Dói-me saber
doeu-me a notícia
servida fria, escrita, impessoal:
mórbido, nocivo, maligno…
e a vida desfaz-se ali, diante das mãos
entre um passo e o outro… sem forças…
doeu-me a falta do abraço, do apoio
doeu-me a falta de ti, a tua “indiferença”
doeu-me o medo de te deixar, o medo de partir
doeu-me ficar sem chão, sem reacção…
dói-me saber que esse bicho ainda macera
angustiante vida, ainda que viva, doí-me a alma
dói-me ficar aqui, ser cortada, esventrada,
mexida, alterada, dói que me arranquem…
doeu-me a recuperação lenta,
o tempo sem passar, a dúvida
a incerteza, a angústia de saber…
dói-me o isolamento, a dor cá dentro
bem fundo na alma…
dói-me a incerteza de um abraço
de um apoio baço…
dói-me deixar de lembrar
tentar esquecer, esta espada que pende
brilhante sob a minha cabeça…
aos doentes dessa terrível doença o cancro/câncer…
Alberto Cuddel

Deixe uma Resposta