Janelas de vidro

Janelas de vidro

Fantasias na representação da saudosa vontade do amarrotar lençóis de linho enquanto a vida se escorre em lágrimas pela vidraça, nessa luz ténue que escapa por entre as cinzentas nuvens carregadas de desespero, inunda o ar saturado do quarto vazio…

Há janelas de vidro fechadas ao mundo na impossibilidade de um abraço dado, há portas escancaradas à espera de quem não chega, há estradas vazias que não levam a lado nenhum, e um amontoado de casas decadentes vazias de gente…

E ontem? Ontem foi quem não partiu, hoje vivo, amanhã esperança, jazem vazios os copos de tinto, uma marca de batom seco, um cigarro mal fumado, uma cama desfeita, e um olhar vago, fixo no horizonte por entre os vidros de uma janela…

Alberto Cuddel

Transcendências

Transcendências

atestem a serenata pelo canto do cisne
o fado no grasnar nocturno
entorpecidos pontos de luz
eclipse da escuridão, vozes roucas do eco…

rasguem-se as vísceras do arrepiar
na paz que me habita
parcos sejam os vidros vazios de baco
entorpecidas pernas que me levam

erga-se a alma alva
na paz que me jorra do leito
há corpos que fedem
mas o amor paira
na transcendência do orgasmo
que nos mostrou a vida dos deuses…

Alberto Cuddel

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