Eternidades…

Eternidades…

gemiam baixinho as finas estantes que me aprisionavam o teu nome
ali diante dos dedos hirtos que te procuravam no seio da existência
ou quando – ele próprio – subiu versos tão altos
para reconhecer menos do que a sua omnipotência – como apenas som
essa abolição mortal que se extingue no sopro, mas tão rara – mas tão bela
faria da palavra fé, essa premonição de crença, que se faz presença
essa gigantesca substância da imortalidade proferindo do seu nome – Poeta!

assim se faz a morte, essa perda absoluta da memória da dor da ausência
o amor faz-se vivo, pelas dores do parto da mãe, pela memória do grito
sucesso não se conquista pelo ter, mas pelo ser, por tudo o dinheiro não compra
estarás aqui amanhã, não pelo medo, não pela vitoria, mas pela memória do que és
pela dor de viver, pela força do amanhecer, pela grandeza dos gestos
pela firmeza das palavras, pelo que deixas edificado nos homens…

haverá eternidade, quando o teu nome for lembrado
quando os teus descendentes falarem aos descendentes deles quem foste
haverá eternidade quando as árvores crescerem em tua memória
e assim diria o Poeta – memória é apenas a repetição do gesto de dizer
enquanto ainda existimos para alguém…

Porque a vida é… e nada tem…

Olho as estantes, os livros, e converso com os meus amigos
Não são imaginários, mas são eternos… enquanto eu conversar com eles…

Alberto Cuddel
21/08/2021
17:41
Alma nova, poema esquecido – XXIV

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