Rainha
Nesta outra vida que tinha
Ah, como eu vivia quando ria.
Com olhos de quem nunca via
Tinha o trono onde te fiz rainha.
Ah, estranha vida a de bordo!
Como amei quando amei!
Na ideia tão confortável de hoje ainda não ser amanhã,
Não ter responsabilidades nenhumas,
De não ter personalidade propriamente,
Mas sentir-me ali,
Em cima da cadeira como um livro.
Baloiçando no cacilheiro…
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela virada a este
Sentado de lado ponto a partir sem destino…
Neste trono que te fiz
Amemo-nos aqui. Tempo é só um dia.
Tenhamos o romantismo dele de ser além
Por trás de mim vigio, involuntariamente.
Sou qualquer nas palavras que te digo, e são suaves — e as que esperas guardo-as
Como as tábuas usadas nesta construção
Verso a verso, palavra a palavra
Por entre abraços e beijos…
Letras soltas dos pecados sonhados noite fora…
Alberto Cuddel
In: Catarse do Poeta
Comentários Recentes