Guarnece-me o gemido que me nasce da alma…

Guarnece-me o gemido que me nasce da alma…

Permite-me que te guarneça as entranhas
Com a suavidade da minha língua
Com a delicadeza circular dos meus dedos…

Deixa-me que te ame o corpo
Que te oferte o prazer
Que te satisfaça a volúpia da alma
Faça-se em nós o sentido do querer

Permite-me que te dispa
Que tem vista de mim
Que te possua, docemente
Na amplitude louca do movimento
Permite-me que me sacie em ti
Que humedeça os lábios no calor
Na humidade das tuas carnes…

Guarnece-me o gemido que me nasce da alma
No orgasmo ofertado pelo sentir
Que repouse nos teus seios
Que me enlouqueças de novo
Faz-me em ti servo do prazer
Senhor do teu sentir
Dono da alma no amor que entregas
Excita-me, excitas-me
Nessa luxuria com que te mostras
Nessa loucura com que me esperas
Ama-me, amar-te-ei
Nesse gemer que me guarnece a alma…

Tiago Paixão
#Afúriadasaudade
25-03-2020

Chora-me o isolamento da tua alma

Chora-me o isolamento da tua alma

Exulta o meu corpo na presença do sonho
Choram-me as mãos no afastamento dos teus seios
Quero-te desde sempre e sempre desde que és
Poderão passar as noites e os dias
Sem que repouses em meu leito
Mas sempre anseio pela tua nudez
Pelo calor das tuas coxas, da tua volúpia…

Dispo-me, dispo-te, desses anseios dormentes
Dessas palavras flácidas, desses sentir obtuso
Quero-te, nesse tesão que se ergue na alma
Nessa vontade férrea de sermos gente
De nos fodermos, uma e outra vez
Depois do por do sol, como se o amanhã não nascesse…
Depois dos orgasmos, dos teus e dos meus…
Façamos então amor, conversemos sob a estrelas
Amemo-nos depois, mas antes, ante sejamos corpo e proveito
Entrelacemos as mãos e as pernas
Sejamos estudantes exímios do Kamasutra…
Inventemos e reinventemos posições e prazer…
E sejamos alma, uma única alma…
Eu, tu, nós… sincronizemos o coração e o desejo…

Tiago Paixão
#Afúriadasaudade
04-04-2020

De amor

De amor

De amor e sonhos nascem as noites
Dormem cansados amantes na espera
Rusgas do caminho, candeias e virgens
Mares de vida, doces ilusões
Lençóis de cetim, pijamas dobrados
Corpos dormente na solidão renegados
De amor? Qual paixão entorpece a vontade
Secos de beijos e de verdade…
Luzes que se apagam em águas de sódio
Tristeza que inunda as almas
Fogo que se extingue no pavio
Mãos cansadas, extenuadas de esperar…
Amor? Qual amor insatisfeito
Corpo de obreiro, distante meio cheio
Noites que se suicidam no dia
E dias que amanhecem sozinhos…

E eu?
E tu?
Tão longe
Na mais dura loucura
De na amargura
Ter sonhado amar!

Alberto Cuddel
23/05/2017
05:45

Nostalgia

Nostalgia

Relembro frases caídas, 

Numa mesma mesa de café,

Fervilhantes ideias,

Palavras firmes de luta,

O querer mudar o mundo,

Continuo na luta do mundo mudar,

O meu mundo,

O teu mundo,

A cada palavra,

A cada gesto,

A cada sentir,

O nosso mundo…


Volta a nostalgia dos cheiros,

Dos sabores, dos licores,

Volta a alegria das conquistas,

Do passado, do nosso passado,

O que guardamos,

O que perdemos,

O que deixamos de lado…

Alberto Cuddel

05/11/2013

Liberdade despida de vaidade…

Liberdade despida de vaidade…

Vens em corpo de mulher fértil
Assim nasces Abril, fecunda
Liberdade por tantos desejada
Por tantos assediada e violada…

Beleza de seres livre aprisionada nas leis
És existência da beleza em formas humanas
Liberdade da conquista, rasgo de cravos
Perfume almiscarado da negação do desejo
Sob a pedra edificas a vontade de ser força
Na tua fragilidade és,
mesmo que os homens fiquem parados
na imobilidade do fazer…
és mulher, liberdade, Abril…

Alberto Cuddel
15/04/2019

Dispo(-me)

Dispo(-me)

Às vezes
apenas
às vezes
finjo despir-me
expor de alma
por entre rosas
um denso nevoeiro
lavo-me nas gotas
escorridas
lembranças passadas
sorriso dos sonhos
paixões desejadas
às vezes dispo-me
mantendo-me vestida
oculta em mim
às vezes, visto-me
de ti
expondo-me nua,
margem do sonho
finjo, sentir, expor-me
oculta no reflexo
de um espelho
arqueado
moldado
à tua consciência
de mim própria!

Alberto Cuddel®

04-06-2016

Poema negro escrito a branco!

Longe…

Longe…

A vida corre distante, longe
Fora dos muros que me prendem
Fora da maternidade que me formata…
As paredes oprimem
A tinta dos livros, as páginas
A vontade de ir, partir
Saber e conhecer…

Ao longe a vida
Uma triste miragem
Um rebanho,
Formigas num carreiro…
Mas ler é uma maçada
Não dá que comer
E aprender não serve de nada
Nem nos ensina a viver

E eu na minha triste e longínqua ignorância
Acreditei…

Alberto Cuddel
12/04/2017
Às 10:52

Foto By Vasco Rafael
Mangualde – vista da Senhora do Castelo

Poema, simplesmente Poesia

Poema, simplesmente Poesia

Insulta-me largamente a falta de vontade
Consciência poética que nada sei de verdade
Tão pouco a inspiração marinha
Ou um outro carnaval que finda!

Febril displicência, esta a que me condenais
Escrita celebrativa em registada pelos anais
Registo ecléctico do texto em tudo poético
Escrevendo um sentir em tudo patético!

Ó poesia doutrora, declamada em alto estrado
Por doutros e ávidos poetas desta nobre vida
Na terra experimentados pela idade, mestrado
Assim cantavam alto toda a sua vil poesia!

No sul, este, oeste e norte
Amor, saudade e morte
Jardins, flores, mar e sol-pôr
Ódio, intervenção ou amor!

Assim canta baixinho o poeta
O que sente o que lê e o que inventa,
O sem vergonha e sem pelo na venta
Verdades que escandalizam ou peta!

Ó poesia assim celebrada,
Em ti nada mais a ser inventada,
Apenas ouvida, declamada, escutada!

Alberto Cuddel
02-05-2017

De amor

De amor

De amor e sonhos nascem as noites
Dormem cansados amantes na espera
Rusgas do caminho, candeias e virgens
Mares de vida, doces ilusões
Lençóis de cetim, pijamas dobrados
Corpos dormente na solidão renegados
De amor? Qual paixão entorpece a vontade
Secos de beijos e de verdade…
Luzes que se apagam em águas de sódio
Tristeza que inunda as almas
Fogo que se extingue no pavio
Mãos cansadas, extenuadas de esperar…
Amor? Qual amor insatisfeito
Corpo de obreiro, distante meio cheio
Noites que se suicidam no dia
E dias que amanhecem sozinhos…

E eu?
E tu?
Tão longe
Na mais dura loucura
De na amargura
Ter sonhado amar!

Alberto Cuddel
23/05/2017
05:45

Nem mais

Nem mais

Era um só isto ou aquilo
Um tudo ou um nada
Um feito ou desfeito
Um querer ou indiferença
Um já ou nunca
Um amor ou ódio ou seria paixão?

Ora nem mais…

Alberto Cuddel
24/05/2017
01:32

Tardiamente congrego  

Tardiamente congrego
 

Tardiamente congrego em mim o queixume

Redoma de amor chorado, e os ais gemidos

Compassos espaçados, carência a miude

Esmoreço no perfume da saudade, margaridas

Espaços entre gozos e cansaços, madre-silvas

Espasmos, e dormências do corpo, gaivotas

Bater de asas sereno, pegadas na areia seca

Brisas e ventos, xailes enrolados no corpo, dunas

Entre mãos, pernas, coxas quentes, olhos meigos

Entardecer, laranja e azul, e o cheiro de maresia

Perfume do teu corpo gravado em maré crescente

A tua ausência, e eu? Olhando o mar, doente…
 

Alberto Cuddel

02/05/2014

18:35

Na loucura da consciência da dor.

Na loucura da consciência da dor.

Tudo quanto buscamos, buscamo-lo por uma ambição, mas essa ambição ou não se atinge, e somos pobres, ou julgamos que a atingimos, e somos loucos ricos.

Bernardo Soares – Livro do Desassossego

nesta riqueza tão pobre de sermos vivos
que me importa a pobreza da morte
a inconsciência do não pensamento
na reclusão da solidão, somos nós
no ruído ensurdecedor de nós mesmos
nesses gritos exacerbados de ambição
de um eco apaziguador de um simples abraço…
no momento alado em que ela me nascia,
mais rápida que os movimentos da palavra
a porta se abria a um novo mundo tão velho
na infâmia da ganância de afecto, nem um bom dia…
apenas uma pressa de palavra, de voz,
em rostos mascarados…

na loucura da consciência da dor
descobres que não estavas fechado
do lado de dentro da porta, mas enclausurado em ti mesmo
a epidemia libertou-te por dentro, fechando-te por fora…
enlouqueces, por não te conheceres
no limite da dor que deveras sentes…

Alberto Cuddel
17/04/2020
02:25
In: Nova poesia de um poeta velho

Perdoem-me, mas dói-me mais o silêncio que a escrita

Perdoem-me, mas dói-me mais o silêncio que a escrita

Dói-me dar por mim a pensar se devo ou não comentar, há verdadeiros mestres na interpretação dos comentários, construindo novelas até à exaustão, ao ponto de ter escrito o seguinte comentário: “admiro-a como mulher, na sua beleza e na forma despudorada com que se apresenta nas publicações e textos que partilha”

Tal comentário foi interpretado como uma “cantada” e um interesse declarado por mim à pessoa que eu comentei, ao ponto de alguém que não havia lido o referido comentário me questionar sobre o mesmo em privado, depois de muito diz que disse inclusive num grupo de pessoas, sobre as motivações do meu comentário.

Em primeiro lugar: eu comento e admiro as pessoas que com elas me identifico, ninguém tem o direito de se referir ao que escrevo ou deixo de escrever nos comentários.

Segundo: o meu “interesse” ou não na pessoa comentada não é da vossa conta.

Terceiro: se para as vossas mentes tacanhas tudo roda em volta do sexo, por favor fodam mais, nem que seja com legumes, gozem e satisfaçam-se…

Quarto: ninguém, mas absolutamente ninguém tem o direito de andar a falar na vida dos outros, seja sob que pretexto for.

Acho que muita boa gente tem falta do que fazer, existem boas novelas de ficção nos nossos canais de sinal aberto, não andem a inventar na vida dos outros.

António Alberto Teixeira de Sousa

Website Powered by WordPress.com.

EM CIMA ↑

%d bloggers gostam disto: