Visto-me de rasgos de lucidez
entre o tempo morto que perco
e esse outro em que me condeno
visto-me de escolhas em cada defeito
entre um céu nublado e outro encoberto
serpenteio as gotas que caem e as que molham
caminhando por estradas lamacentas
realidade suja e ordinária na falsidade
tudo parece o que não é…
rasgas silêncios em palavras gritadas
pelas verdades sentidas, escondidas
nunca proferidas ou ditas, gemes em silêncio…
(onde moram as honestas declarações)
perfidamente confesso-me sentenciando-me
por verdades omitidas e mentiras ditas
sentimentos fingidos e outros sentidos
outros omitidos na alma, no silêncio escuro…
(onde me escondo? de quem?)
na poesia finjo ser quem não sou
sendo verdadeiramente o poeta que escrevo
nesta irrealidade das palavras sinto-me
na verdade, sou mentira, que inscrevo
sendo que a verdade é…
(quem de mim dirá o que sou,
sendo eu nada, sempre posso ser tudo)
percorro estradas vazias cheias de gente triste
penso, medito chuto pedras quadradas
morro? parto? perdoo-me?
entre um rasgo de lucidez e um corte nos pulsos
tatuo no peito um desejo… amor… e perdoo-me!
Alberto Sousa
Poemas de nada que se perdem na calçada
22/11/2021
Boa noite, Alberto, é um texto intenso e reflexivo! Sem dúvidas… Viver é um presente, no entanto: ..”percorro estradas vazias cheia de gente triste”. Quem sabe? Grande abraço, poeta.
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Bom dia, muito obrigado pelas suas palavras amiga, bjinhos.
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