Poema XII

Poema XII

Não sei se é amor,
Tão pouco vislumbro a eternidade
Amantes jazem por amor, Romeu
A vida ainda nos corre nas veias

O “felizes para sempre”
O sempre um breve instante
De tudo no já e de ora avante
Somos, sou apenas amante

A vida conflui apenas no sonho
O amor incipiente
Nasce da vontade consciente
De um decidir conciso
Comboio rumo ao paraíso…

Não sei se é amor,
Mas embarco contigo
Seja para onde for…

Alberto Cuddel
04/05/2017
23:01

Poema de hoje

Poema de hoje

Deveria escrever um poema hoje
Mas hoje não quem sabe amanhã
Tenho tempo, o tempo espera
O tempo molda-se esse que Deus fez
O tempo espera-me que sou bom português

Atraso-me mesmo que me impeça
Ele afinal espera-me, no destino
Qual destino, nada se cumpre, espera
Do tempo que se faz tempo, pontual?
Tonto poeta tonto,
Não vês, estamos em Portugal…
Tudo se desculpa, tudo se prolonga
Só no fisco não se perdoa a multa…

Prazos, que são os prazos,
Indicativos temporais
Prolongados quando um homem quiser…

E o poema de hoje,
Talvez o escreva amanhã
Se tiver paciência e manhã….

Alberto Cuddel
06/05/2017
23:15

Reflexão porque eles também pensam e sentem…

Reflexão porque eles também pensam e sentem…

Sobre a agressão perpetrada por Will Smith.

Sobre tal começo por dizer que sou totalmente contra qualquer tipo de violência. Sobre o que aconteceu o que mais me escandaliza é ver, mulheres e mãe apoiar tal “explosão” de testosterona de um macho ferido no seu orgulho, porque alguém “insultou” através do humor o seu património, a sua fêmea. Existirem seres humanos que apoiam essa violência é para mim repugnante, e explico porque, validar esta violência é validar toda a violência quando o orgulho do macho é ofendido, é validar a violência doméstica, é dar ordem de ataque aos filhos, aos jovens, porque vão defender a sua honra ou das suas posses…

Em segundo lugar, já repararam que todo o humor é ofensivo e ou rebaixamento de caracter ou inteligência de alguém? Assim sendo é então todo o humor é um insulto. Por exemplo, alguém cai na rua, e as pessoas riem… esta essa pessoa autorizada a ser violenta com quem riu, porque o riso a ofende? Uma piada sobre os carecas, devem os carecas serem violentos por isso, devem sentir-se ofendidos?

O insulto não parte da boca de quem o emite, pois quem o emitiu não cometeu nenhuma inverdade… o insulto é sentido e aceite pelo Will Smith, por um ego doente. Ele se sentiu ofendido, porque ela é dele, e está revoltado por a “mulher” dele estar doente.

Validar a atitude de macho que defende a honra da fêmea pela violência é validar a posse. É aceitar que a mulher deixou de ser autónoma como ser humano, que passa a pertencer e a depender desse macho alfa, que a domina…

Nunca a violência tem justificação. E neste caso o que podia ser uma excelente rampa de divulgação para uma doença rara como a doença autoimune, alopecia, que causa a perda total ou parcial do cabelo, após a cerimónia tal hipótese foi completamente arrastada pelo chão por um ego ferido, de macho traído.

Alberto Sousa
29/03/2022

Ancorado a este momento…

Ancorado a este momento…

larguei a âncora neste mar interior
fundeado neste passado e no agora
nesta sonolência adormecida morremos
morremos estando vivos sem ter vivido

tudo vem da certeza do que sabemos
desses telhados de vidro que não queremos partidos
e amamos pela metade sem nunca nos entregarmos
pelo medo de um suposto amanhã que desconhecemos

[ergue-se o poeta e fala, como quem sabe]
é noite escura e estou sozinho
aqui, neste lado, neste pequeno canto no fundo da sala
olham-me como se soubessem que eu sei de alguma coisa
-eu que não sei nada e finjo tudo dominar…
que até o prazer finjo sentir com medo de falhar…

quem me dera ser mulher e voar…
poder ser multi-coisas, apenas por olhar…
e pelo sonho que se faz aqui
naquela superfície clara quando ela se afastar e
abrir a porta para sair de casa murmurando:
tudo vem ao chamamento por dentro do clamor da noite
-eu que nunca chamei ninguém…
apenas a desejei chamar…
ela que me foi implementada no cérebro por um outro útero…

[e vivo ancorado a este momento com medo de sonhar o impossível]

Alberto Sousa
27/03/2022
Poemas de nada que se perdem na calçada

Eu… apenas eu

…se escrevessem de mim, seria meramente um ponto
ali, escarrapachado no fundo da folha, no canto inferior direito…
talvez tivesse um traço hirto por cima
que admiração, um ponto… e tudo era ele, apenas final…

vieram os dias e as noites e a moléstia do conformismo
e as palavras que vagueiam ausentes, sem um calor que as ergam
já não me advém os sonhos, ou o desassossego da criação
as coisas são o que são, e tu morreste… nem um adeus…
nem uma carta, uma despedida… simplesmente desististe de acordar…

atiro-me para uma rua vazia, que nunca me leva a lugar algum,
nem mesmo esse parapeito alto da janela fechada,
em aros verdes e vidros transparentes,
que ocultam o azul que se faz reflexo olhar

nitidamente os passos dados nunca significam nada,
no sonho, nem a queda do precipício deste pesadelo sem fim que é a vida…
ainda que as nuvens me amparem,
por entre beijos salgados e lágrimas de amor,
juras eternas e tempos perdidos no transito por uns meros vinte minutos,
sim vale a pena, ainda vale a pena…
já as lagrimas da saudade essas, jamais se apagaram
e as velas ardem iluminando as noites em perfumes de canela e maça…

neste tempo quase tão irreal quanto o sonho, nada é, que não o façamos…
e eu? que tão pouco sou e quase nada faço… apenas sobrevivo ao tempo…
esse que passa sem mácula, esse em que estamos presos dentro de nós mesmos
revelando que afinal nada somos, nem número… apenas um ponto…
no final da folha… no canto inferior direito…

Alberto Cuddel

Travessia do deserto

Travessia do deserto

Despeço-me da vida conscienciosa,
E ingloriamente, adormecida, sonhada
Revolvida nas areias soltas
Árido deserto de seres pensantes,
Que buscam certezas a cada fino grão,
Arrastado pelos ventos das discórdias!
Árida paisagem ponteada por oásis
Alegada sabedoria e tolerância,
Viajem inóspita, tal travessia
(Arrasto-me, desesperadamente)
Ao acordar, uma gaivota, ares frescos,
Vagas de um discurso entendível,
Filosoficamente coerente, assistido,
Nas rochas, escutas-me, eu escuto-te,
Do sonho, as palavras, deram em (a)mar!

Alberto Cuddel
11/08/2015

Mãos ocupadas

Mãos ocupadas

Noite, não sei onde caiu,
Dia, não sei onde escapou,
Por entre os dedos,
Que ocupados estavam,
Com as mesquinhezes
Quotidianas da vida…
Que se perderam nas futilidades,
Subservientes à mera sobrevivência
Dedos, mãos, saudosas
Do afável afagar dos teus cabelos,
Do toque dos teus lábios,
Do luar no brilho no teu olhar,
E a noite aqui, inflamando
Envolvendo nossas vidas
Nossas almas gémeas,
Na profusa forma de amar!

Alberto Cuddel
13/08/2015

Tributo a Alexandre O’Neill

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O’Neill, in ‘No Reino da Dinamarca’

http://www.citador.pt/poemas/a/alexandre-oneill

Virtual amigo…
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um aceitar
Um “clik”, um teclar,
Um dar-se a conhecer
É abandonar, falsas amostragens,
É abrir um coração,
Oferecer uma palavra!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Os que não aceitam solicitações?)
«Amigo» é o contrário de conhecido!

«Amigo» é o erro visto,
E do nada, comunicado, corrigido,
É a virtualidade partilhada, praticada.

«Amigo» é acabar com uma solidão,
Mesmo que esteja sozinho em casa!

«Amigo» é uma grande tarefa,
É estar disponível on-line,
É ajudar sem estar lá,
É não perder tempo,
É tornar um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alberto Cuddel
13/08/2015

“Ainda me ondula no pensamento o movimento das tuas ancas…”

“Ainda me ondula no pensamento o movimento das tuas ancas…”

há na fúria do tempo uma noção de sonho
essa vontade que ainda me crepita nos lábios
um odor perfumado entranhado na pele
esse espasmo que te percorreu o corpo
esse olhar que me devorou a alma
como se tivesse possuído ali, uma e outra vez…
ali mesmo, nos degraus que se fizeram leito…

e apenas subias, eu subia contigo…
ainda havemos de nos querer
como nos quisemos, porque o tempo
o tempo sempre nos será infinitamente escasso,
pelo sentir da alma, pelo tesão do corpo
pela vontade de estar, pelo ficar,
pelo ir e pelo vir…
pelo uníssono tantas vezes alcançado…

“ainda me ondula no pensamento
o movimento das tuas ancas…”
apenas pela saudade ausente
de quando não sobes à minha frente…

Tiago Paixão

Afúriadasaudade

31-01-2020

Assim se põe o sol,

Assim se põe o sol,

Põe-se no distante poente o sol,
Numa calma maresia de Agosto,
Brisa tardia, afaga-lhe o leve rosto,
Olhar distante, mortiço, vazio,
Pleno, ausente no voo da gaivota,
Prende-se por nada, numa lágrima,
Que rola e desenrola, como ondas
Enroladas da areia, de uma partida
Vida que hoje te afasta, me mata
Na saudosa e desesperante partida
Calma, serenamente calma,
Num vai e vem, das aguas,
Que me lavam os pés,
Que apenas ontem, lado a lado,
Caminhavam a teu lado!

Alberto Cuddel
14/08/2015

Espero,

Espero,

Não sei quanto tempo demoras,
Se no espaço de um bater de asas,
Ou com a chegada das amoras,
Saibas apenas que te espero,
Pelas juras de amor eterno,
Pela segurança da tua voz,
Pelo amor com que te entregaste,
Saibas tu, que assim te espero,
Venham dias, venham noites
Venham Invernos, Primaveras,
Encontros, despedidas à janela,
Cartas, bilhetes, mensagens,
Partidas, chegadas, viagens,
Espero, por te saber,
Integralmente meu!

Alberto Cuddel
16/08/2015

Já te amava antes de te f@der…

Já te amava antes de te f@der…

já te amava antes de te f@oder
nos contornos redondos da tua alma
nas formas voluptuosas dos teus seios
já te amava antes de te saber o gosto
o cheiro o perfume da pele
já te amava pela forma quente de articulares um “amo-te”
um “quero”, essa palavras quentes com que imploras ter-me em ti…

já te amava antes de te f@oder
quero-te o corpo além da alma despida
permite-me que te beije a boca, que a minha língua envolva a tua
deixa-me ferver na tua carne, misturar meu corpo no teu
sente-me… que os nossos movimentos se unam
que o nosso suor escora, falemos um pouco
sincronizemos a alma e o desejo, elevemos a libido
procuremos no nosso amago um uníssono gemido…

tateiam os meus dedos o ar na saudade do toque
do teu perfume almiscarado, na provocação do gemido…
há um silencio rude que me rouba o ar
a saudade do beijo, das palavras e da língua
uma vontade de fuga…

já te amava antes de te f@der…
e amar-te-ei depois eternamente…

Tiago Paixão…
13/03/2022

Nunca me disseste que ia doer tanto, pagar pela liberdade

Nunca me disseste que ia doer tanto, pagar pela liberdade

…quando as bombas caíram pela primeira vez na Geórgia, eu não me importei, era longe, na Crimeia, era longe, eram Russos… quando fomentaram os movimentos separatistas em Donbass e Donetsk, paciência tinham muitos Russos por lá. Quando compravam gás, petróleo, cereais, e outros bem mais baratos a um regime totalitário, que bom, nós vivíamos melhor…

Mas depois vieram os exercícios militares, depois vieram as ameaças, depois os tiros, os misseis, e as bombas caíram, depois vieram as mortes, os refugiados, depois os preços aumentaram, e a liberdade, deixou de ser garantia… hoje tudo o que existia, tudo o que existe está sob ameaça, hoje vemos os nossos soldados em exercícios, vemos os nossos amigos a partir, vemos o mundo preocupado, vemos as falsas notícias, a retorica da mentira, hoje não sabemos o que é verdade, hoje não sabemos, não conhecemos, não sonhamos o amanhã…

Amanhã não sabemos se existirá essa coisa chamada “liberdade”, essa ilusão de pensar livremente, numa língua qualquer, num qualquer lugar, num sistema qualquer, amanhã não sabemos sob que leis ou vontades iremos acordar… mas assobiamos para o lado, preocupados com o nosso mundinho, preocupados com as nossas vidinhas medíocres, que futuro iremos deixar para os humanos de amanhã? Para os nossos netos, bisnetos, descendentes… irão viver nesse mundo totalitário de vontades individuais?

A.Alberto Sousa

In: Nunca me disseste que ia doer tanto

Moça feita mulher

Moça feita mulher

Pé ante pé, assim caminha segura, entre as flores do jardim,
Na imponência da sua juventude, lago de águas cristalinas,
Moça feita mulher, por entre serenas e verdes ervas,
Rosto resplandecente, na tua cândida e terna inocência,
Embriagada no perfume luxuriante do florido jardim.

Reina o equilíbrio e perfeição, brisa ligeira nos cabelos,
Quadro perfeito, esperas, como quem espera descobrir,
A embriagues de uma paixão, movimento de águas claras,
Ondas sincronizadas, como pedra caída no lago,
Denso corpo virginal, no olhar cândido e arrebatado!

Corpo trémulo, quente e fervilhante, escondes em ti,
Promessa fulgurante, a amorosa moça, mulher feliz,
Há noite sonhas, palavras que te circulam no palato,
Os perfumes floridos, doces, dão lugar, se transformam,
Na avidez do másculo toque que teu corpo anseia!

Alberto Cuddel
17/08/2015

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