Vulgarmente vulgar de tão corriqueiro…
… assim é, o que passou e o que veio
e o que perdi, o que perdeste, o que perdemos…
tão vulgar e sincronizado é o seu movimento
sem pressa, ou muito apressado se a porta está fechada…
mentes-lhe roubando-o, ou desperdiçando o pouco que nos resta
e a ilusão temporal como uma forma da realidade,
é igualmente necessária e igualmente inútil
um assombro e um estorvo, um querer estar sem chegar
e os ponteiros não mentem, mas mentem-me os olhos…
… medimos a transformação exacta no movimento das folhas
a cada volta que damos ao sol, a cada reflexo da lua, a cada maré…
o porquê não sei, tão pouco a média da duração dos beijos de amor
nem sequer dos outros dos roubados sem pudor,
depois de um sexo apenas imaginado… em nós…
vulgarmente vulgar de tão corriqueiro… é o tempo
uma falsa medida que contabiliza o que foi, o que falta
nunca o já… quanto dura o já?
e agora… agora nada… depois, depois existirá
independentemente de tudo o que foi…
Alberto Cuddel
09/09/2021
16:00
Alma nova, poema esquecido – XXXII
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