Poema XLVI

Poema XLVI

Magras, tuas mãos alargam-se sobre quem a vida sequestra.

Ainda que os braços pendam sem forças
sob o jugo do peso da discórdia
erga-se a vontade da vida, partilha do pouco
uma vontade de ser, apenas amanhã…

saudade de amar como uma viagem por fazer
o frio no chão como as campas,
húmidos estão os pés que não se movem por ninguém
morrem as bem-aventuranças, nesse umbigo onde gira o mundo…

saudade do futuro como de um sorriso estampado no rosto
(criança cheia de fome, e corre, e brinca tristemente)
há lares vazios de gente, e casas cheias de saudade de viver
há quem já não tenha medo de morrer, há quem o deseje…

tudo é dos outros salvo a mágoa de o não ser
até a culpa, até o medo…
eu? Eu sempre sempre serei inocente
mesmo que nada faça, do que deve ser feito…

Alberto Cuddel
05/06/2019

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