Poema XLVII

Poema XLVII

não principio nem acabo nas palavras que escrevo
tudo é um vício que me consome
como uma tragédia, como um drama de uma disputa que não começou…
não por uma insanidade ou um ósculo histórico por dar
talvez como uma missiva que nunca chegou,
por um tiro no peito que o matou!…

deixa a palavra reclusa da gaveta do esquecimento
deixa que a leve no bico a andorinha à chegada do outono
sofra eu a perda como um cão sem dono
vagueando pelas estradas esquecidas e sem bermas.

assaltam-me o espanto e a dúvida
nesta guerra que me roubou a paz
nos diligentes caminhos da loucura
onde a vida é um mero jogo de palavras…

as letras devoram-me a carne
os ossos da mão que escreve
a luz fustiga-me as ideias
numa fome letal e voraz
consome-me as sílabas o papel…
letra após letra, após letra…
não principio nem acabo nas palavras que escrevo
tudo é um vício que me consome…

até que o aconchego do poema me abrace!…
na transparência do vidro constróis labirintos
caminhos tendenciosos rumo ao olimpo e infinitos
porque deuses somos nós…

Alberto Cuddel
13/06/2019

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