
Ânsia de viver
“resguardo-te dos espinhos,
que a minha plenitude contém,
dolorosa ocultação em mim,
ferozes desejos carnais,
ânsias, pecados mortais,
em parte, ofereço, em parte, oculto,
e deste meu vulto apenas sombra
de tudo o que sobra, transparência mortal
certeza abismal, cobra solidão, na multidão caído
infamação de um prurido doentio, ego, eu…
de tudo o que é teu, de tudo o que é meu
apenas a velhas telhas de um telhado novo…”
- eram felizes e não sabiam…
despudoradamente corpos desnudos,
de almas preenchidas e cobertas,
por pensamentos profundos,
complexos, testados, confirmados,
desejados, velados, concretos,
ao invés dos corpos vestidos,
e das palavras gritadas ao mundo
passeiam-se pelas pequenas
e sujas ruas, mas vazios de pensar!…
olham o infinito que se apresenta ali
dão as mãos e caminham, sem um destino comum
sem um futuro… apenas são essa esperança da humanidade
essa que se perdeu na guerrilha de um pedaço de pão
por um sentimento das máquinas, objecto matemático da perfeição
sem a paixão, só um amor, os suporta…
antes que a réstia de humanidade lhes seja morta…
Alberto Sousa
09/05/2022
Poemas de nada que se perdem na calçada
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