Confiança

A escuridão que envolve por inteiro o meu ser,
O silêncio preenche todo o teu espaço vazio,
Quebrado pelo som dos finos saltos de agulha,
Que firmes pisam o soalho de carvalho polido,
No firme, sensual, decidido e compassado andar,
Com que me torturas na ausência e privação do sentir!
Aqui na profunda angustia da imobilidade,
Não vejo, não toco, não sinto, apenas o som,
Saltos pisando o soalho, deténs-te no silêncio,
Tua respiração profunda, quente em minha nuca,
Aceleração, o profuso desejo do toque, ânsia,
Silêncio estilhaçado, por um som, um único som,
Conhecido, desejado, almejado, inconfundível,
E o calor, a pele queimando, fervente sangue,
E voltas, martelando o meu querer, um após outro,
Nos compassados passos, de teus saltos no soalho!
Privação opulenta dos sentidos, aflorando o floreado
Sentir do toque, despertando cada poro, cada pelo,
Assanhando o desejo de estar em ti, na sintonia
Idealizada do movimento perfeito apenas pelo querer!
No silêncio nem uma palavra, uma imagem, um querer,
Apenas vontade, som, desejo, fervilhante tortura,
Sou teu, conhecimento, confiança, sem medos
Entregue à tua absoluta vontade de Amar!


Alberto Cuddel
27/02/2015

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