Adversidade conexa
aqui, bem aqui ao pé de vos…
hoje não faz frio, e se fizesse que importância faria?
quem me dera poder fechar os olhos magros
e ver as palavras voarem para fora dos vossos lábios
nessa curvatura das asas dos pássaros azuis…
não, a Eva escondeu-se, ali bem detrás das páginas brancas
a gaguez desnuda com que me brinda, nessa timidez robusta
é em si mesma arte convexa que me arrebata para si a alma
quando o céu se calar e a lua cair, arrebatara de mim um beijo
nessa ocultação do olhar humano, ali diante do olhar de Deus…
depois, só depois viria a adversidade, esse viver lado a lado
esse fazer da poesia saudade, diante dos passos largos
traria na areia a dor de se fazer perola diante dos dias prenhos
não havia tinta, mesmo assim o poeta usou o sangue do seu irmão
escreveu selvaticamente a poética da inveja, ali diante da dor dos pais…
eis que se silencia o verbo, diante da incúria humana
nessa adversidade conexa, a vida estingue-se
e verga-se em reverência à morte…
ressuscitando nas letras parcas e esbatidas
no amor cantado num poema… Eva… amor primeiro…
Alberto Cuddel
17/08/2021
03:41
Alma nova, poema esquecido – XXII
Deixe um comentário