Ver o mar?

Ver o mar?

Quem vem de longe ver o mar?
– Por detrás das dunas…
Não importa a solidão e cousa triste
O mar limpa o olhar, na imensidão azul…
(brisa que te afastas os cabelos)

(…)
Anjo branco na tez da pele
Penas que esvoaçam na pele nua,
Longe nas entranhas das águas
Sulcadas pelos teus pés…
Abres as asas e voas, sob o verde das marés…

(…)
Nas noites correm-te rios nos olhos
No medo de um acordar solitária
Sem ninguém, sem a guarda,
Sem corpo que um anjo deva guardar…

Alberto Cuddel
05/02/2018
05:10

O friozinho de me leres

O friozinho de me leres

O arrepio que te percorre o corpo
Que te desce dos lábios
Percorrendo o ventre
Que se aloja entre as coxas quentes
Esse o frio que sentes ao ler-me…

O calor dos meus lábios nos teus
Os meus braços apertando-te contra mim
Peito no peito, línguas que se falam
Mãos que te percorrem
Que te despem, que te tocam
Olhos que se fecham, respiração ofegante
Formas que se formam nos dedos
Toques suaves, fortuitos, desejados
Sentes-me na ponta dos dedos
Nos teus loucos segredos
No prazer que desejas
Nos versos que beijas
No fim apenas o gosto agridoce
Que te escorre das digitais…

Uma tentação de denúncia
Quero-te e não te tenho em mim…

Tiago Paixão
28/02/2018
21:15

A poesia é vento

A poesia é vento

A poesia e vento da emoção que sopra
Por entre arvoredos de sentimentos
Vento que me veste de folhas, que me despe
Vento que sopra que leva e traz na brisa
Que se encontra, que se perde nas areias…

A poesia vive do movimento, o vento da alma
Do sentir, do amor, da vida, da alegria
Da tristeza, da saudade, da dor, da verdade
Sopram ventos na colina, na clareira da noite…

Nos sons da folhagem encontro-me no vento
Esse que me limpa a alma, nesse que viajo…
Onde se agitam as arvores e as ervas,
Onde me deixo levar nas letras que deixa…

No vento escuto… a poesia que me traz de longe…

Alberto Cuddel
21/01/2018
20:02
#Solutampoetica
http://www.facebook.com/AlbertoCuddel

Poema do dia 28/02/2018

Poema do dia 28/02/2018

Preocupações
Nada me preocupa tanto quanto a falta de sono quando devo dormir, sei que o devo fazer mas o sono escapa-me entre os dedos nas letras mortas que penso. Preocupa-me o movimento circular do relógio, que se acelera ferozmente quando durmo, como se não pudesse memorizar os sonhos que sonho e nunca me lembro, passam carros na rua, lá do outro lado da janela, lá onde vivem os outros que leio e penso, e uma natureza que chove e sopra, friamente… Às vezes nada me preocupa, preocupando-me com coisas insignificantes, quantos passos medeiam entre a cama e a porta, nunca os contei, nem entendo a importância de o saber, mas seria interessante contar passos imaginários em vez de carneiros imaginários e irrequietos…
Preocupa-me o sono, essencialmente a falta dele… ainda que tenda de dormir, hoje não me apetece, há coisas que simplesmente não nos apetecem, mas na minha falta de sono apeteces-me…

Alberto Cuddel
28/02/2018
12:00

Sejamos honestos!…

Sejamos honestos!…

Digamos claramente e abertamente,

Tenho vontade de foder contigo!
Tenho vontade de te oferecer um orgasmo!…
Tenho vontade de te lamber toda, de passar os meus lábios pelo teu corpo, afinal, o resto é mera perda de tempo, transformemos os jogos de palavras em preliminares de um orgasmo partilhado a dois…

Tiago Paixão

Lendo-me…

Lendo-me…

Perco-me nas letras do vento bolinadas por um marinheiro
Nas loucas paixões sem ordem de um agente da lei
No pó erguido pelos versos desenhados no museu
Pela sensualidade da escrita, voz que sonha na radio
Pela literacia do amor nas palavras de quem ensina
No olhar poético do vale por quem o olha e canta
Pelas certezas incertas e solidão da dona de casa
Na arte escondida de quem pinta de pincel e lápis
Na volúpia despida de quem olha de dentro a natureza
Na certa e erudita poesia que quem usa o direito
Na que conta histórias de vida e fantasia
Na escrita em outras línguas e traduzida
Da verdadeira, da fantasia, da alma, ou fingida…
Na tua, também na tua, e na tua, e na dele, na dela…
Seja ela escrita, declamada ou apenas sonhada
Eu que me leio em cada poema teu…
Também eu sou a tua poesia…
Eu um mero leitor que nas letras se faz vivo…

Alberto Cuddel
27/02/2018
17:04

Poema do dia 27/02/2018

Poema do dia 27/02/2018

Hoje choveu, choverá amanhã
Continuará a chover mesmo depois de mim
Na normalidade cotidiana de chover.
Para que nasçam papoilas de encanto
Em poemas bebidos pela alma, rubros…

Prevalece o amor, mesmo depois de amar
Na saudade de ser, mesmo que memória
Prevalece a viva, mesmo que extinta em mim…

Vira o tempo em que tudo desabrocha
Em que tudo recomeça em que tudo aquece
Mesmo que um coração chore virão andorinhas
Reiniciando um ciclo perfeito, o sol nasce
A cada dia de novo, sempre mesmo que não esteja
A vida segue na sua normalidade de ser
Em cada acto apenas poesia…

Alberto Cuddel
27/02/2018
11:35

O poema contem referências a Fernando Pessoa e a Jorge Pincoruja

Poema do dia 26/02/2018

Poema do dia 26/02/2018

Sopro no horizonte, distante
No coração que bate, vida
Sopram longe baleias, vento
Entre dunas e areais, sorte
Nas rochas desgastadas, água
Aqui num sopro leve, horizonte!

Alberto Cuddel
26/02/2018
17:25

Poema do dia 25/02/2018

Poema do dia 25/02/2018

Nesta pátria tão minha, onde se salga a saudade!
Onde irmãos dormem juntos, enquanto se passeia por Sintra João da Ega, Morgadinhas que se escondem por entre canaviais, há novos contos por entre montanhas e pupilas de um qualquer reitor, inventam-se poemas de amor, e outros a damas da rua… Nobre herança a minha, tão pobremente rica em literatura morta…

Nexo disléxico salivando a cada declamação,
Lutando por um pedaço de terra, um pedaço de chão
Nesta pátria tão linguisticamente atrófica
Presa a conceitos neuro linguísticos
Onde me aprisionaram o pensamento…

Tudo é tão intenso na marginalidade do desejo
Ternamente chamo-o de amor, sem choque
Mesmo que para mim seja sexo, fluidamente trocado,
Na dadiva consumada de sentires e emoções
Onde o poeta se esmiúce na penetração da alma do leitor…

Reciclo uma vontade puritana de beleza, pátria
Onde ouso sonhar e pensar livremente, “I need You”
PRESISO-TE, nada mais que isso, quero-te no olhar
Que depositas em cada letra, no teu sentir e desejo
Na tua vontade orgasmica de me leres, eu… que me penso poeta…
Não ouso pensar um poema noutra língua que não a tua Camões…
Dinis, sei que galaste muitas nos teus versos, alem de Isabel de Aragão
Tão devota dos pobres e tão distante do leito…

Versos medianos, de uma mediana cultura
Um sujeito mediano, de visão mediana
Preso em sensações programadas
Dia após dia, escrevendo, regando a vida com bebedeiras,
Uma dependência lexical de figuras de estilo, enaltecendo
Uma arte de desabafo, tão própria, ou uma crença puritana
De que a poesia liberta… de uma prisão
Onde voluntariamente me enjaulei de portas abertas…

Nesta pátria tão minha, onde se salga a saudade!
Morro a cada verso sonhado, chorando os que não escrevo…

Alberto Cuddel
25/02/2018
15:36

Este a que ternamente chamei de poema

Este a que ternamente chamei de poema

Recorro demasiadas vezes ao café
Não a um café de chávena, mas de mesas
Desses onde mitologicamente se declamou
Hoje no silêncio tecnológico nada,
Está cheio, de gente ocupada e mulheres
Todas me veem, ninguém me olha
Entretidas na leitura de poesia ou poetas
Quem sabe leem-me procurando-me nas letras
E eu ai, mesmo ali ao alcance da mão…

Saudosamente poemas, está carga hereditária
Deste país de poetas como cogumelos
Amores, o eterno sedutor o Camões
E o outro que todas eram da má vida
Ai Bocage, Bocage…

Perco-me onde me procuro
Na mesas do Nicola, na Brasileira
Nesta saudade tão nossa…

Sabes? As vezes apetecia-me
Apetecias-me,
Entre poemas soltos
De uma herança desmedida
E uma paixão assoberbada pelas letras
Estas e essas, que mentirosamente
Inundam os discursos políticos e apaixonados
Dos que supostamente enganam…
Dos que expõem a alma do leitor…
Depois há poemas arrefecidos em chávenas frias
E olhares… olham e não veem, se vissem não sonhavam…
Poemas vazios tão cheios de palavras vãs
Tão cheios de tudo, dissecados por olhares arrogantes
Poemas tão corriqueiros, tão simples
Como simples é a vida ou devia ser…

Depois temos este nosso nobre país
À beira mar plantado, tão cheio de poesia
Tão mal amado e tão pouco orgulhoso
Do seu legado deixado…
Tenho pena, tão na moda, tão falado
Tão pouco lido e declamado…
O café arrefeceu, o poema esse nunca nasceu
Perdeu-se entre pensamentos vazios
E sonhos… até que a inspiração me chegue…

Alberto Cuddel
24/02/2018
22:42

Poema do dia 24/02/2018

Poema do dia 24/02/2018

Guardo-te
Como quem guarda um tesouro
Palavras poema
Sentir encoberto…

(…)
Ontem
Imposição do tempo
Hoje, decisão
Tudo de novo
Depois de terminado…

Na gaveta triste
Guardados
Morreram amores
Nunca antes amados…

Morrem poemas
Longe
Da luz do dia
Que nunca nasceu…
Na gaveta.

Alberto Cuddel
24/02/2018
09:40

E neste momento diz o poema:

E neste momento diz o poema:
Neste poema que diz,
Que conta e fala, que declama
Neste poema com voz, que canta
Que se encanta nos lírios
Que nos fala de grilos
Do calor do Verão, das noites…
Neste poema que nos diz a poesia
Que grita e geme, que rima
Da tia, da sobrinha, da prima
Neste poema com mãe, sem pai
Com os irmãos longe, perdidos no mar
Neste poema em que morremos por amar
Neste poema que nos fala
Tudo é vida, tudo é saudade
Tudo é voz e liberdade…
E neste momento diz o poema:
O poema não é poeta, apenas verdade…
Alberto Cuddel
18/01/2018
18:44
#solutampoetica

Poema do dia 23/02/2018

Poema do dia 23/02/2018

O meu silêncio
O meu silêncio ou um nada convexo
Perdido na curvatura do pensamento
Uma carência ou devoção ao sexo
Uma ânsia e satisfação do momento!

As palavras vão e vem, como pensamentos e devoções
O silêncio permanece, fica e estabelece a verdade de ser
Quebras e certezas, disfunções cerebrais, onde tudo se muda
Que o nada se confunda, com verdades elípticas, o certo é ponto
Nem rectas nem curvas, o silencio como vento, faz-te navegar
Nas incertas tempestades do desejo de ser, sem nunca ter estado!

Abrem-se todas as portas e todas as janelas,
Todas as certezas e as convicções nelas
Os prós, os contras, todas as vinganças
Todos os perdões e todas as vãs esperanças!

Inscrevo perfumes nas paredes do tempo
Memórias de ontem cicatrizadas na dor
Todas as minhas horas são em contra tempo
Sem agitação e morna e estupida falta de fulgor.

Encontro-me no emaranhado de pensamentos frios
Dispersos e soltos, numa inconclusiva vida sem significado
Na aparente calma, vivo em agitação disforme, inconformado
Na quietude onde me amarro e me escondo do mundo
Criando personagens circulares onde me escondo…

No meu silêncio cabe todo um mundo desconhecido
Sendo que sou, tudo o que nunca foi dito…

Alberto Cuddel
23/02/2018
0:30
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Tenho outra cama

Tenho outra cama

Tenho outra cama
Vazia, ali, mesmo no quarto ao lado
Nessa cama vazia,
Tão cheia de sonhos e amantes,
Tão vazia de corpos e de roupa
Ninguém dorme
Ninguém fica acordado…

Essa cama vazia
Encostada á parede
Do lado direito que entra da porta
Ligeiramente afastada da janela
Depois da secretaria castanha
Nessa cama, só la dorme
Quem me visita…

Alberto Cuddel
04/02/2018
03:53
#poemasineditos
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Poema do dia 22/02/2018

Poema do dia 22/02/2018

Procurei a inspiração onde não morava, onde nunca morou, sentado em cadeiras de madeira oca sem espirito, nem as saias travadas ou um jogo de palavras sem bola, nada me inspirou, nada me inspirava. Nos ecos absolutos da distância de um amanhã, tenho tempo, na esperança que deposito entre uma rima e outra.
Torpor do corpo, um sono que me assalta, entre um sonho, um acordar de sobre salto, inquieto-me onde outros se aquietam, não há amor neste momento inquieto, apenas desejo e cobardia, um querer que nada é, uma vontade que foi, um corpo que partiu. Nada, absolutamente nada pode aqui ser amor, a poesia é todo o amor que possuo, nada mais, o pouco que carrego no bolso, já mais será prazer…
Inquieto-me que numa qualquer cadeira de madeira oca e sem alma, não escreva poesia da alma, fingida de tão real. Quem me dera lembrar o motivo, de quem sou, e como vou, na primeira palavra que escrevi imediatamente antes da segunda nasceu poema, viveu poesia. Escorre o líquido na garganta seca, lubrifica-se o fado, malandro, malvado, no corpo esguio, nos dedos treinados, em trinados e sustenidos. O amor mora ali, bem ali, na porta ao lado, sem que sofra do malfadado, o amor é… acontece na virtude com que se apetece, que existas apenas em mim… bem longe do mundo e do alvo açúcar, que me amacia o café…
Na cadeira de madeira oca, enchi-me de ti e de ontem…

Alberto Cuddel
22/02/2018
04:35
http://facebook.com/A.AlbertoSousa

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