O suave aconchego do poema.
Caí nos braços longos do poema
como quem se entrega à verdade!
Lua dormente que sombreia as letras
rasgos de sorte e de alma,
(e transpiro, transpiro, entre o sono e sonho)
enleio de prazer as tristes lágrimas de saudade…
Inquires-me os vocábulos pelos segredos de amanhã
por entre as palavras que chovem e cascatas de reticências
(mesmo assim escondo-me, ali visível diante do olhar)
esmiúço languidamente as palavras que beijam
(sinto nas mãos vazias corpos de luz, gemes…)
(…)
Amaro nesse mar que me ofereces
Em voos picados sem rede
As palavras essas ferem-me os silêncios
Num olhar profundo da cadência das ondas
E morro
tantas vezes morro
como quem deixa de viver
respirando de novo a cada sopro do teu sentir
apenas pelo prazer de renascer…
(…)
Aconchega-me a alma o poema
espraiando-me pelas areias do tempo
sem medida, escorrem-me como desejos
envoltos em maresias…
Alberto Cuddel

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