Faz-se vida em mim
o raio de sol entrou de repente em mim
como um gume metálico que me rasga a alma
um aliviar da força e da fé que se ilumina
fez-se fogo no madeiro e veio a luz…
rabiscam no meu íntimo uma ideologia
uma epifania descrita numa métrica fingida
como uma luz difusa que cruza o pinhal
cabelos de oiro e uma forma mística de má-fé
há um espectáculo de luz que me nasce dos dedos
numa estratégia de sobrevivência, fazem ninho
ali, no alto daquele verso, depois da vírgula
entre as hastes de uma consoante, e o berço de uma vogal
-não seria de esperar que nascessem…
depois do sol, a chuva irrigou-me os pés…
ganhei raízes e parti dali… agora sabia quem era
e o sol, o sol iluminava-me a face…
há uma obsessão indiciosa de auto-negação do que se é…
e isso revolta-me.… pois a poética é.… sente-se poesia
e ela não se define… apenas bebe-se como alma sequiosa
que tenta em vão matar uma sede que nos nasce…
E as palavras fazem-se vida em mim, como num altar…
Alberto Cuddel
16/07/2021
1:00
Alma nova, poema esquecido – XII
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