Pyxis, pela censura as palavras de revolta do Januário… um dia calar-me-ei em pleno também a mim… quando tudo já tiver escrito, e falta-me tão pouco…

De todos os poetas que há em mim há um que deveras aprecio, que sinto como o mais verdadeiro e fiel da minha estrutura orgânica e emocional, esse poeta é aquele que nunca declamou um poema, que nunca escreveu uma palavra, esse poeta é o que se senta recostado no cadeirão da varanda, enquanto arde um cigarro e olha as letras juntas de um poema, e silenciosamente o bebe, o degusta e o sente… em silencio, o melhor de mim é o que lê, e o que vive… sem pensar a poesia… porque ela sente-se… assim sem métricas, sem regras ou balizas…

António Alberto Teixeira Sousa

Perfil do Facebook

Memória… e tu…

Memória… e tu…

há nas paredes negras a memória desse gemido
esse querer abafado na alma, essa saudade estranha
e essa luz, que te emana da alma despida…

sob o olhar límpido do teu corpo desnudo
brilha-me a alma nesse desejo de palavra
essa vontade férrea de calor humano
esse desejo reprimido pela lente, e tudo igual, e tudo diferente…

escorre pelas paredes verticais esse passado de ontem
essa fome da alva pele que se resigna…
e vejo-te ali… de candeia na mão… esperando…
iluminando a ténue esperança, essa que te irá vestir de mim…

seja a porta fuga e a janela vontade…
seja o chão que pisas segurança
seja a tua mão chamamento…
seja o teu beijo jura
e o teu corpo confirmação…
que a luz que de ti brota, jamais se apague no teu olhar…

Tiago Paixão
15/06/2022

Modelo : Cecília Amaro

Instagram: https://instagram.com/_cecilia_amaro_1977?igshid=YmMyMTA2M2Y=

Foto de: Carlos Caneira Fotografia

Instagram : https://instagram.com/carlos_caneira_fotografia?igshid=YmMyMTA2M2Y=

Liberta-me…

Liberta-me…

deixa que em ti me liberte
que em ti me faça e seja eu…

que a vida nos escorra entre as pernas
que a fome se faça viagem consumada
quero-me palpável nessa distância de sopro
fazer-me febre no teu corpo
ser fonte de água na dança das almas…

liberta-me da volatilização do desejo
nessa força concêntrica do beijo

sejamos eternos, nessa efemeridade do sentir
e sente-me, prendendo-me a liberdade em ti
quero-me em ti nessa prisão de ser livre

que o sexo nos alimente, para que o amor transborde
misturemo-nos… nesse risco dos ritmos certos
enquanto as orquídeas me massajam a língua…
sejamos sangue que nos flui, abrindo poros
que as hormonas saltitem
faíscas que nos brotam dos dedos…

liberta-me, pois não há maior liberdade que amar…

Tiago Paixão
13/06/2022

afúriadapaixão

Website Powered by WordPress.com.

EM CIMA ↑

%d bloggers gostam disto: