há homens que não esfregam o clitóris das suas mulheres mesmo que o quisessem não o sabem fazer com o mesmo dedo que tantas vezes levam à boca humedecendo para virar impressos no seu emprego…
há homens que não beijam o clitóris das suas mulheres com a mesma língua com que insultam os árbitros com a mesma língua com que sentem a cerveja gelada onde humedeceram o dedo para virar impressos….
há homens que não fazem amor, ou sexo, “aliviam-se” enfiam o pénis na vagina como o carro na garagem e ficam ali, para dentro e para fora, até bem estacionado depois saem, viram-se para o lado, satisfeitos com o trabalho…
Depois há mulheres que mesmo assim teimosamente sonham, com um príncipe em cavalo montado… ou apenas com o vizinho do lado…
De : Ruth Collaço / Ventos Sábios em parceria com João Gomez photography
Tema: Abrigo
(sem) Abrigo
(Des) abrigo-me dessas pedras construídas por uma sociedade hipócrita e egoísta, quem vos convenceu que eu quero viver numa gaiola preso a despesas fixas, com horários fixos a fazer todos os dias coisas que não gosto? E eu é que sou o errado, o que dá mau ambiente à cidade? E as vossas caras fechadas que se cruzam comigo pela manhã, de olhar fixo no chão, sem olhar o céu, sem dizer bom dia, sem apreciar os pássaros e as flores porque em um horário a cumprir, para pagar despesas e impostos que não queriam e não pediram… E o errado sou eu?
Sim eu (sem) abrigo, vivo livre, quantos presidentes me quiseram enjaular, inserir-me no mercado de trabalho, prendam-me em Évora, talvez lá seja mais livre que numa jaula de um prédio qualquer de uma avenida escondida da cidade, pagando o que não quero por uma coisa que não pedi, fazendo o que nunca quis… Eu, eu não quero abrigo, as minhas paredes são as pernas, e o meu texto o céu… Vou onde a vontade me levar…
na parede da esquina a roupa estendida assim saberás tu se te espero ou não…
são sinais senhora… a roupa estendida cuecas fora de casa e calças ao contrário…
vem… contra a parede a costa esta livre… ninguém percebe ninguém viu entra e serve-me deixa-a satisfeita sorridente espreita não é vadia não é da vida aproveita apenas a roupa estendida…
cercou Portugal, que se fechou por dentro fé fechada, santos na praia, e cagar? nada…
açambarcam por medo, e beijam-se… abraçam-se e vão trabalhar, as mãos? as mãos sujas continuam a roubar… ai covid, nem dezanove nem vinte o medo, o medo tolhe, e o perigo? qual perigo apenas os outros apenas os outros eu sou “imune”
não ouvem e não escutam não fazem e desdenham medo que os putos fiquem em casa e as putas em quarentena apontam o dedo, e agora não recebo mas proteger? Isso é que não a protecção é para fracos e se infectar, aborta…
oh Portugal, serias um paraíso sem portugueses… cerca-te de um cerco que não cerca que venha o calor, e a praia tudo cura… não há papel? mas há notícias… e latas de atum em toda a vila…
1590 poemas depois abandono o blog, a todos os que me seguiram o meu muito obrigado! foi bom sentir o vosso apoio e calor humano, foi bom crescer com as vossas criticas! quem sabe um dia, algures no futuro eu regresse.
Nasci na véspera deste nosso Abril
Frágil, franzino, nas mãos da mãe
Contaram-me dos ensaios, motivações
Das convicções, da fome, prisões
Da falta de liberdade, de escolha,
Contaram-me que um punhado de heróis
Por estes ou outros motivos, com cravos na G3
Libertaram este povo de uma vez…
O Abril morreu ontem ai sentado
Não há velho pelo jovem lembrado
Não à memória da fome e sofrimento
Não sabem o que é gritar cá dentro
Palavras presas entre os lábios
E olhar as estrelas, e astrolábios
Com os olhos inundados de palavras choradas
E a barriga cheia de fome…
Em angola morre, mais um homem…
Conquistaram, para quê?
Que valor lhe dão
Os que nunca lutaram por pão,
E todos quantos nasceram com tudo
Até com palavras a mais…
E muitas acções a menos…
Gritam, reclamam, mas fazer, nada…
Alberto Cuddel
25/04/2017
0:11
25 perdido!
Nostálgica liberdade,
Pelo povo desejada,
Militares ensaiada,
Na rua conquistada,
Na voluntariedade de agir,
Esquecida nos pais,
Moribunda nos filhos,
Dos netos desconhecida!
Liberdade esquecida,
Que de consciência não se faz,
“Alguém” que por mim fará,
Aquilo que deixei de fazer….
Sangue novo saído,
Ao estrangeiro impingido,
Perdida a jovialidade,
Desta pobre liberdade!
Alberto Cuddel
A cada Abril
A cada Abril tudo volta a ser recordado
A cada um sem memória, não há forma
Sem que a falta e abstinência seja sentida
De tudo o que tenha por garantida
Encontrares em ti o sentido da liberdade reprimida?
Abril está ai, nas telas, nas ruas, nos cravos, em todo o lado
Mas tu? Não encontras em ti, nada que lhe dê significado
Tudo é garantido, nada é por ti conquistado,
E tu filho da liberdade? Lembra-te antes dela
Nada… tudo era apenas um sonho, de um homem acordado…
Januário Maria
Depois de Abril
Depois de Abril a euforia primaveril
E a vontade de fazer coisas,
De dizer coisas, de manifestar-se pelas coisas,
Na euforia de termos coisas, descansamos
Gozamos alguns meses de Verão,
Ganhamos o gosto por estar estendidos
Olhando o céu, sem pensar nas coisas,
Depois de termos gastado algumas coisas
Chegou-nos o Inverno, imobilizados
Pelo frio e preguiça, de conquistar coisas
Deixamos que as coisas se gastassem
Colocamos as coisas nas mãos dos outros
Dos “eleitos” esses usam as coisas
Sem que nós vigiemos, enrolados
Nas coisas da vida e na preguiça,
A cada dia de sol deste Inverno
Alguns poucos gritam coisas na rua
Mas logo se recolhem à primeira chuva…
E assim queixamo-nos das coisas que perdemos
Das coisas que se gastaram, mas ninguém
Cuida das coisas, das suas próprias coisas
Que são afinal de todos!
Não me venham Com palmadas nas costas Com mesinhas e choradinhos Com palavras e lágrimas de crocodilo Não me venham…
Não me venham Com queixas e ciúmes Com egos feridos e queixumes Não me falem de moral e bons costumes Não me venham…
Não me venham Pedir trabalho Dinheiro emprestado Aumento de salário Com mais impostos Com mais descontos Não me venham…
Não me venham Criticar porque sim Dizer mal porque “nim” Façam acontecer Façam, não fiquem pelo dizer Façam as ideias nascer Ter corpo e asas… Não te queixes da falta de sorte Quando nunca tens jogado…
Não me venham Dizer a mim ninguém me lê Quando tu não lês ninguém Não me venham dizer Que só publicam os conhecidos Mas um dia ninguém os conhecia Procura a tua sorte Faz-te acontecer Aprende que só a cair Vais saber como é correr…
Censura e bloqueia A quem tem outra ideia Nudez não é pecado Pecado é não ter amado…
Enraivecem-me esses padrões enviesados, Em privado tudo é permitido Até o rapto violado, bem combinado A fuga, as “nudes” que escapam por ai Em privado, tanto, tanto sexo… Nas paginas tudo e santo… Um mamilo, ai meu deus que vergonha Um homem por detrás da mulher, Ai que calor nos aparelhos, bloqueio Dois homens nem há problema Não arreliemos minorias, diferentes Nós é que somos intolerantes?
É censura descarada, Pode a coisa estar pintada Toda la bem enfiada Que não é bloqueado Já se for sentido na carne Ó deus que fazem um filho…
É verde, é tinto, Esta tudo grosso Esta tudo Fino…
Nudez sim, Mas nas estatuas… Censuram o meco… Aldeia do Sol… Quem sabe Meca Bela brancura…
Talvez o nome da serpente fosse pudica, Para que Eva se cobrisse e abrisse conta no facebook…
Quantas vezes te revestes de mentira e palavras compridas?
Tu que te intitulas poeta, mentes com todos os dentes Poeta triste de sorriso nos lábios, suicida apaixonado É irascível a dor que tentas camuflar, e nunca a sentes…
É intragável a escrita solta sem rima, chamas-lhe branca Branca é o que injectas nas palavras que rasgas e poluis Cantas amores, sentires e desejos, quem te dá confiança?
Ó poeta de horrores, assassino da língua, maltrapilho do ser Quem te alimenta o ego? Quem de sã mente te dá de beber? Iludi-vos pois com a farsa deste farsante, que não sabe escrever…
Ó triste ilusão a tua que vives, não escreves o que dizes Não vives o quê escreves, iludes, mentes, sem juízes… Renega-te, confessa-te, transforma-te, escreve-te Não confundas quem te lê, sentindo o que nunca vê…
Quantas vezes te revestes de mentira e palavras compridas? Vocábulos copiados, rebuscados enjeitados, plagiados… Poeta abstém-te se ser o que nunca foste…
Quando as mulheres passam No engano velado que ditas Amigos amam-se por nada Quando não precisas deles!
Amo-te, não o digas… Não o dites ao vento perdendo-se nas folhas Não proclames palavras vãs, na voz Sente, retira de ti a perspicuidade Sente, sente, ama de verdade Ama-te a ti…
Amo-te, não o digas… Amor acto nobre de dádiva Sem reciprocidade desejada Sentir pleno por quase nada!
Amo-te, não o digas… Enquanto no teu coração Reside ódio e vingança Como podes amar alguém Quando perdeste a esperança!
Amo-te, não o digas… Como mera publicidade Amo-te é uma palavra diferente Que só se diz quando se sente!
Em tudo na vida sou fodido Estou a dormir e toca o despertador Sou fodido sem prazer apenas dor… Lavo a cara e a água esta gelada Mais uma foda, não há gaz nem nada… Visto-me como qualquer coisa Entro no carro, não há nada que se ouça… Tão fodido fiquei, nem no STOP parei A polícia não perdoa, e salta à estrada Estou fodido, mais uma multa passada…
Chego ao trabalho já bem atrasado Fico fodido tudo está atrapalhado Mais um dia fodido de trabalho Eu que fodido fiquei não vejo o tempo passar Para do trabalho sair e poder ir descansar… Estou fodido, o telefone a tocar – Antes de chegar há coisas as comprar… E quando penso ter prazer Recebo, – não, a cabeça esta a doer… Fodido fiquei, com a dor e sem prazer…
Mentes… Sempre mentes Mesmo na verdade com todos os dentes… Inventas nomes, finges ser que nunca foste Mentes, nos versos e rimas, mesmo que goste…
Oh poeta, qual poeta, falso, Nunca te sentiu a alma a perda de um filho Nunca te sentiu o corpo as mão de uma amante Nunca sofreste por um amor distante As dor de um parto e finges mulher? Falso… Tudo em ti é falsidade De ti nada, nada em ti é verdade…
Que poética essa que vendes barato Livre de rimas, sem nada exacto?
Abstém-te da poesia Abstém-te de ti mesmo… Condena-te ao exilio Esquece as letras Nada mais escrevas… Que morram em ti as ideias Deixa a falsidade e vive…
Eutanásia do Poeta Assistiram-me no suicido Cortaram-me a vida As rimas, os versos Fecharam os olhos de quem lê O poema não vive de tinta Mas de olhares inquisitivos De olhares perplexos De olhares contemplativos De olhos que sentem…
Fecharam a porta, a janela As capas, as vitrinas Enclausuraram os versos…
Castraram-me a vontade A crença, a saudade Deambulo solto por palavras tristes Punhos revoltados em riste Corpos denunciados sem pudor Arrastando na lama um pobre ego Que ontem, apenas ontem Ousou sonhar a poesia…
Hoje, arrasto o corpo carbónico Por ruas estreitas e páginas vazias Mãos tremulas que não escrevem Sob um olhar alagado…
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