Cogitar a vida sem vento
dentro de um número maior cabem quantos mais pequenos?
surge a vida assim do nada na sua infinita pequenez
dentro de um útero materno, num ventre…
não são indispensáveis laivos de ternura, sentir
apenas células, e a vida acontece, como por milagre divino
sem sinfonia, sem piano, apenas um arco e um violino…
depois nasce… enche-se e preenche-se a cada ciclo lunar
nessa contagem e desvantagem de um tempo irreal
o que medeia a existência e a sua meramente morte
nesse esvaziamento doentio da mente, obra de um alemão qualquer
olhemos os pássaros no chão,
imaginarás mais pertinente questão?
poderás cogitar a vida sem vento?
voariam os pássaros?
que me importa esse parir de ideias hipócritas!…
a palavra fez-se gente,
numa luz diferente
que se torna som
ali, diante das mãos estendidas
com sede e fome de pão…
e o homem partiu… a mulher partiu…
e ele.. inocente, chorou com fome…
não sabia procurar alimento
e o chão cheio de palavras rasas…
e tudo sabe na sua inocência…
diante de um mundo que não te fez…
Alberto Cuddel
18/08/2021
03:41
Alma nova, poema esquecido – XXIII
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