Rasgos de lucidez

Rasgos de lucidez

…embarcado nessa viagem sem tempo
onde as horas são a mera desilusão
rasgada por areias estreitas
em peito rude e aberto, o corpo fede
a alma definha, a vida esgota-se…

as árvores morrem de pé, queimadas
a estrada esburacada, não me leva a casa
e a casa ruiu há muito… palavras frias e nuvens altas
acordei… dormia em sonhos, e vejo claramente
este movimento depressivo por onde me arrasto
espero, sem esperar nada que tudo se extinga
onde nem a vontade já sobrevive…

possui-me a alma… o corpo é teu…
no sofrimento com que te carrego
corpo morto açoitado pela corrente
que o espírito me consuma inteiro
que se calem as vozes… eu já não espero…
embarcado nessa espiral sem tempo
onde o purgatório é agora o meu inferno…

Alberto Cuddel
18/09/2021
12:00
Alma nova, poema esquecido – XXXIII

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