Vens em corpo de mulher fértil Assim nasces Abril, fecunda Liberdade por tantos desejada Por tantos assediada e violada…
Beleza de seres livre aprisionada nas leis És existência da beleza em formas humanas Liberdade da conquista, rasgo de cravos Perfume almiscarado da negação do desejo Sob a pedra edificas a vontade de ser força Na tua fragilidade és, mesmo que os homens fiquem parados na imobilidade do fazer… és mulher, liberdade, Abril…
Nasci na véspera deste nosso Abril
Frágil, franzino, nas mãos da mãe
Contaram-me dos ensaios, motivações
Das convicções, da fome, prisões
Da falta de liberdade, de escolha,
Contaram-me que um punhado de heróis
Por estes ou outros motivos, com cravos na G3
Libertaram este povo de uma vez…
O Abril morreu ontem ai sentado
Não há velho pelo jovem lembrado
Não à memória da fome e sofrimento
Não sabem o que é gritar cá dentro
Palavras presas entre os lábios
E olhar as estrelas, e astrolábios
Com os olhos inundados de palavras choradas
E a barriga cheia de fome…
Em angola morre, mais um homem…
Conquistaram, para quê?
Que valor lhe dão
Os que nunca lutaram por pão,
E todos quantos nasceram com tudo
Até com palavras a mais…
E muitas acções a menos…
Gritam, reclamam, mas fazer, nada…
Alberto Cuddel
25/04/2017
0:11
25 perdido!
Nostálgica liberdade,
Pelo povo desejada,
Militares ensaiada,
Na rua conquistada,
Na voluntariedade de agir,
Esquecida nos pais,
Moribunda nos filhos,
Dos netos desconhecida!
Liberdade esquecida,
Que de consciência não se faz,
“Alguém” que por mim fará,
Aquilo que deixei de fazer….
Sangue novo saído,
Ao estrangeiro impingido,
Perdida a jovialidade,
Desta pobre liberdade!
Alberto Cuddel
A cada Abril
A cada Abril tudo volta a ser recordado
A cada um sem memória, não há forma
Sem que a falta e abstinência seja sentida
De tudo o que tenha por garantida
Encontrares em ti o sentido da liberdade reprimida?
Abril está ai, nas telas, nas ruas, nos cravos, em todo o lado
Mas tu? Não encontras em ti, nada que lhe dê significado
Tudo é garantido, nada é por ti conquistado,
E tu filho da liberdade? Lembra-te antes dela
Nada… tudo era apenas um sonho, de um homem acordado…
Januário Maria
Depois de Abril
Depois de Abril a euforia primaveril
E a vontade de fazer coisas,
De dizer coisas, de manifestar-se pelas coisas,
Na euforia de termos coisas, descansamos
Gozamos alguns meses de Verão,
Ganhamos o gosto por estar estendidos
Olhando o céu, sem pensar nas coisas,
Depois de termos gastado algumas coisas
Chegou-nos o Inverno, imobilizados
Pelo frio e preguiça, de conquistar coisas
Deixamos que as coisas se gastassem
Colocamos as coisas nas mãos dos outros
Dos “eleitos” esses usam as coisas
Sem que nós vigiemos, enrolados
Nas coisas da vida e na preguiça,
A cada dia de sol deste Inverno
Alguns poucos gritam coisas na rua
Mas logo se recolhem à primeira chuva…
E assim queixamo-nos das coisas que perdemos
Das coisas que se gastaram, mas ninguém
Cuida das coisas, das suas próprias coisas
Que são afinal de todos!
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