Prostituí-me
a cada poema a que empresto o prazer
a cada rogo pelo gozo de ler, de sentir
a cada palavra em que brilha o olhar
a cada fome de sentir, sem saber dizer
empresto de mim à alma e o partir
dou às letras uma nova forma de amar
Prostituí-me no sentir, amas-te, sem pagar
pelo prazer que te vendi ao emocionar
a rogo, um filho perdido, partiu antes de tempo
uma mãe a homenagear, um amor por declarar
uma vida perdida, a ofensa de chorar
a rogo um jardim sem flores, uma casa sem amores
e eu? eu Prostituí-me, pelo gozo de te ver chorar…
Prostituí-me, por de mim te dar prazer…
se era poesia ou não, sei que te fiz gemer
por entre os dentes, de voz embargada
isto sim é poesia, nascida da vida, por nada…
Prostituí-me, e muito mais de mim a rogo hei-de dar
vendo-me pelo o prazer de mais almas emocionar…
se é poesia? não sei, mas a vida é um poema…
vivido por quem ainda se emociona…
Alberto Cuddel

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